08 fevereiro 2018

mediascape: sexo, o dogma

D. Manuel Clemente publicou um documento com algumas normas para regular o acesso aos sacramentos católicos de pessoas em situação irregular, isto é, divorciados e recasados, das quais se destaca, a proposta para uma vida de continência, ou seja, uma vida sem sexo, sem relações sexuais. Espanto?! Nem por isso. Uma Igreja conservadora como a Católica não é capaz, às tantas nem era suposto ser, de acompanhar a evolução das sociedades - o seu modo de vida, as dinâmicas sociais, os desafios dos indivíduos e famílias, etc., etc. - da contemporaneidade, mesmo quando está pejada de indivíduos doentes, tarados sexuais, abusadores, criminosos, que viveram e vivem impunes e sem serem incomodados, beneficiando do silêncio cúmplice da hierarquia religiosa. Hipocrisia é o termo apropriado - "façam o que eu digo e não o que eu faço". Por outro lado, só mentes perversas, bolorentas e completamente ausentes da realidade da vida das pessoas, podem acreditar num dogma chamado sexo e que uma existência celibatária é, em si, uma felicidade, uma condição humana superior, ou o atingir de um nirvana qualquer.
Alguns estarão já a dizer: lá está este a implicar com a Igreja. Não, não estou. Mas o facto noticiado é de tal forma ridículo que me era impossível ficar quedo e mudo sobre o assunto. Tal como o teólogo Anselmo Borges, citado pela mesma notícia, afirma: Não faz sentido admitir que estão casados, por um lado, e pedir-lhes que não tenham vida sexual, por outro. É contra a natureza humana. Ao impossível ninguém é obrigado.
Resta-me uma dúvida: qual será a percentagem de fiéis católicos praticantes que aceitam para as suas vidas os preceitos sexuais da sua religião? Gostava de saber, apesar de ter uma ideia muito clara sobre os valores residuais dessa percentagem.
Depois admiram-se do esvaziamento das igrejas, do afastamento dos jovens e menos jovens, da diminuição do número de baptizados, casamentos e até celebrações fúnebres religiosas. Como não?!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas leu o documento original ou só aquilo que veio "transcrito" na imprensa?