Ano após ano continuam a juntar-se, em alegres e festivos encontros, os sobreviventes da guerra portuguesa no ultramar. Recentemente, viajei bem perto de um desses grupos e, ao longo de toda a viagem entre Lisboa e o Porto, consegui ouvir perfeitamente aquilo que foram dizendo. Contaram uns aos outros, talvez pela enésima vez, histórias com 50 anos dessa extraordinária vivência que, na sua juventude, foram obrigados a partilhar e à qual a sorte lhes permitiu sobreviver.
Regressavam de mais um desses encontros. Vêem satisfeitos e bem dispostos, em amena cavaqueira que não consegue libertar-se dos ambientes africanos, das picadas e das emboscadas. Recordações carregadas de sentimentos, de nostalgias e de traumas que teimam em acompanhá-los e que, concerteza, os acompanhará pelo resto dos seus dias (senti que estes homens, na verdade, viveram a guerra toda a sua vida).
Ainda agora regressavam de um encontro e já só falavam do próximo, que só acontecerá daqui a um ano. Algo de muito forte uniu para a vida estes homens. Aquilo que irá acontecer, obrigatoriamente, é que o seu tempo findará e estes testemunhos, estas memórias e estes encontros deixarão de acontecer. Infelizmente, dirão eles e digo eu.
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