É um direito que assiste a cada um de nós. A liberdade única e intransmissível de podermos escolher não viver mais. Acredito na racionalidade do ser humano e na sua capacidade e autonomia individual. Não posso aceitar que as crenças, os dogmas ou as morais de terceiros condicionem ou impeçam essa minha autonomia e direito a poder escolher. Não sei o que me espera no processo de envelhecimento, desejo nunca ter que tomar uma decisão dessas, mas não abdico de poder ter essa opção, caso algo de extraordinário e cruel me aconteça.
É por isto que nem hesito um segundo perante a discussão que decorre na sociedade portuguesa sobre a despenalização da eutanásia. E claro que a Assembleia da República tem toda a legitimidade para legislar sobre o assunto. Curiosa é a atitude daqueles que publicamente se manifestam contra tal iniciativa e recorrem aos mais inauditos meios para atingir os seus fins. Atenção, eu aceito que a questão é complexa e respeito todos aqueles que por constrangimentos morais ou religiosos são contra a iniciativa. Aquilo que não aceito é, por exemplo, os mesmos que em 2018 votaram contra as iniciativas legislativas e venceram essa votação na Assembleia República, sem exigirem qualquer referendo, agora, aqui del rei, que é necessário um referendo popular. Conversa, hipocrisia demonstrativa de que se servirão de qualquer meio para atingir os seus fins, ou seja, impedir este processo.
Em todo o caso, tenho por certo que em Portugal a eutanásia será uma realidade, se não amanhã, de certeza, depois de amanhã. Ainda bem.
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