09 novembro 2011

instante urbano xvi

Numa sala de espera da pediatria de um hospital privado da cidade do Porto, enquanto aguardava que a minha criança fosse consultada, pude observar a brincadeira dos petizes e confirmar que não há pais que resistam ao ajuntamento de mais do que uma criança. A sala ampla, estava bem ocupada com os pais sentados nas cadeiras encostadas às paredes. No centro da sala, desocupado, uma máquina colocada no tecto, projectava imagens no chão, permitindo às crianças interagir, pintando desenhos, chutando uma bola, vendo uns peixinhos a nadar, entre outras brincadeiras virtuais. Impressionante, pois nesse mesmo espaço estavam disponíveis duas mesas com actividades de desenho e pintura e quase nenhum miúdo se interessou por elas. Como facilmente perceberão, a concentração da canalha, com idades compreendidas entre 1 e 2 anos, era em cima das tais projecções. A determinada altura, uma miúda diz:
- Papá, olha a água.
- Sim filha, é uma piscina. Nada nessa piscina...
A miúda não se fez esquisita e de imediato se atirou para "dentro da água" da piscina, dizendo alto e em bom som que estava a nadar na piscina. Outros miúdos ao ouvirem isso, logo a imitaram nos gestos, transformando o espaço desta piscina virtual exíguo para tantos nadadores. Alguns, por pressão demográfica, nadavam mesmo fora da projecção, mas não importava, pois a água estava boa e quentinha, apesar de um se queixar do frio... Um outro, provavelmente mais viajado, afirmava e repetia com convicção:
- Este rio é muito giro...
Assim vai o mundo encantado da criançada. Bom ou mau, melhor ou pior do que outros, não sei. É o deles.

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