Aproveitando o remanso da tarde de Domingo, li este livrinho com uma selecção de textos de Miguel de Unamuno, que se referem a Portugal e à produção literária portuguesa. Interessante nalguns aspectos, previsível e parcial noutros, Unamuno escreve muito bem e consegue captar, digo eu, parte do nosso ethos. Textos escritos entre 1900 e a década de 30, deveremos contextualizá-los temporal e culturalmente. Unamuno é uma personagem interessante do primeiro quartel do século XX espanhol que nutria por Portugal uma peculiar curiosidade.
"Portugal surge-me como uma formosa e gentil rapariga do campo que, de costas para a Europa e sentada à beira-mar, junto à própria orla onde a espuma das ondas gemebundas lhe banha os pés descalços, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cara entre as mãos, olha o sol a pôr-se nas águas infinitas. Porque para Portugal o sol não nasce nunca: morre sempre no mar, que foi teatro das suas proezas e berço e sepulcro das suas glórias". (Unamuno, [1907] 2012:24)
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