O ritmo lento do comboio que me traz de regresso ao Porto e me fará chegar tarde a casa, acaba de parar na cidade de Coimbra, onde saem e entram alguns passageiros. Para perto do lugar que ocupo veio um jovem casal, bem-disposto e carregando cada um sua garrafa de vinho aberta. Ela traz uma garrafa de maduro branco e ele de maduro tinto. De imediato me vem à mente a imagem da imortal dupla de comediantes que, algures na década de oitenta, parodiavam com a situação do país através de dois personagens andrajosos e indigentes bêbados - o Agostinho (Camilo de Oliveira) e a Agostinha (Ivone Silva). Mal se sentam estendem logo à sua frente um farnel que de imediato javardamente devoram. Porque trago distinta música nos ouvidos, nem sequer me vou dar ao trabalho de tentar ouvir o que falam e tanto os faz rir; ou será o vinho que já os anima?!... Prefiro imaginar e ou muito me engano ou não vai sobrar gota naquelas garrafas e não vão sequer oferecer uma pinguinha. Acabaram com um brinde de... garrafas. Bonito.
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