os miúdos
A Emília foi a primeira a saber que viria para casa, pois a sua faculdade fechou as portas dia 10 de Março por 15 dias, diziam eles. Regressou de Lisboa no dia 11 e desde então não mais saiu de casa. Teve alguma dificuldade em perceber a dimensão desta epidemia e, por isso, resistia à ideia de ficar fechada e dizia não entender o stress e o histerismo de toda a gente. Do alto dos seus dezoito anos, optimista e cheia de vontade de viver, parecia sentir-se imune a qualquer contágio. Entretanto, foi-se apercebendo e consciencializando da gravidade da situação em que estamos todos e agora é a primeira a não querer que se saia de casa. Está preocupada com a situação dos avós, ao mesmo tempo que é a primeira a dar os primeiros sinais de alguma saturação por estar confinada em casa.
O Rodrigo, como seria expectável, não percebe totalmente aquilo que está a acontecer. Para ele foi uma alegria imensa saber que não teria que ir à escola durante muitos dias, tantos que ele nem consegue alcançar. Ele é quem tem vivido melhor, pelo menos nestes primeiros dias, nestas condições... está nas suas sete quintas e não lhe falta ocupação e divertimento.
[ escrito a 15 de Março ]
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