Primeira madrugada de Janeiro e eu não consigo dormir. Depois de alguma hesitação, acendo a luz e sento-me na cama, vejo as horas e pego no telemóvel para espreitar o Twitter. Só mais do mesmo. Na mesinha de cabeceira estão os livros que trouxe para estas duas semanas de retiro transmontano e no cimo deles está o "Diário de Inverno" (memórias) de Paul Auster. Não conheço nada deste autor e, confesso, comprei este livro porque me atraiu a capa e o título. Abro-o com curiosidade e, logo na primeira página e parágrafo, leio:
Pensas que nunca te vai acontecer, que não te pode acontecer, que és a única pessoa no mundo a quem essas coisas nunca irão acontecer, e depois, uma a uma, todas elas começam a acontecer-te, como acontecem a toda a gente.
Não foi preciso ler mais para saltar da cama e sentar-me aqui em frente ao pc com vontade de escrever. No entretanto, espreito pela janela, que escorre água do lado interior, e percebo que lá fora está uma tremenda geada. Está tudo esbranquiçado e a brilhar. Não é só bonito, é aconchegante e tranquilizador.
Tratando-se de um livro de memórias não imagino melhor forma de dar início a um exercício retrospectivo e, muito provavelmente, auto-biográfico. Não sei o que se segue, mas estas primeiras linhas agarraram-me para poder chegar ao seu fim, até porque se reflectirmos sobre o que aí está dito, às tantas, poderemos subscrever o seu raciocício.
Ainda quero regressar à cama e ao sono, pois mais logo, está prevista viagem para a grande cidade e o retorno às rotinas de sempre.
Que possa acontecer um bom ano.
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