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20 abril 2021

regresso (12)

Amanhã, dia 21, será o dia do meu regresso às aulas presenciais. Até que enfim, alguma novidade nas rotinas destes dias sempre iguais. Neste semestre, uma das turmas tem 120 alunos inscritos e, se por acaso, todos eles quiserem assistir às aulas, não haverá espaço capaz de receber tantos alunos, mantendo as distâncias de segurança impostas pela pandemia. Estou apreensivo, mas estou com vontade de regressar à sala de aulas e largar esta dependência das plataformas online e o ensino à distância. Estou com vontade de conhecer pessoalmente os novos alunos e estou com saudade das interacções só possíveis nesse espaço físico, onde conseguimos perceber as diferentes sensibilidades, opiniões e percepções, face àquilo que estamos a partilhar - algo que online jamais conseguiremos. O dia começará bem cedo com um prévio teste à Covid-19 nas instalações do Instituto... também aqui estou apreensivo.

17 abril 2021

manteiga, pão e café (11)

Esta manhã, enquanto elaborava a lista dos alimentos e afins que precisava comprar, pensava e constatava sobre aquilo que, com a pandemia e seus confinamentos, mais passámos a consumir e que, não por acaso, significaram alteração de hábitos e de rotinas alimentares. Nunca como durante este último ano e qualquer coisa mais, se consumiram tantos alimentos, se cozinhou tanto e se usaram tão intensivamente os electrodomésticos de casa. Durante estes longos dias e meses, o pão, o café e, principalmente, a manteiga, ganharam um protagonismo, eu diria, excessivo, no entanto tão saboroso, que nem a consciência dos seus malefícios para a nossa saúde, me farão prescindir deles. Sou um básico. 

12 abril 2021

desconcertante (10)


Encontrei este post no twitter e fiquei paralisado a olhar para a fotografia. Penso no tanto que ela significa. Rodeados de tanta parafernália técnica capaz de nos salvar a vida e dar qualidade de vida, há momentos em que nem essa capacidade tecnológica e nem todo o conhecimento científico, conseguem dar-nos o essencial. Esta imagem é brutal e bem mereceria o reconhecimento global (um qualquer prémio...), pois a arte e o engenho também servem para o carinho, a empatia e a solidariedade. Nesse estertor em que uma vida se esvai, uma réstia de humanidade.

07 abril 2021

mediascape: postigo (9)

Fui surpreendido pela notícia (TVI) de que a palavra mais pesquisada na internet, durante este período de confinamento, foi a palavra "postigo". Ainda que não seja totalmente uma surpresa, não deixa de ser inesperado, pois neste contexto quase exclusivamente dominado pela linguagem hermética e científica, das lógicas matemáticas e probabilidades estatísticas, dos epidemiologistas e intensivistas, eu esperaria que a escolha recaísse num qualquer palavrão técnico ou jargão associado à própria doença, à pandemia ou vírus. A explicação para tal facto, poderá estar na circunstância da palavra "postigo" ser um étimo antigo no nosso léxico, que entretanto perdeu a sua função social e, por isso, foi desaparecendo da oralidade e da escrita na nossa língua, sendo muito pouco usada na actualidade. Consequentemente, será também significado da ignorância crescente das novas gerações relativa à diversidade etimológica da língua portuguesa, assim como da riqueza arquitectónica vernacular portuguesa.

03 abril 2021

mediascape: preocupante?! (8)

Chamou-me a atenção a notícia de hoje no jornal Público em que a OMS chama a atenção para a situação “preocupante” da pandemia na Europa. Preocupante? Mas que raio de adjectivação é esta! É uma vergonha aquilo que está a acontecer com a gestão e planeamento da compra e distribuição das vacinas nos países europeus. A incapacidade, a falta de coragem e de atitude, face à atitude inqualificável das farmacêuticas é paradigmática de uma Europa sem voz, sem política e sem poder perante os donos do dinheiro. Como foi possível investir tantos milhões de euros em contratos de fornecimento com as diversas farmacêuticas e não ter garantido contratualmente, não só as patentes das vacinas, como o certo e suficiente abastecimento? A União Europeia sempre foi muito burocrática e tecnocrata, mas na actualidade, para além disso, é governada por indivíduos subjugados e, muitas vezes, condicionados, por interesses heterogéneos e contraditórios aos interesses das populações dos países constituintes. A gestão da crise pandémica centralizada ao nível europeu é só mais um exemplo da desqualificação dos nossos representantes, maior parte deles nomeados politicamente e não eleitos pelos cidadãos, sempre mais preocupados em garantir o seu quinhão monetário e de prestígio, ou olhando apenas para o seu quintal. Um desastre para a Europa e para cada um dos seus cidadãos. Uma outra Europa tem que ser erguida dos escombros desta catástrofe.

