12 fevereiro 2020

sindicalizados

Encontrei no blogue Entre as brumas da memória um texto (julgo que um artigo), do economista Ricardo Paes Mamede (RPM), sobre a evolução do sindicalismo em Portugal e o seu estado actual. Ao contrário do que aconteceu nas últimas décadas em Portugal e demais países desenvolvidos, tem vindo a merecer uma crescente atenção e que merecerá toda a nossa preocupação. Escreve RPM que um relatório recente da OCDE afirma que a proporção de trabalhadores sindicalizados em Portugal caiu de 60,8% em 1978 para 15,3% em 2016, o que representará uma das maiores quedas entre os países analisados. Contudo, segundo esse mesmo relatório, a taxa de sindicalização em Portugal mantém-se próxima da média da OCDE e só passou a ser inferior a partir de 2014. É certo que o mundo, as sociedades e as relações de trabalho mudaram muito desde a década de setenta do século vinte, mas isso não justifica na totalidade as percentagens apresentadas, ainda que possamos encontrar várias causas para tal evolução, tal como descreve RPM:

Há várias tendências internacionais que ajudam a explicar a queda nas taxas de sindicalização nas economias mais avançadas: a desindustrialização, o crescimento das formas atípicas de trabalho, a desregulamentação das relações laborais, ou a pressão concorrencial de países com níveis reduzidos de salários e protecção dos trabalhadores. Todos estes e outros factores dificultam a capacidade de organização e de mobilização dos sindicatos, ao mesmo tempo que reduzem o seu poder negocial.


É minha opinião que a percepção generalizada que os portugueses, trabalhadores ou não, têm dos sindicatos nacionais é negativa, corporativista e anacrónica. Sem querer ser simplista ou minimalista na análise, tendo a concordar com esta percepção, pois é aquilo que, muitas vezes, nos chega desse universo: dirigentes envelhecidos que se perpetuam nos cargos, com discursos repetidos e gastos, sem aparente ou perceptível ligação com a realidade dos cidadãos e dos trabalhadores.
As sociedades, em geral e as relações laborais, em particular, precisam da existência dos sindicatos, enquanto representantes com voz activa e poder negocial naquilo que são a contratação colectiva e a concertação social. Ao contrário do que muitos pretendem, eu quero a sua presença nos centros de negociação e decisão, mas sindicatos com rostos e discursos novos, actualizados e que adequem a sua intervenção e sua comunicação ao presente e ao futuro das novas gerações de trabalhadores.

Sem comentários: