Hoje desde manhã cedo, quando saí à rua, reparei que por todo o lado, várias pessoas procuravam nas bermas das estradas e transportavam ao colo ramos de giestas floridas. Num primeiro momento nem sequer me lembrei que hoje era o último dia do mês de Abril e amanhã, dia primeiro de Maio. Claro que logo depois me lembrei da velha prática popular que consiste em colocar esses ramos nas fechaduras das portas e janelas das habitações durante toda esta noite. Desde sempre me lembro de isso acontecer, tanto na região do Porto como em Trás-os-Montes, mas só hoje fui tentar encontrar a origem de tal ritual. Segundo reza a lenda, conhecida como "lenda das Maias", estas foram utilizadas pelos judeus para identificarem a casa onde Jesus Cristo, ainda bebé, pernoitava, quando a sua família tentava escapar à morte decretada por Herodes. Pelos vistos, inexplicavelmente, na manhã seguinte todas as portas dessa localidade tinham um ramo de Maias nas suas fechaduras, impossibilitando assim aos soldados de Herodes identificar o local onde estava Jesus. Segundo a mesma lenda, nasce aí o velho ritual que ainda hoje podemos encontrar um pouco por todo o país, mas principalmente nas localidades do norte. Dizem também que se colocam as giestas (conhecidas em muitos locais como Maias, devido a florirem normalmente no mês de Maio) em todas as fechaduras de portas e janelas para defender a casa e impedir que os espíritos maus, as bruxas e toda a maldade possa invadir o espaço "sagrado" por excelência que é o lar, a habitação familiar. Neste rito, ciclicamente praticado, encontramos uma forte componente da crença e religiosidade popular que, apesar da sistemática e histórica sensura exercida pela Igreja, conseguiu sobreviver até hoje nas práticas populares da experiência do sagrado. Para além desta crença, que eu não tenho, devo dizer que gosto da giesta e que quando florida é muito bonita e cheira bem.
(ao alto, imagem retirada da internet, mas que bem retrata a paisagem predominante, nesta época, de grande parte do monte no norte do país)
(ao alto, imagem retirada da internet, mas que bem retrata a paisagem predominante, nesta época, de grande parte do monte no norte do país)
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