---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
25 fevereiro 2009
23 fevereiro 2009
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20 fevereiro 2009
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escadas (rolantes) que não rolam
18 fevereiro 2009
aspereza nua da crise
Mensagem original-----
De: !!!!!!!!!!@sapo.pt [mailto:!!!!!!!!!!!!!@sapo.pt]
Enviada: quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 16:54
Para: ???????@inconsulting.pt
Assunto: Presença no estágio amanha.
Boa tarde antes de mais.
Escrevo este e-mail para informar que apartir de amanha talves não
compareça mais ao estágio, visto que, tive que desistir da escola, a
situação aqui em
casa esta muito complicada, a minha mae está com uma depressão enorme
e o que ela ganha já nao chega para pagar todas as dividas.
Ontem já me inscrevi no centro de emprego, tenho a cabeça um pouco
confusa, mas tenho que arranjar trabalho, no entanto depois vou
completar o 12º no curso noturno que a escola tem.
Agradeço desde já o carinho e avontade com que me receberam, a
confiança que colucaram em mim, são todos pessoas excelentes, muito
bem dispostas e com uma forma de ver a vida espantosa.
Admirevos imenso.
Peço então que se por acaso conhecer algum local que esteja a oferecer
emprego que me comunique.
Sem mais nada de momento e pedindo desculpa por vos deixar na mão e
com muita pena por nao poder continuar convosco.
Melhores cumprimentos.
!!!!!! (assinatura)
16 fevereiro 2009
dia no parque natural de montesinho




12 fevereiro 2009
11 fevereiro 2009
amor com amor se paga
10 fevereiro 2009
desassombro da memória
05 fevereiro 2009
uma vez mais vou LER

03 fevereiro 2009
Ai Portugal, Portugal! Do que é que tu estás à espera!?...
02 fevereiro 2009
Mercado do Livro

30 janeiro 2009
acordo ortográfico.... (uma vez mais)
29 janeiro 2009
educação musical
o meu gadget
27 janeiro 2009
primeiro beijo
Por breves que fossem estes encontros, ele sentia-os imensamente e mesmo antes de cada um deles findar, João só já ansiava por uma próxima vez. Com o passar do tempo e à medida que se iam conhecendo, ele sentia-se cada vez mais preso a ela e, a partir de determinada altura, sentiu que a empatia e a vontade eram recíprocas. Ana também gostava de ali estar.
Uma outra atitude se impunha agora a João, que num gesto improvisado e quando, uma vez mais, Ana sorrindo chega perto de si, lhe diz que a adora desde sempre, desde o primeiro momento que a sua memória a consegue recordar e que é já doloroso para si continuar a conviver com Ana sem poder ir mais além… O lindo sorriso de Ana deu lugar a uma expressão grave e preocupada, o que assustou João, mas Ana sem dizer o que fosse, respondeu-lhe com um beijo, um leve mas longo toque de lábios, no fim do qual segredou: - Que bom meu amor!
Hoje, já bem longe, João recorda esse primeiro momento, conseguindo ainda sentir, na boca de Ana, o sabor desse primeiro beijo e no seu olhar, encontrar a memória desses alegres e bonitos dias.
24 janeiro 2009
um ano mais... Apurriar
Para mim o ser Blogger não é mais do que ter um espaço - género livro aberto, organizado e arrumado, onde sei que não perderei qualquer informação. É, sem dúvidas, um excelente arquivo. Pessoalmente, continuo a gostar muito do cheiro do papel e de poder escrever, corrigir, riscar, reescrever, borratar, ler e reler aquilo que poderia ter sido mas não foi, aquilo que pensei um dia, mas que por qualquer razão não vingou. Apesar de toda a tecnologia disponível e de todas as novas possibilidades que gosto de conhecer e experimentar, vou continuar a gastar papel e canetas pretas, tentando sempre manter o gosto, a vontade e a arte para aqui ir depositando parte daquilo que vou fazendo.
19 janeiro 2009
João Aguardela
16 janeiro 2009
a LER
15 janeiro 2009
igual a nada
14 janeiro 2009
politicamente correcto e ecuménico...
«Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Ala sabe onde acabam»
09 janeiro 2009
Leituras do Pessoa
Somos hoje um pingo de tinta seca da mão que escreveu Império da esquerda à direita da geografia. É difícil distinguir se o nosso passado é que é o nosso futuro, ou se o nosso futuro é que é o nosso passado. Cantamos o fado a sério no intervalo indefinido. O lirismo, diz-se, é a qualidade máxima da raça. Cada vez cantamos mais um fado.
O Atlântico continua no seu lugar, até simbolicamente. E há sempre Império desde que haja Imperador.
08 janeiro 2009
curiosidade
- Da reforma do sistema capitalista = 35%
praças de aquecimento
06 janeiro 2009
04 janeiro 2009
Guarda Livros
02 janeiro 2009
imagem que nos liga

