Ainda a propósito das trágicas inundações na Alemanha e Bélgica da última semana, encontrei no Twitter um testemunho de uma vítima deste cataclismo natural, que incrédula afirmava:
-Não esperávamos que morressem na Alemanha pessoas vitimas de inundações. Isso acontece nos países pobres.
Esta declaração é todo um tratado sobre a perspectiva, eu diria mesmo, a crença que a esmagadora maioria dos cidadãos europeus têm sobre o seu privilégio, conforto e qualidade de vida comparativamente a outras latitudes e longitudes. Esta visão euro-cêntrica acompanha-nos há séculos e é também reveladora do alheamento face aos problemas do mundo e, em particular, dos gravíssimos problemas ambientais que também são culpa dos Estados europeus, das suas empresas e do seu modo de vida. Esta vítima, que viu o absurdo e o impensável cair-lhe do céu, considerava o seu conforto e bem-estar um direito quase divino e que o desenvolvimento económico e civilizacional seria um escudo protector e indulgente para toda e qualquer agressão ambiental. Acabou o tempo da tolerância e aqueles que mandam no mundo têm mesmo que repensar e alterar o comportamento dentro desta nossa casa que é o mundo. Os avisos têm sido frequentes e impactantes. Não há espaço, nem tempo, para hesitações, se não depois poderá ser já tarde demais.
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