Não raras vezes apetece dizer que este número foi, para mim, o melhor número da revista LER. O problema dessa vontade é o seu carácter efémero, pois a cada novo número existe essa possibilidade. Contudo, posso afirmar que a revista nº 82 tem muita qualidade. Surpresa desagradável foi a entrevista de fundo de Carlos Vaz Marques a Vasco Pulido Valente, que muito prometia, mas que não passa de um exercício de permanente recalcamento do ego e do seu alter... Comprada e lida numa fracção pequena de tempo, deixo alguns apontamentos ou excertos daquilo que gostei:
"...pelas novas tecnologias, que tanto facilitam a vida como a morte." (Francisco José Viegas, in Editorial)
"O bom leitor é o que valoriza o livro que não lerá, bem mais do que o livro conhecido: e valorizando-o, quer possuí-lo!" (Abel Barros Baptista)
"Ler por ler é um erro crasso. Para ler coisas que nos fazem mal mais vale tomar um Ben-U-Ron e sentarmo-nos a ver os jogos do Sporting..." (Jorge Reis-Sá)
"O nosso, aqui, e homens assumidamente de esquerda democrática, num tempo de aparência pouco propício, é o de lembrar que esse espaço de diálogo intra-humano é o da esperança, não apenas meramente conjectural e política, mas de uma esperança histórica, de uma solução plausível para um mundo de paz armado até às estrelas, para uma humanidade dividida em duas pela presença numa delas dos espectros medievais da fome, da ignorância e da repressão, e na outra pelo triunfo de uma Disneylândia de pacotilha, onde já não distinguimos com um mínimo de senso o que nos perde e o que nos salva." (Eduardo Lourenço)
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