Já não sei onde li sobre este autor e em particular sobre esta sua obra, mas sei que foi o meu fascínio pela possibilidade de isolamento, afastamento e solidão, que me levou à sua descoberta e leitura. Demorei mais tempo do que o habitual para o ler, porque outras leituras e outros interesses se intrometeram. Só agora, em férias, consegui terminá-lo.
Henry David Thoreau (1817-1862) foi um autor de meados do século XIX e, em vida, apenas publicou duas obras, sendo uma delas este "Walden", que é um tremendo e detalhado relato da sua experiência de vida sozinho e isolado, nas margens do lago Walden, rodeado de densa floresta e a quilómetros das povoações vizinhas. É também uma reflexão sobre a essência da existência humana - das suas ambições, necessidades, angustias e curiosidades. Gostei muito desses capítulos em que o autor reflecte sobre a sua existência, sobre o sentido da sua vida e sobre a beleza da vida num ambiente natural, desprovido de materialidades e isento da socialização humana. Gostei menos e até achei aborrecidos os capítulos em que ele se dedica a quantificar cumprimentos, larguras, profundidades, quantidades de pregos e tábuas, espessuras de gelos, etc., etc. Percebo o sucesso, à época, desta singular obra.
Deixei os bosques por uma razão tão boa como aquela que para lá me levou. Talvez por me ter parecido que tinha várias vidas para viver, não podendo desperdiçar mais tempo com aquela. É impressionante a facilidade com que insensivelmente caímos numa determinada rotina e estabelecemos para nós um trilho batido. (...) Quão arraigados os hábitos da tradição e do conformismo! Não quis comprar uma passagem num compartimento fechado para poder viajar defronte do mastro e no convés do mundo, porque de lá podia apreciar melhor o luar entre as montanhas. E não desejo agora descer ao compartimento. (Thoreau, 2018,350)
Sem comentários:
Enviar um comentário