08 maio 2019

crónicas de Barcelona - III

A cidade do Sr. Gaudí [17-04-2019]

Sabia (é de conhecimento generalizado) da importância cultural da cidade de Barcelona. Foi um centro de produção e divulgação cultural ao longo de todo o século XX. Um movimento que teve início na segunda metade do século XIX e que contemplou os maiores nomes das artes espanhola, europeia e mundial, e que encontrou nesta cidade o espaço e as condições sociais, políticas e económicas para desenvolverem a sua genialidade. Da arquitectura à literatura, da pintura ao urbanismo, de nomes como Salvador Dalí, Pablo Picasso ou Joan Miró, de Ildefonso Cerdà, Luís Domenech I Montaner ou Josep Puig i Cadafalch, de Ana Ma Matutem, Juan Marsé ou Carmen Laforet e Eduardo Mendoza, são muitos os exemplos de genialidade que a cidade viu nascer ou acolheu, mas nenhum outro ocupa o lugar de destaque que Antoni Gaudí, o celebrado arquitecto que projectou as principais atracções turísticas de Barcelona. Aliás, a promoção da cidade socorre-se daquilo que foi a obra de Gaudí para se vender enquanto destino turístico. É impressionante a presença deste nome por toda a cidade, dando mesmo a impressão que a polarização na urbe obedece à localização das suas obras mais icónicas, que acabam por ser autênticos landmarks que nos guiam pelo terreno e influenciam a nossa percepção do lugar. Como expoente máximo dessa genialidade, a Sagrada Família, basílica projectada e iniciada por Gaudí (1915/1916), ainda não finalizada, segundo consta é o monumento mais visitado em Barcelona. A sua dimensão é impressionante e impactante na paisagem, mas a confusão em seu redor é aflitiva e assustadora. Não há espaço, não se respira e a possibilidade de visitar o seu interior está circunscrita à compra de bilhetes que estão constantemente esgotados, só com bastante antecedência se consegue adquirí-los. Se chegar perto foi uma experiência impactante perante a sua dimensão, sentir-me no meio de tamanha barafunda não foi nada agradável e até muito desconfortável (posso estar equivocado, mas nem num monumento como a torre Eiffel, em Paris, existe tal confusão). Assim sendo, dispenso lá regressar.

(fotografia: a Sagrada Família)

Sem comentários: