05 dezembro 2015

de lugar a não-lugar

Visitei pela primeira vez o novo espaço da livraria Almedina no Arrábida Shopping e fiquei triste, porque não só perdi um lugar onde gostava de ir e estar, como se perdeu mais uma livraria, para dar lugar a um espaço aberto, descaracterizado, anódino, forrado de prateleiras, sem recantos e sem cafetaria, onde por acaso o que se vende são livros. Detesto estes espaços, pois não são convidativos para a estadia, dão-nos a sensação que estamos sempre a estorvar, não permitem experimentar os livros e são de consumo imediato, ou seja, entrar, comprar e sair, lembrando as zonas comerciais dos aeroportos. Também, não sendo o mais importante, não haver um espaço como uma cafetaria, onde demoradamente podemos conhecer, ler e reler, apreciar e até trabalhar, é um atributo que continua a atrair-me. Lamento que a lei do mercado force o desaparecimento destes lugares e que a lógica actual seja a sua descaracterização e conversão em não-lugares.

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