Entro em estabelecimento comercial de referência para comprar bolo de aniversário de meu pai. Enquanto esfrego as mãos com o álcool-gel, espreito a arca expositora onde estão os ditos e afamados bolos, quando sou interpelado pelo eficiente e simpático empregado que, enquanto se encaminha para mim, pergunta se me pode ajudar. Claro que pode, pretendo um bolo (pequeno e sem grande produção artística), ao que ele me sugere o bolo que, adianta, mais vendem (técnicas de venda em todo o esplendor...). Depois de alguma hesitação, acabo por aceitar a sua sugestão. Após o retirar da arca e enquanto se encaminha para dentro do balcão para o embalar, pergunta-me se é para "menino" ou "menina". Respondo que é para "menino" e num acto irreflectido, acrescento: - menino já avô. Ele, como que admirado, reage: - A sério?!... e regressa ao diálogo habitual:
- E as velas?
- 7, 6 - respondo de imediato.
O espanto dele foi indisfarçável e não se conteve: - Está muito bem conservado. Ninguém diria.
Eu, incrédulo e a olhá-lo com ar grave, respondi-lhe: - A sério?!...
- O senhor desculpe, mas é que com a máscara e óculos, ainda pus a hipótese... - o embaraço do homem era evidente.
Enfim, já estou habituado a que me considerem mais velho do que aquilo que realmente sou, mas caramba, 76 anos? Acho que ainda não os aparento. Espero lá chegar, mas não tenho pressa.
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