Na passada 2ª feira, ao final da noite e enquanto aguardava que o sono chegasse, fui saltando de canal em canal, à procura de algo interessante para me entreter e embalar, quando dei neste estranho filme, que passava na RTP2. Não vi o seu início, mas cena que me prendeu a atenção foi a de um casal de jovens, num quarto exíguo dotado de casa-de-banho, que se percebia ser dele. O diálogo versava sobre a necessidade que ela teve de lavar os dentes naquele momento, e do peculiar pedido para que ele lhe emprestasse a sua escova, mas que ele recusou, justificando que a boca dela, tal como a de toda a gente, teria mais germes do que o anûs. Por isso, ofereceu-lhe uma escova nova. Entretanto, ela vai-se embora e não regressa à narrativa.
A história centra-se nele e na sua aventura solitária no contexto de uma distopia não explicada ou justificada durante o filme. In my room é um filme alemão, de 2018, realizado por Ulrich Kohler e exibido no Festival de Cannes desse mesmo ano. Eu adorei o filme e, esta tarde, acabei de o ver pela terceira vez, aproveitando as maravilhas da tecnologia que nos permitem andar para trás no tempo e recuar até sete dias atrás na programação dos diferentes canais. Ainda que estranho, distópico e cruel, senti-me muito atraído por aquela realidade, por aquele ambiente e pela perspectiva de uma solidão perene e definitiva.
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