13 dezembro 2015

adiar sine die, mas até quando?

"Sempre que Marine Le Pen obtém uma vitória suscita uma torrente de exorcismos verbais com ressonâncias antifascistas. É um logro."

A citação é de Jorge Almeida Fernandes que hoje no jornal Público, ainda sem saber os resultados desta segunda volta das eleições regionais em França, faz uma análise sobre a estratégia de Marine Le Pen e as razões que a possibilitaram. Pois bem, à hora que escrevo, já se conhecem algumas estimativas e projecções que afinal a Frente Nacional (FN) não conseguiu ganhar em nenhuma das regiões em que tinha vencido na primeira volta. Dizem-nos os comentadores que esta clara derrota se deveu a dois principais factores: A descida acentuada da abstenção e a desistência dos socialistas a favor dos republicanos de Nicolas Sarkosy nas três regiões em que a FN estava na eminência de vencer.
Independentemente dos resultados desta eleição, há um facto incontornável. A FN não representa, hoje, apenas o protesto, o marginal e o desviante. É uma realidade social e política em França e só com uma forte e larga participação democrática poderá, em cada momento, ser derrotada. Numa sociedade cultural, económica e religiosamente estratificada, como não há outra na nossa Europa, as mensagens populistas, proteccionistas e radicais da FN encontram chão muito fértil. Não adiantará muito continuar a agitar-lhes as parangonas da xenofobia, do anti-semitismo e do fascismo-nazismo, pois inteligentes como também são, adequaram convenientemente o seu programa, o seu ideário e os seus discursos às realidades sociais perceptíveis e experimentadas em França.
Fico satisfeito com este resultado, mas não tranquilo, pois sei que este é só mais um momento adiado sine die e que num futuro próximo, poderemos encontrar a FN no poder. Então aí, não sei, será tudo muito diferente e outro(a) galo(a) cantará.

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