Agora que tentamos habituarmo-nos à nova realidade demográfica (e sonora) familiar e quando atento no interesse, na curiosidade e no cuidado com que a irmã olha para o recém-chegado irmão, relembro o longo caminho, ou pelo menos partes desse percurso que foi necessário fazer para aqui chegarmos.
Depois de um período de nojo a criança retomou o discurso reinvindicativo em relação ao seu direito, e nossa obrigação de pais, de ter um irmão ou uma irmã. A sua persistência tem sido vigorosa, principalmente junto da mãe, a quem diariamente tem perguntado se já está grávida e/ou porque não está ainda.
Em tempos, a mãe tentando dar a resposta adequada à clássica pergunta da inocência infantil, resolveu dizer-lhe que se engravida tomando um comprimido. Desde então, e agora particularmente, a pergunta é diária:
- Já tomaste o comprimido?
- Não, ainda não. Tenho que ir à farmácia comprá-lo.
- Então vamos lá. Quando vamos?
E assim a mãe foi conseguindo adiar a tomada de tal comprimido. Acontece que nos últimos dias a miúda regressou violenta e expressivamente ao assunto e, neste último fim-de-semana, "obrigou" mesmo a mãe a tomar o milagroso comprimido. Como sabia (a mãe tinha-lhe dito) que a toma era feita antes de dormir, não adormeceu enquanto tal não aconteceu. Num estado eufórico e ansioso, deitada ao lado da mãe, chamou-me para ir buscar o comprimido. Eu e a mãe, cúmplices neste engodo, trocámos olhares embaraçados, como quem não sabe como proceder...
Lá fui à busca de algo que a mãe pudesse simular ingerir. A escolha racaiu no anti-inflamatório Voltaren. Regressei ao quarto com o dito comprimido e um copo de água. Fora de sí, a criança controlava bem de perto todos os movimentos. Não havia qualquer hipótese de a enganar e a mãe teve mesmo que meter à boca o comprimido, ao qual juntou um pouco de água. Depois disto a criança agarrou-se à barriga da mãe e encheu-a de beijinhos enquanto dizia que já estava... virei costa e sorri, certo que a mãe tinha retido a dragueia algures na boca e não o tinha ingerido. Puro engano. Ela ingeriu-o mesmo e com isso ficou agoniada o resto da noite. A miúda depressa adormeceu a seu lado, concerteza certa de missão cumprida e, quiçá, a sonhar com a barriga da mãe a crescer e com as brincadeiras que um dia fará com seu irmão ou sua irmã.
Agora, nova missão pedagógica, explicar-lhe que nem sempre o comprimido dá resultado.
Depois de um período de nojo a criança retomou o discurso reinvindicativo em relação ao seu direito, e nossa obrigação de pais, de ter um irmão ou uma irmã. A sua persistência tem sido vigorosa, principalmente junto da mãe, a quem diariamente tem perguntado se já está grávida e/ou porque não está ainda.
Em tempos, a mãe tentando dar a resposta adequada à clássica pergunta da inocência infantil, resolveu dizer-lhe que se engravida tomando um comprimido. Desde então, e agora particularmente, a pergunta é diária:
- Já tomaste o comprimido?
- Não, ainda não. Tenho que ir à farmácia comprá-lo.
- Então vamos lá. Quando vamos?
E assim a mãe foi conseguindo adiar a tomada de tal comprimido. Acontece que nos últimos dias a miúda regressou violenta e expressivamente ao assunto e, neste último fim-de-semana, "obrigou" mesmo a mãe a tomar o milagroso comprimido. Como sabia (a mãe tinha-lhe dito) que a toma era feita antes de dormir, não adormeceu enquanto tal não aconteceu. Num estado eufórico e ansioso, deitada ao lado da mãe, chamou-me para ir buscar o comprimido. Eu e a mãe, cúmplices neste engodo, trocámos olhares embaraçados, como quem não sabe como proceder...
Lá fui à busca de algo que a mãe pudesse simular ingerir. A escolha racaiu no anti-inflamatório Voltaren. Regressei ao quarto com o dito comprimido e um copo de água. Fora de sí, a criança controlava bem de perto todos os movimentos. Não havia qualquer hipótese de a enganar e a mãe teve mesmo que meter à boca o comprimido, ao qual juntou um pouco de água. Depois disto a criança agarrou-se à barriga da mãe e encheu-a de beijinhos enquanto dizia que já estava... virei costa e sorri, certo que a mãe tinha retido a dragueia algures na boca e não o tinha ingerido. Puro engano. Ela ingeriu-o mesmo e com isso ficou agoniada o resto da noite. A miúda depressa adormeceu a seu lado, concerteza certa de missão cumprida e, quiçá, a sonhar com a barriga da mãe a crescer e com as brincadeiras que um dia fará com seu irmão ou sua irmã.
Agora, nova missão pedagógica, explicar-lhe que nem sempre o comprimido dá resultado.
Sem comentários:
Enviar um comentário