Toca a campainha do escritório. Não estando à espera de ninguém, estranho. Abro a porta e do lado de fora, uma jovem (não muito jovem) pergunta-me se pode deixar ficar um Curriculum Vitae. De imediato anuí e ela, agradecendo, saca de imediato de uma folha solta que me entrega e me pede para carimbar com a identificação da empresa e a assinatura do(a) responsável. Tendo-se apercebido da minha manifesta estranheza, logo acrescentou que era uma exigência do Centro de Emprego. Peguei na folha e recolhi-me para um outro espaço, enquanto carimbava e assinava, pude verificar que aquela folha era um layout modelo, concebido pelo Centro de Emprego e que trazia já uma data de carimbos empresariais. Regressei com o formulário devidamente assinado e carimbado para entregar à jovem, que então me entregou o seu Curriculum Vitae, devidamente normalizado pelas regras europeias. Não fez qualquer outra pergunta, nem mostrou qualquer interesse em saber o que fazemos e se precisamos de gente... agradeceu uma vez mais e, alegre e satisfeita por mais um carimbo recolhido, virou costas, quiçã em busca de novo carimbo.
Assim vai o nosso país. Os desempregados, circunstância já de si bastante humilhante e que atira os indivíduos para a condição de proscritos, em vez de procurarem emprego e, proactivamente, fazerem a sua pesquisa e prospecção, andam freneticamente de porta em porta, numa suposta procura de emprego, a entregar CVs mas só se as empresas carimbarem. Suplicam pela carimbadela que lhes garante a réstia de dignidade que é o fundo de desemprego. Até isso o Estado português lhes quer retirar. Justiça esta!
Assim vai o nosso país. Os desempregados, circunstância já de si bastante humilhante e que atira os indivíduos para a condição de proscritos, em vez de procurarem emprego e, proactivamente, fazerem a sua pesquisa e prospecção, andam freneticamente de porta em porta, numa suposta procura de emprego, a entregar CVs mas só se as empresas carimbarem. Suplicam pela carimbadela que lhes garante a réstia de dignidade que é o fundo de desemprego. Até isso o Estado português lhes quer retirar. Justiça esta!
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