O jornal Público de 14 de Maio, ontem, deu notícia de um estudo realizado por uma equipa de investigadores norte-americanos no universo de utilizadores do facebook (três mil milhões) à procura dos movimentos pró e anti-vacinas, analisando a competição online dos dois movimentos.
Foi com muita preocupação e uma tremenda angústia que li sobre os resultados obtidos. Segundo este estudo, as estratégias dos anti-vacinas é muito mais eficaz e que, no prazo de cerca de uma década, esta posição poderá ser maioritária e dominante. Uma tragédia! O poder desinformado derrota o poder da ciência, do conhecimento e da evidência. Um dos investigadores deste estudo justifica afirmando que a riqueza da narrativa (anti-vacina), mais diversificada e atraente do que a monótona e pouco diversificada voz da ciência e das autoridades de saúde. (...) É importante dizer que estas pessoas não são más pessoas. (...) Eles estão apenas a juntar fragmentos muito confusos que ouviram de uma determinada forma e depois descobrem uma comunidade com uma narrativa que parece fazer sentido para eles. Uma narrativa que os atrai.
Até esta pandemia da Covid-19 tem servido de argumento para descredibilizar a ciência médica, ao afirmarem que a vacina que irá combater este vírus será uma vacina apressada, sem segurança para os indivíduos e para a saúde pública. Espanto! O perigo maior desta desinformação é um número cada vez maior de pessoas não confiar nessa vacina e aí o vírus permanecer muito mais tempo entre nós. Por outro lado, o mesmo investigador não tem dúvidas ao defender que a aposta e o esforço deve ser concentrado no enorme grupo de pessoas (utilizadores do Facebook), tentando cativá-los com inteligência, e não lutar contra ou tentar convencer os movimentos anti-vacinas que estão errados.
Tal como também eu já aqui referi e como vou, ano após ano, alertando os meus alunos, a triste verdade é que a Ciência, no geral, e as ciências médicas, em particular, tiveram tal sucesso nas últimas décadas que originaram uma percepção distorcida de saúde, bem estar, conforto e de doença nos indivíduos, naquilo que é a imunidade, a terapêutica e a cura, ao ponto de alguns deles se "revoltarem" contra esse conhecimento científico e negarem todas e quaisquer evidências. Triste é constatar que a Ciência tem que se preocupar mais com esta pseudo-ciência, desinformação e informação falsa, do que com aquilo que é a sua missão.
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