14 março 2021

um ano de confinamento (7)

Assiná-lo hoje, dia 14 de Março de 2021, um ano de confinamento motivado pela pandemia que teima em manter-nos neste isolamento físico forçado e afastados do convívio daqueles com quem partilhávamos a nossa vida. Nesse dia partilhei aqui o primeiro de vários textos que me propus escrever sobre essa nova e inesperada experiência individual, familiar e social. Chamei-lhe "abertura" e nessas poucas linhas de texto manifestei o caldo de sentimentos e sensações que me assaltavam nesse momento. Passado um ano desde esse dia, na verdade, muitos desses sentimentos permanecem e as incertezas quanto ao que nos espera são demasiadas e, por vezes, angustiantes. No entretanto, ao longo destes 365 dias, aquilo que mais custou foi a gestão das emoções e o esforço por manter os equilíbrios entre 4 pessoas a viver 24 sobre 24 horas num espaço limitado. Houve um pouco de tudo - disputas, zangas, brincadeiras, berros, birras e afins, mas não me posso queixar, pois estamos todos bem de saúde, física e mental, permanecemos família e continuamos a acreditar e a fazer planos para o momento seguinte à pandemia. É claro que pudemos sair daqui, esticar as pernas, espairecer e houve alguns momentos muito bons, passeios e visitas a lugares magníficos.
Hoje, ainda assim, perspectivando este último ano das nossas vidas, não considero que tenha sido um tempo desperdiçado, pois serviu-me para conseguir dar resposta a algumas solicitações, projectos e ideias que se vinham a acumular e perpetuar no fundo das minhas alforges. Para além disso, julgo que esta experiência individual e colectiva servirá de exemplo para o resto da vida de cada um de nós. Jamais esqueceremos o ano de 2020 e aquilo que nos aconteceu.
Por aqui continuaremos, apesar dos movimentos impostos e sucessivos de confinamentos e desconfinamentos. Pacientes, aguardaremos a nossa vez para sermos vacinados e desejamos que possamos chegar ao fim deste processo são e salvos.

09 fevereiro 2021

vacinação e ideologia (6)

Hoje no jornal Público, Tiago Mota Saraiva escreve sobre a estratégia da UE no desenvolvimento e distribuição das vacinas para a Covid-19. Um processo obscuro e que falhou completamente. Partilho algumas ideias desse artigo...

Pelo que se vai sabendo, a logística montada permitiria um processo de vacinação muito mais acelerado; o problema é haver muitas incertezas sobre a chegada das vacinas num processo que está a ser gerido, ideologicamente, pela Comissão Europeia.
A estratégia da UE foi a do costume. Estabeleceu parcerias público-privado (PPP) entre a Comissão Europeia e seis multinacionais farmacêuticas, com contratos opacos e em que o Estado assume o grosso das despesas e riscos. Apesar de se tratar de milhões de euros públicos, a maior parte do seu clausulado é secreto.
O declarado objectivo da Comissão Europeia de ter 70% da população adulta vacinada até ao fim do Verão parece difícil de concretizar, pois desconfia-se que algumas das multinacionais farmacêuticas estarão a desviar grande parte da sua produção para quem oferece mais dinheiro pela vacina, designadamente, Israel, EUA e Reino Unido.
Isto, senhoras e senhores, é o capitalismo a funcionar. Dinheiros públicos a financiar e assumir todos os riscos dos laboratórios privados em vez de aumentarem os recursos das instituições públicas igualmente capazes de produzir vacinas. E, depois de haver vacina, o mercado livre e a especulação a tomar conta das operações. O paraíso do liberalismo!

08 fevereiro 2021

aulas à distância (5)

Recomeçaram hoje as aulas à distância para o meu filho e, claro, também para mim. Quase 90 minutos de aula síncrona com a Professora, mais o tempo de realizar as tarefas (tpc's) em tempo assíncrono. As horas do meu dia já eram organizadas pelos ritmos dos miúdos e das rotinas caseiras, mas agora passarei a regime de horário obrigatório, enquanto assistente do meu filho que frequenta a 4ª classe. Tudo bem, vamos a isso.

