25 fevereiro 2009

23 fevereiro 2009

altar de esterco e a colecção ignomínia

Face ao acumular de situações e porque esta podridão começa a cheirar mesmo muito mal, abri uma nova rubrica neste meu espaço e ao qual chamei "Altar de Esterco - Colecção Ignomínia", onde pretendo juntar a escumalha pública, mal cheirosa, que tem contribuido para o lastimável estado da nossa sociedade. Começo esta colecção com meia-dúzia de ilustres, mas sei que brevemente ela vai crescer exponencialmente. Aproveito também para solicitar e agradecer o envio de "cromos" que faltem e se possam enquadrar nesta colecção. Utilizem o email do apurriar e/ou os comentários deste texto. Obrigado.

esgoto a céu aberto

Acabei de ler no Expresso online a sentença proferida pelo Tribunal no caso conhecido por Bragaparques. Deveria exclamar aqui a minha surpresa pelo teor e qualidade da sentença, mas não, não estou. Hoje em dia em Portugal nada nos pode surpreender mais. Este só foi mais um momento... Esta merda está entregue! Este esgoto tem já direito a ver a luz do dia! Impera a ganância e a corrupção no regime e suas instituições. E o problema maior é que assim conseguimos viver e conviver com o reconhecimento público dessa podridão. Desde o início que sabemos que este individuo foi apanhado em escutas legais a tentar subornar o vereador José Sá Fernandes. Agora, o tribunal dá como provada tal tentativa e apenas o multa com 5000 euros!?.... O que é isto!?... Que desilusão!!!...

20 fevereiro 2009

blogue seguinte»

Aproveitando os momentos em que nada se faz... ou melhor, aproveitando os momentos em que nada apetece fazer, viajo através da blogosfera por todo o mundo e sem destino. Para isso basta apanhar boleia do botão que a "blogspot" disponibiliza no header de cada página e que diz: blogue seguinte». Como sou meio trengo nestas coisas das novas tecnologias, mas curioso, vou experimentando e explorando as ferramentas ao meu dispor. Foi assim que comecei a experimentar esse botão e agora, faço-o regularmente. Incrivel quantidade e, principalmente, variedade de espaços e lugares, de pessoas e coisas, de gostos e temas, de linguas e linguagens. Ainda mais incrivel para a minha humilde condição é o facto de esta viagem ser aleatoria e não ter paragens fixas ou roteiro pré-definido (como podem ver nos exercícios que apresento). E mesmo quando resolvemos dar um passo atrás, o seguinte não será igual, ou seja, nunca voltamos ao mesmo sítio onde já estivemos. Pelo menos nas minhas viagens não me lembro de ter repetido um mesmo lugar...
Este é o espanto perante o maravilhoso e infinito abismo que vivemos!
Partindo de casa (do blogue Apurriar):
exercício a
1º - the greatest sports
2º - le depot-vente de la folie
3º - luissanz
4º - blopa
5º - hoffenheim - wir kommen
6º - carangos & afins
exercício b
1º - about the laziness
2º - nichola's blog
3º - club tennis taula roses
4º - norsk internasjonalt piratskipsregister
5º - helena harper's blog
6º - centro de formacion lhaurisilva

redes sociais

porque tenho fama de ser casmurro e teimoso
Sem querer dar muita importância ao assunto e sem querer escrever muito acerca disso, registo aqui a data em que uma amiga, sob a chantagem emocional de que tinha colocado umas fotografias minhas no seu espaço virtual, me "obrigou" a inscrever no hi5. Nunca me senti atraído por tais espaços. Agora, ainda que residualmente, estou lá registado e tenho já dois amigos(!?)... Não sei se por lá permanecerei, mas pelo menos experimentei. Disse.

adenda - a propósito este artigo/noticia no jornal SOL

escadas (rolantes) que não rolam

Eu sei, até porque já assisti ou fui testemunha de inúmeros momentos atrapalhados e embaraçantes, que muita gente tem receio ou pelo menos desconfia destas pontes modernas que equipam os espaços colectivos e que ligam pisos diferentes de uma forma, normalente, pouco elegante e, muitas vezes, abrupta. No entanto, há que dizê-lo, são uma maravilha de descanso e de conforto. Depois de milhares de anos a subir e a descer escadas, agora e aí, são as escadas que, mecanicamente, sobem e descem. Nós, humanos, libertámo-nos desse grande esforço(!?...) e, agora, gostamos de as utilizar pois permitem-nos, entre outras coisas, libertar o olhar para a demais paisagem e seus elementos distrativos. O problema é quando uma dessas pontes - ascendentes ou descendentes, está parada. Pelo menos para mim e, a julgar pelas expressões faciais, para os demais, o bloqueio mental é instantâneo e brutal, só de pensar que temos de dar à perna, chateados quase nos apetece escolher outro caminho (que muitas vezes não existe). Ainda por cima parece-me que custa mais descer ou subir estas escadas do que umas escadas normais (não-mecânicas)... autêntica preguiça mental.

