21 março 2017

populismos, europa e democracia

Ainda a propósito do rescaldo das eleições na Holanda e quando todos, ou quase todos, suspiram de alívio pela não vitória do partido de extrema-direita de Wilders, fartam-me os comentários dos eruditos do costume. É tão simples quanto isto:
Eu também fiquei satisfeito pela relativa derrota dessa política nacionalista, extremista e xenófoba, mas não entendo a deriva generalizada, na opinião publicada, acerca daquilo que é comum tratar-se por populismo. Estou farto desse raciocínio. E mais agoniado estou com o lugar comum das justificações encontradas para o crescimento desses populismos pela Europa. Reparem, segundo a maioria dos opinadeiros da nossa praça, a razão quase exclusiva dessa evolução é o esvaziamento dos centros políticos ou partidários (numa lógica direita/centro/esquerda). Não estou com isto a defender esse ou outro populismo, mas, parece-me esta explicação muito redutora e insuficiente, principalmente, quando e porque proferida sempre por quem ocupa esse centro, habituado aos privilégios das grandes organizações, ao mainstream da comunicação social e, não menos importante, à grande resistência e conservadorismo desses privilegiados do sistema em relação às periferias e, acima de tudo, em relação às mudanças de paradigma.
Minhas senhoras, meus senhores, vivemos ou não em democracia?! E a democracia é isso mesmo, permitir a existência de quem pensa, opina, age e acredita noutra estruturação para a sociedade. Podemos gostar ou não, podemos acreditar ou não, mas em democracia deveremos sempre aceitar os resultados do voto livre, consciente e democrático.
Tal como referi em relação aos EUA e à vitória de Trump - que me subtraiu qualquer vontade de comentar o que passou a chegar do outro lado do Atlântico - e direi sempre, vencedores e vencidos deverão sempre adaptar-se às novas realidades. Se não são dignas ou são impróprias, tratem de alterar as leis e os regulamentos, tratem de cuidar dos cidadãos e das suas comunidades. Assim se derrotarão todos e quaisquer populismos e seus personagens.

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