28 janeiro 2021

cadafalso (4)

É impressionante a vontade, a avidez e a ligeireza com que jornalistas, comentadores, líderes partidários, deputados, redes sociais e outras que tais, se dedicam a sentenciar à morte política ministros que, directa ou indirectamente, lidam e decidem neste contexto extraordinário e novo que todos experimentamos. Ouvindo-os e lendo-os até parece fácil gerir uma situação deste género, mas não é e chega a ser cruel e desumano aquilo que algumas luminárias (estou a referir-me aos bastonários dos enfermeiros e médicos, aos líderes partidários de alguma oposição, aos representantes sindicais e associativos de muitos sectores) têm vindo a público afirmar, mentindo. O problema que se verificou recentemente no Hospital de Amadora-Sintra é paradigmático desta perseguição e não se olham aos meios para atingirem os seus fins - cobardes e sectários. Como é fácil enviar para o cadafalso quem tem dado a cara pela resposta nacional à pandemia.

22 janeiro 2021

escolas fechadas (3)

Finalmente o governo mandou para casa os estudantes de todos os níveis de ensino - das creches às universidades. Fê-lo por um período de apenas 15 dias, mas ninguém acreditará que os miúdos possam regressar à escola daqui a duas semanas. Em todo o caso, esta interrupção do ano lectivo não implicará a substituição das aulas presenciais por aulas online e à distância, e ainda bem, pois a experiência do ano lectivo anterior foi brutal (tempo, atenção, dedicação, desgaste) para a maioria das famílias e, apesar do esforço de todos e de um relativo sucesso nas logísticas técnicas, o rendimento escolar e as aprendizagens foram uma desgraça, o que só veio demonstrar a importância da escola e de como a sua frequência é insubstituível. Este período de interregno, seja de 15 dias ou 60 dias, poderá ser recuperado e reposto durante os meses das férias grandes. Nunca percebi a resistência em alterar o calendário escolar nos meses de Verão. Se estamos a viver um período excepcional, porque é que as crianças não poderão, excepcionalmente, ter aulas em Julho e em Agosto? Importa agora é resolver a catástrofe de saúde pública que agora vivemos, derrotar o bicho e tratar das suas vítimas, o resto há-de resolver-se.

19 janeiro 2021

primeiro estranha-se, depois entranha-se (2)

Morreram 218 portugueses vítimas de Covid-19 nas últimas 24 horas. Aparentemente tudo continua igual e já não há reacção, indignação ou estupefacção, pois temos vindo a entranhar o crescimento descontrolado da doença. Impressionante a hesitação e indecisão dos nossos responsáveis políticos. Não sei, não entendo, quais serão as dúvidas de que a situação é de catástrofe nacional e que, apesar do SNS ainda resistir, não há capacidade de controle e rastreio dos focos da doença, nem como ela se transmite. Por que raio é que o país ainda não está totalmente em lockdown? Que resistências e pressões estarão a ser feitas para que isso não aconteça?
Por cada dia que passa sem se fechar o país, o drama será maior e a economia mais se ressentirá. Fechem esta merda e obriguem as pessoas a ficar em casa. Literalmente.

14 janeiro 2021

compras (1)


Faltam poucas horas para o novo recolher obrigatório e, por isso, tratei de ir às compras dos bens essenciais que poderão escassear cá por casa. Livros e café, ou café e livros. É-me indiferente a ordem, mas não podem faltar-me. Ao passar no quiosque encontrei o mais recente número do jornal de Letras e também o trouxe comigo. Enfim, vamos lá recolher, regressar às rotinas que julgámos não ter que repetir, na expectativa que seja por um breve espaço de tempo e só mais esta vez.

11 janeiro 2021

vésperas (0)

Estamos nas vésperas de novo confinamento geral e, por isso, vamos-nos preparando física, psicológica e logisticamente para esse recolher forçado. Ao contrário do que aconteceu em Março do ano passado, já não é algo desconhecido, já não irá haver surpresas para a maioria das pessoas, mas em simultâneo será um novo período muito difícil para muita gente, muitas famílias e muitas empresas.
No meu (nosso) caso, estou mais do que preparado para mergulhar nos espaços de minha casa, apesar de, na realidade, é a situação em que me já encontro desde Março de 2020. Não sabemos ainda quais as restrições deste novo confinamento geral, mas a crer nas palavras do Primeiro Ministro, será idêntico ao anterior, com a diferença das escolas do ensino básico e, talvez, secundário, que por enquanto se manterão abertas e em funcionamento.
Naquilo que diz respeito a esta minha escrivaninha, cá estou eu a dar início a uma nova temporada da série "enclausurado". A partir deste post (0) irei partilhar algumas das sensações, percepções e sentimentos relativos a esta experiência, sempre com a esperança de que este período possa ser mais breve do que longo ou demorado.