Era com grande expectativa que aguardava a Revista LER deste mês de Novembro, pois tinha sido tornado público antecipadamente o encontro entre António Lobo Antunes (A.L.A.) e George Steiner (G.S.), na casa deste último em Cambridge e a publicação das conversas entre ambos nessa manhã de Outubro. O resultado do encontro destes dois génios é interessante. Sem ser magnífico, podemos verificar a magnanimidade intelectual de um e de outro, que apesar de estilos e artes distintas conseguem convergir naquilo que consideram interessante e importante. Dessa longa conversa, colijo alguns momentos:
A.L.A. - há uma coisa em que me detenho a pensar muitas vezes: que será dos meus livros quando eu já não andar por cá?
G.S. - Acabam de colocar um retrato meu na Universidade de Londres, um retrato que, a meu pedido, ficou com o nome de «il Postino» (o carteiro). Define-me em absoluto. Eu sou o postino. (...) É maravilhoso poder levar cartas! Não fui banqueiro, não vendi casacos de peles; de todos os desastres possíveis, fui postino. É isto ser professor. O bom professor abre livros aos outros, abre momentos aos outros.
G.S. - Bem, deixe-me que lhe agradeça de todo o coração.
A.L.A. - Eu é que agradeço, isto foi muito, muito emocionante para mim. As pessoas já não fazem isto.
G.S. - Agora, faço questão, nós temos vinho para servir. Bebe um copo de vinho?
A.L.A. - Só um pouco.
G.S. - Tinto ou branco?
A.L.A. - Branco.
(George Steiner e António Lobo Antunes. Fotografia retirada da Revista Ler, nº 107, de Novembro de 2011)
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