Esta é a imagem que podemos encontrar em vários outdoors espalhados pela cidade de Bragança e, presumo eu, em todas as cidades entre Vila Real e Bragança. Ainda não consegui perceber muito bem a lógica desta imagem, que nos enormes outdoors tem mais informação e onde o rapaz é associado a Vila Real e a jovem associada a Bragança. Desculpem-me os "mágicos" da publicidade e do marketing mas parece-me uma imagem e uma mensagem difusas, que permite inúmeras leituras e que vão muito além da propaganda do regime... de todas, aquela que vou realçar porque perversa é a de que, de facto, muitos casais vivem o suficientemente afastados para precisarem deste esparguete. É verdade... esta imagem é utilizada para anunciar a auto-estrada transmontana!...
dois mil e nove
29 dezembro 2008
2008
É assim que a dois dias do final deste ano de 2008 aproveitando o aconchego que o moderno aquecimento central me proporciona, protegendo-me da permanente geada que sinto lá fora, medito e exteriorizo alto, através destas palavras, a minha perspectiva deste ano. O que farei em duas diferentes dimensões: a primeira é acerca do EU no seu sentido mais lato e a segunda dirá respeito ao NÓS enquanto espaço e tempo partilhado, numa visão holística na qual os EU’s não serão mais do que uma ínfima parte desse NÓS.
EU, bem no inicio do ano de 2008 ou ainda mesmo nos últimos instantes de 2007 exteriorizei perante um reduzido número de amigos que perspectivando o ano que aí nascia, tinha três grandes objectivos que gostaria de ver concretizados durante o decorrer desse ano: a) resolver ou definir a minha situação profissional; b) criar e dar espaço a uma nova vida fazendo crescer o agregado familiar; c) tratar com eficácia e se possível definitivamente o problema de saúde que me afectava. Assim, com optimismo, entusiasmo e “ganas” parti para este grande ano oito depois de 2000.
EU, agora e olhando para todo este tempo que decorreu desde então, posso dizer que o ano terá tido duas grandes fases distintas. Uma primeira correspondente aos primeiros quatro a cinco meses do ano nos quais o esforço, o empenho, o investimento e talvez a sorte, me permitiram acreditar que tudo corria bem e os tais pressupostos pessoais seriam alcançáveis. O investimento num novo projecto empresarial, o prazer na tão desejada e adiada gravidez, a procura incessante e sistemática até ao diagnóstico correcto acerca do meu mal-estar fisiológico e, no entretanto, o esforço no iniciar do mestrado e a edição de um novo livro, completavam os meus dias, substituindo a monocórdica rotina de tempos anteriores.
Depois, e quando chegámos mais ou menos ao meio do ano esse sentimento mais optimista deu lugar a alguma frustração e desalento. O momento primeiro que terá motivado essa altercação do estado de espírito terá sido o abortamento dessa nova vida que estava a caminho. Sem que tenha sido traumático, obrigou a um novo adiamento sem data, de algo que EU considerava já por demais atrasado. Depois e até hoje, numa velocidade atroz, quase como se tropeçássemos numa pedra e desatássemos aos trambolhões pela encosta do tempo abaixo. Pelo caminho e já bem perto deste lugar onde hoje EU me encontro, a percepção de que o investimento e o esforço no novo projecto empresarial não vingou e por isso a minha situação profissional não está diferente daquilo que estava há precisamente doze meses. Também, aquilo que se apresentava como solução para o meu problema físico, apesar de ter conseguido restituir-me algum conforto e qualidade de vida, não se perspectiva como resolução definitiva, mas sim como paliativo ao qual terei que recorrer periodicamente para poder manter a dor e o desconforto distantes. Para além disto, esta mesma solução química que me permite andar razoavelmente bem estraga-me os genes, o que leva o doutorado Professor que me acompanha e cuida dos males a sugerir um adiamento “sine die” do ansiado momento de nova fecundação familiar…
EU, verdadeiramente, não posso dizer que o ano me correu mal. Espero, como o comum dos mortais, por mais e melhor, senão nunca pior, mas também posso afirmar com a certeza de quem o experimentou que anos houve bem melhores para o EU. É verdade, foi também o ano em que um profissional da saúde me perguntou se eu conseguiria transformar-me em vegetariano, pois parte da solução para os meus problemas poderia estar nessa transformação… ainda não lhe respondi.
