A aldeia de Aveleda, no concelho de Bragança, situa-se junto à fronteira norte com Espanha e dentro do actual território do Parque Natural de Montesinho. A sua gente, para além da tradicional agricultura, dedicava-se a produzir carvão, proveniente das espécies vegetais abundantes no seu território, para abastecer as necessidades energéticas da cidade de Bragança e com isso obter um rendimento extra. Com regularidade deslocavam-se à cidade para, no mercado municipal e, principalmente, nos dias de feira, venderem o seu produto, que era transportado em burras, mulas ou machos. A distância entre a Aveleda e Bragança era grande e, por norma, entravam na cidade pelo lado nascente, sendo comum, nesses dias de feira, encontrar na Avenida do Sabor um grande número de animais em fila, à espera da sua vez de entrar no espaço do mercado ou da feira. Como a espera poderia ser longa, muitos dos carvoeiros deixavam os seus animais presos e iam até às tabernas comer e beber, ou aos outros comércios tratar da sua vida. Quem os recebia, em jeito de cumprimento, indagava sempre: - Então, e a burra?… Para além da evidente provocação, a questão demonstraria a relação próxima, quase familiar, entre esses indivíduos e os seus animais e, também, significaria que não existiria ninguém na Aveleda que não possuísse um animal e que não o utilizasse para chegar à cidade. Certo é que, ainda hoje, quando a actividade já desapareceu há muitas décadas, os naturais de Aveleda são conhecidos por esse género de cumprimento, que os relaciona com a a sua condição pretérita de produtores e comerciantes de carvão.
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