Li ontem no jornal Público algo que só nos pode deixar muito apreensivos. Segundo um relatório do V-Dem Institute. Pela primeira vez desde 2001, existem mais autocracias do que democracias no mundo, o que confirma um declínio global das instituições democráticas liberais. Esta tendência foi-se acentuando nos últimos anos e um pouco por todo o mundo, sendo apresentados os exemplos da Hungria, da Índia ou mesmo dos E.U.A. Diz-nos este documento que, em 2019, 92 países (51,4%) estão sob regimes autoritários, o que em termos demográficos significa que uma maioria dos cidadãos do mundo (54%) vive em autocracias e que as democracias eleitorais e liberais são agora 87, significando 46% da população mundial. Ainda assim, mesmo aqui alguns destes países apresentam tendências de perda de liberdades, como no Brasil, na Polónia e na Turquia.
A estes factos não poderemos deixar de relacionar a decrescente importância, centralidade e significado de instituições transnacionais como as Nações Unidas, a NATO, ou a União Europeia. Não podemos ficar indiferentes face a esta regressão democrática e seria mais do que tempo para as diferentes nações e estados democráticos, assim como essas organizações fundadas sob os desígnios da liberdade, do direito e da justiça, reflectirem sobre o seu desempenho e estratégias para inverter esta perigosa tendência, fortalecendo democraticamente os estados e suas instituições.
[ in Jornal Público, 13 Abril 2020 ]
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