A segunda dimensão sobre a qual inevitavelmente teria que reflectir diz respeito aquilo que é de todos e sobre a qual todos NÓS deveríamos reflectir. Ainda que relativizando as escalas de importância e perspectivando os sistemas de classificação, na linha do tempo aconteceram, acontecem e acontecerão momentos que pela sua unicidade nos permitem destacá-los positiva ou negativamente. Referindo-me apenas a esse pequeno segmento de tempo que foi o ano de 2008, posso e quero destacar aqueles que segundo o meu julgamento foram e são relevantes para o NÓS.
Desde logo e porque foi para mim o acontecimento do ano, talvez da década e, quiçá, do século que vivemos, a eleição do negro Barak Obama para presidente dos E.U.A. Sem euforias messiânicas, acredito sinceramente que estaremos perante o momento primeiro de algo diferente e estranho ao presente e passado recente, ou seja, de mudança de paradigma na ordem e nos valores mundiais. A esperança que isso possa vir a acontecer é grande e acarreta riscos de embriagamento dos sentidos e da razão, portanto alguma moderação e contenção nas expectativas serão aconselhadas, por hora.
Um segundo momento digno do meu registo foi a permanente e crescente sensação de insatisfação e, depois, contestação social que por todo o lado se começou a sentir, principalmente e nomeadamente em Portugal, onde um Governo com grande legitimidade não conseguiu dar as respostas minimamente suficientes e capazes para os problemas dos portugueses e por isso, pudemos assistir ao desbaratar do seu capital de legitimidade na real proporção das manifestações públicas por parte dos vários e diferentes segmentos da sociedade: saúde, forças armadas, polícias, tribunais, agricultura, universidades, professores, pensionistas, profissionais liberais, museus e agentes culturais, entre outros que não consigo recordar, vieram para a rua manifestar a sua indignação pelas opções políticas do governo de José Sócrates.
Por fim, aquilo que muitos consideravam “ad eternum”, no qual depositavam literalmente todas as suas reservas e que nem nos seus piores pesadelos imaginaram poder acontecer, afinal aconteceu… (estou com um sorriso nos lábios e um no cérebro) a lei do mercado e a força do capital não é infalível. Muito pelo contrário.
E não me peçam para ter pena daqueles que perderam os seus capitais investidos, ainda que agora passem fome. Não consigo!... A minha pena continua a dedicar-se aqueles que não conseguem sequer sobreviver: ter um ordenado mínimo, uma pensão digna, uma existência. Esses outros que perderam aquilo que nunca, realmente, foi deles, e que durante algum tempo ostentaram essa soberba e avidez, borrem a cara e o que bem entenderem com a caca à qual submeteram todos os outros durante esse tempo.
Nem os mais pessimistas dos comentadores ditos especialistas me conseguem refrear a excitação por poder estar a viver este momento. Considero-me um privilegiado por aqui estar agora. Mesmo sem saber onde tudo isto vai desembocar, estou disposto a pagar o meu preço – seja um carro ou uma casa (materialidades que não são e, provavelmente, nunca serão verdadeiramente minhas) para que tudo possa mudar, para que possamos refundar a nossa sociedade (…e não, não sou utópico, nem espero amanhãs gloriosos). Quero sim o fim desta canalhice a quem deram o nome de capitalismo, pelo menos nesta sua versão mais estupidificante e redutora: é que as pessoas não são números, por mais que o afirmem e confirmem, a verdade é que as pessoas são sentidos e sentimentos que chegam além do mísero calculismo dos cifrões. Acabou enfim.
Esta é a minha visão do mundo. Acima de tudo humanista, onde o Homem, cada um do NÓS ocupe o lugar central no mundo, com valores dignos e justos que justifiquem a sua existência. Havemos de experimentar algo diferente, isso sei e por isso não espero.
Deixando esse exercício de adivinhação, que não é mais do que saber antes de saber, acerca do futuro e do ano que aí vem, aproveito estes últimos caracteres para desejar que 2009 possa ser tudo aquilo que NÓS queremos que seja.
21 dezembro 2008
tirem-me daqui...
18 dezembro 2008
sock and awe
17 dezembro 2008
desperdícios da época
16 dezembro 2008
14 dezembro 2008
combustíveis
11 dezembro 2008
comunicado
09 dezembro 2008
instantes urbanos I
06 dezembro 2008
da Disney a Paris
03 dezembro 2008
arquivo pessoa
de regresso...
26 novembro 2008
dernières notes
25 novembro 2008
nervoso miudinho de vésperas

