Primeira, para além da desgraça causada pelo sismo e consequente tsunami, a população japonesa e, depois, o mundo vêem-se agora confrontados com o eminente acidente nuclear em algumas das centrais nucleares espalhadas pelo território nipónico. Acredito que os responsáveis técnicos e políticos estarão em pânico perante os cenários horrendos e as consequências catastróficas possíveis decorrentes deste acidente. Para além de todos os riscos e problemas associados à implantação e existência destes complexos, parece-me razoável reflectir sobre a opção por este tipo de fonte de energia. Sempre que se debate acerca da existência ou não de energia nuclear em Portugal, deveriamos ponderar também estes cenários. Com outras fontes de tanto potencial energético, mais limpas e mais seguras, ainda bem que não existe energia nuclear em Portugal.
Segunda, é uma vergonha aquilo que temos assistido nas estradas nacionais, com os bloqueios dos camionistas. Podemos até estar de acordo com os seus problemas e com as suas reivindicações, mas não podemos tolerar que haja terrorismo nas nossas estradas. As notícias que nos chegam de piquetes de camionistas que intimidam e ofendem colegas de profissão que não têm a mesma opinião, não são possíveis num estado de direito. Esta intolerância e este radicalismo, para além de não serem dignos de uma democracia, revelam bem as bestas que são e confirmam a atitude estereotipada e ignorante que reina nos volantes dos pesados portugueses.
Segunda, é uma vergonha aquilo que temos assistido nas estradas nacionais, com os bloqueios dos camionistas. Podemos até estar de acordo com os seus problemas e com as suas reivindicações, mas não podemos tolerar que haja terrorismo nas nossas estradas. As notícias que nos chegam de piquetes de camionistas que intimidam e ofendem colegas de profissão que não têm a mesma opinião, não são possíveis num estado de direito. Esta intolerância e este radicalismo, para além de não serem dignos de uma democracia, revelam bem as bestas que são e confirmam a atitude estereotipada e ignorante que reina nos volantes dos pesados portugueses.
2 comentários:
Vamos então a essa reflexão... O nuclear, em Portugal, tem tido muito pouca discussão e a abertura é quase nenhuma, sendo o principal motivo o "medo". Quando pedes que se pondere também esses cenários nos putativos debates, estás a pedir que se faça apenas mais do mesmo. Com muito pragmatismo, se Portugal devia ou não ter tecnologia que lhe permitisse produzir energia nuclear? É uma questão que merece, pelo menos, um debate que não seja preconceituoso e dogmático. A política energética portuguesa é, a meu entender, pouco eficiente. Temos potencial energético através das renováveis. Sim, claro e está ainda subaproveitado. Têm sido feitos fortes investimentos no domínio da energia eólica e da biomassa. Somos dos países da Europa com mais água disponível por habitante (grande potencial hidroeléctrico, sobretudo a norte da cordilheira central) e somos o páís da Europa com mais horas de radiação solar por ano. Temos uma costa vasta e é atlântica. Temos aindo por onde crescer.
Não esquecer, no entanto, que as renováveis contribuem ainda muito pouco para as nossas necessidades energéticas, que têm vindo a aumentar.
Utilizamos como principais fontes energéticas os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), sendo que não possuímos nenhum dos 3 (temos carvão, mas deixámos de o extrair há quase 20 anos... pouca qualidade), logo estamos dependentes do exterior e é dos bens que contribui mais para o saldo negativo da balança comercial. Acresce a isto que, contra tudo o que seria expectável, Portugal tem no seu subsolo... exactamente, URÂNIO! Ora, o que fazemos com o urânio?! Exportamos apenas. Não parece haver aqui uma contradição? O que não temos, é o que utilizamos e vice-versa.
É óbvio que o nuclear tem uma série de inconvenientes, nomeadamente o impacte ambiental no caso de acidentes, mas quanto a isso é importante referir o seguinte:
1º- a combustão e o transporte dos combustíveis fósseis, tem sido responsável por crimes ambientais e consequências bastante mais graves para a vida que qualquer desastre nuclear até agora ocorrido; 2º- Chernobyl foi em 1986, foi um ACIDENTE e desde essa altura nunca mais houve nada semelhante, ocorreram apenas situações pontuais e de consequências menores. Tendo consciência dos perigos, as precauções são maiores; 3º- Portugal, neste momento, está muito longe de estar imune de um desastre nuclear. O nuclear é utilizado em dezenas de países europeus, que nós consideramos como modelos, nomeadamente a nossa vizinha Espanha. Bem próximo da fronteira portuguesa, está a Central nuclear de Almaraz, que utiliza o Tejo como fonte de refrigeração.
Reduzir a discussão à ocorrência de desastres parece-me muito redutor, para uma questão que, mais tarde ou mais cedo, terá que ser encarada com mais seriedade pelos decisores. O "medo" não é bom conselheiro.
Estamos de acordo. Aquilo que me preocupa e tu referes no teu comentário é, precisamente, a teimosia do(s) "poder(es)" em não apostar definitivamente nas ditas energias renováveis (principalmente no potêncial solar e marítimo) e permitir que, ainda espaçadamente, surja o lobby da energia nuclear a reclamar o seu potêncial. Seriamente, para mim o nuclear não é opção - não é limpo e não é seguro - por mim, Portugal faria como a Austria, introduziria na Constituição uma norma que impedisse a instalação no território dessa fonte energética. Quanto ao resto, estamos de acordo. Acabemos com a dependência das energias fósseis. Só ganharíamos...
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