15 março 2017

hoje, na Holanda...

No próprio dia em que decorrem as eleições na Holanda e quando um dos possíveis vencedores poderá ser um extremista de direita, partilho aqui a minha preocupação perante tal possibilidade. Bem sei que será só mais um país onde o projecto europeu caducou, mas assusta verificar que os nacionalismos, ainda por cima populistas, estão de regresso um pouco por toda a Europa. Para além dessa preocupação, um outro sentimento me assaltou um destes dias, quando espreitei o "tempo contado" de J. Rentes de Carvalho e li:

Digo então, para surpresa de quase todos, que vou dar o meu voto a Wilders. E pacientemente explico que partilho a sua ideia de deportar os marroquinos que, na Holanda, encabeçam as estatísticas da criminalidade; que a Holanda teria vantagem em se separar da EU (o que não acontecerá); que se deveriam ter fechado as fronteiras (o que está provado ser impossível ); que os idosos, os pobres e os deficientes não recebem os cuidados a que têm direito; que mesmo um país rico e bem organizado não tem capacidade para absorver a vaga de refugiados – problemática que os sucessivos governos empurram com a barriga no aguardo de milagres.
Discordo de Wilders pela irrealidade das suas intenções, pelo seu autoritarismo, pela nada democrática prática de ter um partido em que se pode votar, mas não aceita filiados.
Mas dando-lhe o meu voto - o meu protesto - espero contribuir para que, alcançando um bom resultado eleitoral, ele tenha em mãos a possibilidade de fazer uma oposição construtiva, que seja um contrapeso a vinte e tal anos de governos tão politicamente correctos que a grande maioria dos cidadãos se pergunta de que maus sonhos é prenúncio a realidade que estão a viver.

Cada um de nós tem o direito à sua opinião e a todas elas é devido o respeito e a tolerância democrática. Em relação a esta declaração de voto de Rentes de Carvalho, eu não posso deixar de a respeitar, mas desapontado direi que eu até poderia subscrever grande parte das suas preocupações e protestos, mas discordo totalmente quando esse voto é justificado como um instrumento para uma oposição construtiva, pois havendo a possibilidade de Wilders vencer, aquilo que teremos não será uma oposição nacionalista e defensora dos cidadãos holandeses, será a execução de um programa xenófobo e racista, que conduzirá a Holanda e, depois, a Europa, para um percurso perigoso e desconhecido.
Espero e quero que Wilders perca e bem estas eleições.

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