" A segunda pessoa do plural foi vassourada - aspecto gravíssimo - até de certos livros e fontes com conjugações verbais. Já vi um livro escolar com todas as pessoas conjugadas, excepto a segunda do plural. Já vi um programa de televisão sobre língua afirmar que "fizestes" não existe! Sírio Possenti, em Malcomportadas Línguas, defende que o pronome vós (o "dinossauro") seja banido de uma "gramática normativa". Eu encontro o putativo dinossauro amiúde. Não podemos rasurar Padre António Vieira, Camões, as traduções da Bíblia e milhentas outras coisas. Não podemos ignorar comunidades linguísticas de Portugal (ainda hoje), mormente nortenhas, que usam com naturalidade a segunda pessoa do plural. Curiosíssimo que pessoas analfabetas dessas comunidades linguísticas sempre conjugaram com muito mais facilidade e rigor a segunda pessoa do plural do que os moderníssimos doutores lisboetas (e não só) atafulhados de plumas académicas. (...) Demais, não devemos alterar frases ou expressões que fazem parte da memória de muitos. "
Manuel Monteiro, in Por Amor à Língua.
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