Eu já sabia que mais tarde ou mais cedo ia comprar este livro. Seria apenas uma questão de tempo. Ainda antes de o ter pago já lera mais de metade e mal cheguei aqui, acabei de o ler. Estou aqui a escrever e a pensar como gosto da escrita de Manuel Alegre, clara e simples, quase sempre autobiográfica. Cento e qualquer coisa páginas de bom português que, em vários momentos, me fizeram arrepiar os sentidos, pois fala-nos da "vida de tantas vidas na tão curta vida". E andam para aí alguns armados em "escritores", cujas medidas são os quilos de papel vendido, ou cujos critérios de qualidade são as centenas, quando não milhares, de páginas impressas.
Desculpem a confusão, até porque, normalmente, não gosto de misturar águas, mas é também por isto que gostava de ver em Belem alguém que não seja tecnocrata, economista ou gestor, mas sim um humanista, desformatado e com memória, cujo discurso e prática se reveja na vida pequena das pessoas. Assim é este Miúdo que pregava pregos numa tábua.
Desculpem a confusão, até porque, normalmente, não gosto de misturar águas, mas é também por isto que gostava de ver em Belem alguém que não seja tecnocrata, economista ou gestor, mas sim um humanista, desformatado e com memória, cujo discurso e prática se reveja na vida pequena das pessoas. Assim é este Miúdo que pregava pregos numa tábua.
"Ou como a própria Sophia num café em Porto Covo, os dedos da mão direita dedilhando enquanto a esquerda segurava o cigarro, nessa tarde em que ela queria seguir para Lisboa por uma estrada junto ao mar, ainda hoje sinto remorso de lhe dizer que não havia estrada nenhuma, ela insistia que sim, havia uma estrada no poema que ela estava a dedilhar e não devíamos ter hesitado, devíamos ter ido com ela por essa estrada fora." (2010:69)
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