O país levantou-se em peso contra um desabafo em off do primeiro-ministro que qualicou de “cobardes” dois ou três médicos envolvidos nos acontecimentos do lar de Reguengos de Monsaraz. Houve a imediata tentativa de transformar as suas palavras numa ofensa à classe médica, manchando o seu papel “heróico” no combate à pandemia. Independentemente de eventuais razões políticas, só consigo encontrar uma justicação para o facto de a Ordem dos Médicos ter criticado sistematicamente todas e cada uma das decisões do Governo: defender o seu interesse corporativo. Se alguma coisa corresse mal... Qualquer entidade pública ou privada que enfrente um problema, antes de o comunicar a quem deve resolvê-lo, comunica-o à comunicação social. Não vejo outro motivo, na generalidade dos casos, que não o da desresponsabilização. A ideia de que um organismo ou uma instituição, se têm um problema, a primeira coisa que devem fazer é tentar resolvê-lo com os meios de que dispõem não faz parte dos hábitos da sociedade portuguesa.
( Teresa de Sousa, in jornal Público - 30/08/20202 )
Sem comentários:
Enviar um comentário