São os números de telefone que os canais de televisão portuguesa apresentam diariamente, com especial incidência nos programas-maratona dos fins-de-semana e através dos quais coagem e extorsem os telespectadores. É impressionante a atitude insistente e agressiva dos pivots ou apresentadores desses programas, passando minutos e minutos de emissão a convidar e a persuadir as pessoas a ligarem. Para tal, utilizam argumentos terríveis, aproveitando-se da putativa fragilidade de seus interlocutores, tais como o desemprego, a crise e as contas para pagar, a despensa para encher e as prestações das casas e das escolas dos filhos. Inadmissível. Pelos vistos - leio hoje no Público - a ERC tem recebido inúmeras queixas e está atenta ao fenómeno, mas não terá competências para intervir. Aliás, parece que ninguém tem competências para resolver esta situação. Aquilo que os canais televisivos estão a fazer é crime, pois estão a enganar deliberadamente os seus públicos, garantindo prémios pecuniários que não podem entregar, pois estes são exclusivos dos casinos. Por outro lado, é uma vergonha os ditos canais servirem-se desses concursos como fonte de rendimento - segundo a mesma notícia do Público, "há casos em que o apelo à participação no concurso, através do apresentador ou apenas por ter o número a ocupar parte significativa do ecrã, foi feito durante 95% da duração do programa. Não é de admirar: tendo em conta os relatórios e contas, só a SIC e a TVI terão facturado em 2014 cerca de 50 e 65 milhões de euros , respectivamente em receitas de multimédia, onde se incluem estes concursos".
Por último, uma palavra de repúdio para essas vedetas que se prestam a tais papeis; estarem horas e horas de sorriso rasgado, enquanto enganam e vendem a banha da cobra. Bem sei que para ser animador de televisão não existe nenhum código deontológico, mas devia existir. Para além disso, a ética e o brio profissional não necessita de nenhuma lei ou código. Bem pesadas devem estar as suas consciências.
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