Várias vezes reparei em ti. Há muito te conheço e contigo me cruzo no mesmo lugar de sempre e arredores. Apesar dos imensos olhares nunca as palavras cruzámos. Nem sequer o teu nome sei. Não importa. Conheço-te a voz nos outros e sei-te mais nova, bem mais nova. Afirmas-te quando chegas e partes, quando entras e sais, marcando tua presença com esse ar esguio e altivo, afirmativo de quem tem um mundo à espera. Houve até o momento em que te vi, de tal modo, que o perpetuei e para mim guardei. Foi o nosso momento. Sem mais, dizer apenas que se sente, nos dias todos, esta permanente tensão de possíveis narrativas que não acontecem. A vertigem da proximidade é real. E se?.. A mim, a ti, a nós… um toque, uma palavra. Tudo ou nada e a etnografia seria outra.
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