Esta declaração de Páscoa de Passos Coelho transmitida através do Facebook e conhecida hoje é um perfeito anacronismo visual e comunicacional. Aquele cenário e a presença da mulher, a mão dada e o ambiente familiar, o conteúdo da mensagem e os votos finais, tudo transpira a antanho, a nostalgia por um outro tempo e um outro país. O que pretende esta gente com este tipo de iniciativa!?.. É que em pleno século XXI, utilizando as novas tecnologias, assistirmos a um momento como este (já houve outros idênticos, do mesmo interveniente e também de Cavaco Silva), assim muito de repente, remete-me imediatamente para as conversas em família que Marcelo Caetano, enquanto Presidente do Conselho, impunha aos portugueses, através da televisão e da rádio, onde paternalmente explicava as opções do Governo, desde o mais pequeno e insignificante pormenor até às questões de Estado. Ficou célebre aquilo que Marcelo Caetano disse no primeiro desses serões:
"Nem sempre as circunstâncias proporcionam ao chefe do Governo oportunidade para, num discurso, esclarecer o seu pensamento ou elucidar o público sobre problemas correntes ou objectivos a atingir. Mas os actuais meios de comunicação permitem conversar directamente com as pessoas, sem formalismos, sem solenidades, sempre que seja julgado oportuno ou necessário".
Conseguem imaginar, ainda que fosse possível, Salazar a utilizar o Facebook para comunicar com os portugueses!? Eu não. E neste caso de Passos Coelho, sinto que há muito de ideológico neste tipo de estratégia comunicacional, quase que um ideal refundador de um determinado tipo de sociedade. Para além do desenquadramento espacial e do desfasamento temporal, considero-a civilizacionalmente perigosa.
"Nem sempre as circunstâncias proporcionam ao chefe do Governo oportunidade para, num discurso, esclarecer o seu pensamento ou elucidar o público sobre problemas correntes ou objectivos a atingir. Mas os actuais meios de comunicação permitem conversar directamente com as pessoas, sem formalismos, sem solenidades, sempre que seja julgado oportuno ou necessário".
Conseguem imaginar, ainda que fosse possível, Salazar a utilizar o Facebook para comunicar com os portugueses!? Eu não. E neste caso de Passos Coelho, sinto que há muito de ideológico neste tipo de estratégia comunicacional, quase que um ideal refundador de um determinado tipo de sociedade. Para além do desenquadramento espacial e do desfasamento temporal, considero-a civilizacionalmente perigosa.
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