os meus pais
É sabido que este cabrão ataca com maior gravidade as pessoas mais velhas e que a maior incidência de vítimas mortais será nesses segmentos da população, pelo menos se mantiver as características que manifestou noutros países que nos antecederam.
Pois bem, as vésperas da chegada desta epidemia foram uma luta permanente com os meus pais para os convencer da gravidade e perigosidade deste vírus para as suas saúdes e vidas, uma vez que ambos têm tido problemas respiratórios e pulmonares nos últimos meses. Nem por nada quiseram resguardar-se e prescindir das suas rotinas de ir tomar café, comprar o jornal e o pão, ir ao hipermercado fazer compras semanais, ir à cabeleireira, multibanco, etc., etc.
Ando preocupado e assustado, principalmente, por causa deles. A preocupação é tanto maior porque, ainda agora, depois de já se terem mentalizado que têm que sossegar mais em casa, depois de eu lhes garantir que lhes levarei o que for necessário, teimam em relativizar o problema. O meu pai diz que estamos a exagerar, a minha mãe chora que não aguenta sentir-se fechada e isolada em casa. Não sabe o que fazer com a imensidão do tempo...
No meio desta pandemia eles são o meu desassossego.
[ escrito a 15 de Março ]
Sem comentários:
Enviar um comentário