24 novembro 2008
19 novembro 2008
Verborreias
Direito a Resposta
17 novembro 2008
into the wild

11 novembro 2008
Hoje no Campo Pequeno
10 novembro 2008
Ana e Sofia
Bem perto, sentadas de olhos nos olhos, a conversar sobre não importa o quê. A intensidade dos olhares trocados e dos intermitentes toques (eu diria carícias) arrebataram-me os sentidos e durante alguns minutos fiquei retido nesta desconhecida imagem. Quem eram e o que as relacionava não sei, nunca o saberei. Certa foi a agradabilidade para os meus sentidos e imaginação. Não consegui perceber uma palavra do que diziam, mas também não importava. O exercício passou, obrigatoriamente, por lhes dar um nome, pois tinham que ter um e próprio. Durante esse curto espaço de tempo, nada mais aconteceu ou importou. Toda a existência se reduziu aquela mesa e sem resistir deixei-me ficar absorto, apenas com a ligeira preocupação de não ser percebido (concerteza perceberam-me…). Nunca como ali um guardanapeiro foi alvo de tamanha sensualidade e carinho. O tempo que demorou aquele momento desconheço, pois a determinada altura, mesmo sentindo que poderia ficar assim eternamente, num lúcido sobressalto forcei a minha saída.
Esta narrativa resultou da perturbação que Ana e Sofia e a beleza e força da sua intimidade causaram em mim.
09 novembro 2008
05 novembro 2008
04 novembro 2008
a ler pela septuagésima quarta vez

