10 julho 2009

em busca de uma identidade (perdida) que nos permita encontrar o norte, ou tenaz crítica ao desnorte da governação socialista


Acutilante ensaio de José Gil que, através de uma linguagem impaciente, mas simples e acessível, desconstrói os esquemas da governação socialista e faz um retrato da actualidade nacional. Aconselhado para quem ainda tenha alguma dúvida sobre o desgoverno que reina em Portugal, ou para quem ainda esteja indeciso em relação ao sentido de voto nas próximas eleições legislativas.
A leitura rápida porque fácil da excelente narrativa, levou-me a sublinhar quase todo o texto, por isso em vez de estar a citar qualquer uma dessas passagens, transcrevo o resumo ou apresentação da contracapa.

o desnorte
José Gil prossegue neste livro a sua investigação sobre os processos individuais e colectivos de subjectivação em Portugal. Quais são esses processos neste período marcado pela globalização, a crise económica e a hegemonia política do PS? Que formas assume essa subjectivação quando «a falha de sentido que as promessas por cumprir do 25 de Abril não conseguiram colmatar» foi suprida por antigos hábitos e «mentalidades»?
Reinventando conceitos de Frenczi e Foucault no sentido de uma abordagem original, José Gil mostra como os portugueses tentaram conquistar «formas de subjectivação individuais em desfasamento ou inadequação aos quadros de vida colectiva que se iam edificando progressivamente».
O autor de Portugal Hoje: O Medo de Existir considera que «fizemos da identidade o território da subjectividade» e «esforçamo-nos por resistir ao "fora" que aí vem, do exterior ou do interior, que ameaça destruir as nossas velhas subjectividades». Em sua opinião, a única maneira de remover o obstáculo da "identidade" é «deixarmos de ser primeiro portugueses para poder existir primeiro como homens».
É à luz dessa preocupação que se analisa o discurso dos actuais governantes que consideram que Portugal entrou «num processo irreversível de modernização», um discurso «anti-ideológico e de via única» em que a avaliação «surge como método universal de formação de identidades».
José Gil aborda em particular o «chico-espertismo" enquanto fenómeno que atravessa todo o «tipo de subjectividade da nossa sociedade, sendo transversal a todas as classes, grupos, géneros e gerações».

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