Com a chegada do mês de Agosto, chegam também os dias de maior preguiça e descontração. Não por falta de trabalho, ou pelo menos, do ter o que fazer, mas por um imperativo pessoal, catártico e terapêutico, veraneio apenas. Apesar de já estar aliviado das obrigações burocráticas da Faculdade e outras desde 2ª feira, só hoje me sinto de férias. Por muito que a vida nos tenha obrigado a prescindir do hábito das férias em Agosto, a verdade é que fica sempre uma vontade de lá regressar, como que uma nostalgia desse tempo fora do tempo, em que toda a vida se alterava e ajustava ao ritmo do tal querido mês de Agosto, com lugares, espaços-tempo e rituais próprios, cronologicamente organizados e ordenados. Era um mês pleno de momentos únicos que, apesar de anualmente cíclicos, eram esperados e vividos como experiências únicas e irrepetíveis. Neste momento de revisitação, a memória consegue regressar aos tempos de menino e alcançar momentos singulares de uma existência aldeã; recordar a aldeia rejuvenescida com o regresso dos filhos emigrantes, adornados com os seus “ricos” Francos e “portentosos” automóveis; reviver a cor e a alegria de todas as festas, romarias, arraiais e respectivos bailaricos; relembrar cheiros e sabores para sempre perdidos; evocar amigos e amigas, alguns já desaparecidos.
Claro que esta nostalgia, possível porque um dia se experimentou, se conheceu, se esteve lá, não passará nunca disso mesmo, ou seja, de uma memória. Por mais que lá regressemos ao longo da vida, esse ambiente e essa gente já lá não estão. O mês mudou e nós com ele. Ainda assim, é mês de Agosto.
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