No próprio dia da compra, fresca portanto. Sem tempo ainda para perceber o seu conteúdo, apenas os títulos e as letras gordas. Claro é que temos o MEC (feio como sempre) brilhante e desinibido:
One day to change the world
29 outubro 2008
Série Culturas Juvenis
28 outubro 2008
A Questão Hetero: da normalidade ao fundamentalismo
Por considerar que este assunto, o do direito ao casamento homossexual, é, actualmente e ainda, uma questão socialmente fracturante e que, também por isso, merece uma atenção maior e carece de uma discussão séria e calma, não tinha ainda (até 21 de Outubro) suscitado o meu interesse enquanto activista. Contudo, depois da leitura do pedaço de prosa de AP não posso ficar quedo e mudo. A melhor forma que encontrei para manifestar a minha indignação foi enviar este texto ao Director desta digníssima publicação, solicitando a sua publicação nem que seja em jeito de “direito de resposta”.
Exmo. António Pires de facto fica bem fazer citações (como tal, irei fazer algumas suas), tal como importa saber que não quer ser excluído da comunidade à qual pertence, mas ao escrever da forma que escreve, está a excluir todos(as) aqueles(as) que não partilham dos seus valores de crença, de cidadania e de civilidade. Estranha forma esta de... Depois, ficamos também a saber que para AP esta questão é, tal qual, uma guerra, na qual os homossexuais (maus, vilões, bandidos, depravados, insultuosos da moral e dos bons costumes – pelo menos de AP, enfim, cidadãos de 2ª ou 3ª categoria), são “opositores” dos heterossexuais (essa superior casta de defensores do Ethos e do Pathos nacional - cidadãos bem formados e educados (aos quais AP faz questão em manifestar a sua pertença e fidelidade) para o fim último da espécie humana que é a sua continuidade.
Felizmente hoje os homossexuais não vivem clandestinamente, mas o estigma social, económico e cultural permanece bem vivo e bem presente na sociedade portuguesa e o contributo de AP não passa disso mesmo, de um reforço dessas estigmatizações. Por outro lado e ao contrário do que parece ser o pensamento de AP, todos os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa, incluindo o da diferença, são para levar à letra e para serem respeitados. A sua condição de heterossexual não é mais do que isso, não lhe confere nenhum estatuto de superioridade, autoridade, soberania ou outro, relativamente aos demais e por isso não lhe fica bem o ar altivo com que se afirma como tal, nem tão pouco se percebe a necessidade de tal afirmação (…poderá ser difícil saber o que é ser homossexual ou heterossexual sem entendermos as nossas ideias e a interligação das imagens que representam essas realidades. As identidades são construídas – como este texto, pelos sistemas representacionais, como por exemplo a linguagem).
Também seria importante que AP revisse o conceito de casamento, pois parece haver alguma confusão quanto ao conceito… porque na República dos(as) portugueses(as) o casamento não é mais do que um contrato social. Para além disto, há também e para aqueles(as) que professam uma qualquer religião, melhor dizendo, para aqueles(as) que professam algumas religiões, a possibilidade de assumirem perante a lei da sua igreja essa pretensão. Da leitura da sua prosa surgem, igualmente, dúvidas quanto à representação pretendida, por exemplo quando diz que “os casais propriamente ditos” (…) “casais normais” – conhece outra forma de expressão de casal!?... Talvez casais não propriamente ditos, ou talvez casais propriamente não ditos!?... Talvez casais anormais!?... Casais são aos pares!
Não deveria adjectivar a pretensão dos homossexuais como uma “exigência”, mas sim socorrer-se da ideia do direito à diferença. A imagem demagogicamente apresentada de uma união heterossexual como garantia de procriação e de continuidade da espécie, aliada ao elemento religioso – a dádiva, traz para esta discussão não a naturalidade da origem da vida de cada indivíduo (cientificamente demonstrada e humanamente por demais experimentada), mas sim o princípio prodigioso e dogmático desses momentos primeiros. Depois, a recorrência a personagens míticas ou bíblicas – que nos remetem obrigatoriamente para um mundo fantástico e metafísico ao qual nem todos aderem, só servirá para radicalizar o discurso e extremar posições.
No que à adopção diz respeito, apenas direi o seguinte: Desvirtuar o milenar conceito de família é não perceber que as sociedades evoluem, a ciência evolui, a civilização evolui, logo a família, enquanto instituição social, evolui. Não adianta ficar agarrado àquilo que já não é, porque trata-se de um processo dinâmico, sem data e tempo de origem definidos. Se afirma que a natureza humana dita as suas próprias leis, entenderá como aberração da natureza, por exemplo, os métodos alternativos de procriação, ou de inseminação artificial, ou os métodos de contracepção com que a ciência, e não o prodigioso, nos presenteou… Aquilo que, ao fim e ao cabo, importaria era que este fosse tema de conversa, de reflexão e de discussão, através de uma abordagem séria e positiva (leia-se construtiva), que fosse capaz de se centrar no essencial e desprezasse todo o acessório. Estamos perante uma questão de grande melindre e de grande pertinência social que justifica, sem qualquer dúvida, a existência de legítimas reservas, que são perceptíveis na sociedade portuguesa. Mas isso não pode invalidar, nem prejudicar a reflexão e a discussão.
Curiosa é também a sua perspectiva sexista dos papéis sociais esperados dos géneros feminino e masculino. A sua verdade sobre a intrínseca condição humana remete-o para o desígnio animalesco da maternalidade feminina e do viril cobrimento machista.
Quanto ao demais apresentado nesta prosa parece-me inócuo e sem sentido. Confundem-se alhos com bugalhos sem qualquer nexo ou senso, chegando ao ponto de verbalizar que os seus concidadãos transmontanos vivem num “recatado pudor provinciano”. Peremptoriamente, este texto representa, para mim, uma atitude tremendamente misantropa e irracional, geracionalmente perigosa e anti-pedagógica, religiosamente dogmática e fundamentalista e socialmente injusta e discriminatória.
Este pedaço de prosa parece produto não das Novas, mas das Velhas Oportunidades que povoam, ainda, o consciente e o inconsciente de muitos dos nossos cidadãos. Exmo. António Pires, nada contra a sua opinião, que será tão válida quanto a minha e a de qualquer outro cidadão. No entanto, não posso deixar passar este insulto à dignidade de cidadãos que em nada diferem de si e de mim. Iguais em direitos, deveres e obrigações. A forma homofóbica, eu diria mesmo, provocatória como se dirigiu aos cidadãos homossexuais foi injuriosa ao designá-los por “estranhas parelhas” e “parelhas homossexuais”. Se se dá ao direito de se sentir “profundamente ofendido”, “não o defenda em vão, nem o use apenas em proveito próprio”!...
Por fim, uma palavra para as minhas palavras, naquilo que o meu escrever quer dizer: Retrate-se.
27 outubro 2008
dimensão oculta
26 outubro 2008
Placelessness
25 outubro 2008
the question

24 outubro 2008
20 outubro 2008
ecos...
As lendas, as orações o crer e o querer das gentes que ainda hoje habitam lugares quase inacessíveis e que torna a vida do ser humano quase igual à vida dos seus animais."
18 outubro 2008
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agendamento

12 outubro 2008
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10 outubro 2008
septuagésima terceira vez a ler

dilemas da actualidade (... que não meus obrigatoriamente)
09 outubro 2008
A minha ileteracia

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Portugal, a Islândia e a crise
04 outubro 2008
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