18 fevereiro 2009

aspereza nua da crise

Aquilo que poderia ser um futuro para uma jovem de 19 anos, acaba assim. Resumida e telegraficamente expõe a sua dificil condição. Irmã de mais 7 filhos de mãe (divorciada ou solteira), como parte curricular do seu curso profissional de 11º ano, começou a estagiar connosco no mês de Janeiro. Terminou hoje com este comunicado. Eis mais um exemplo, próximo e expressivo, da real situação do nosso país e que nos impele para a rejeição da estatística fria e dos números oficiais do estado que nos (des)governa. Tentando salvaguardar identidades, transcrevo esse comunicado.


Mensagem original-----
De:
!!!!!!!!!!@sapo.pt [mailto:!!!!!!!!!!!!!@sapo.pt]
Enviada: quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 16:54
Para:
???????@inconsulting.pt

Assunto: Presença no estágio amanha.


Boa tarde antes de mais.

Escrevo este e-mail para informar que apartir de amanha talves não
compareça mais ao estágio, visto que, tive que desistir da escola, a
situação aqui em
casa esta muito complicada, a minha mae está com uma depressão enorme
e o que ela ganha já nao chega para pagar todas as dividas.
Ontem já me inscrevi no centro de emprego, tenho a cabeça um pouco
confusa, mas tenho que arranjar trabalho, no entanto depois vou
completar o 12º no curso noturno que a escola tem.
Agradeço desde já o carinho e avontade com que me receberam, a
confiança que colucaram em mim, são todos pessoas excelentes, muito
bem dispostas e com uma forma de ver a vida espantosa.
Admirevos imenso.
Peço então que se por acaso conhecer algum local que esteja a oferecer
emprego que me comunique.
Sem mais nada de momento e pedindo desculpa por vos deixar na mão e
com muita pena por nao poder continuar convosco.

Melhores cumprimentos.

!!!!!! (assinatura)

16 fevereiro 2009

dia no parque natural de montesinho




fotos de Jorge Morais Sarmento


a neve é bonita durante os primeiros quinze minutos! (frase do dia de hoje)

12 fevereiro 2009

200 anos de Charles Darwin

Este Senhor faria hoje 200 anos. Foi ele que, há 150 anos, apresentou ao mundo de então a teoria da evolução das espécies segundo a selecção natural. À época muito criticado, depois e até hoje, enormemente respeitado.

11 fevereiro 2009

eterna questão

(imagem e notícia "roubada" da livraria Pó dos Livros online)
Porque também já me apercebi que é verdade. Vou procurar e vou ler.

amor com amor se paga

Os bispos reunidos hoje, em conferência episcopal, afirmam: nas próximas eleições, os portugueses não devem votar nos partidos que defendem o casamento homossexual.
Interessante seria a reacção destes senhores se os partidos políticos que defendem o casamento homossexual começassem a fazer campanha identica - que os portugueses que aceitam essas uniões não deveriam frequentar, nem acreditar na religião católica e nos seus representantes.

10 fevereiro 2009

desassombro da memória

Hoje, enquanto almoçava e tal como faço regularmente aproveitei para desfolhar o jornal Público, que trazia na sua última página uma crónica de Nuno Pacheco que versava sobre Salazar e suas circunstâncias. Já ontem à noite, mal chegado de Bragança e enquanto trincava uns bolinhos de bacalhão com alface e superbock, liguei o pc e a tv, esta para conhecer as notícias, aquele para abrir hipotética correspondência. Num rápido zapping pelos canais disponíveis, apercebi-me de uma ficção nacional cuja personagem central era Salazar (salvo o erro, na SIC). Com grande sucesso está no ar, também, uma nova série da ficção "Conta-me como foi", que também narra as vidas normais de um Portugal de Estado Novo. Recordo neste instante, esse inacreditável concurso que um qualquer canal televisivo nacional promoveu, no qual era suposto ser eleita a principal figura da história portuguesa. Se não me engano, foi Salazar a figura mais votada pelos portugueses. E por último, hoje, estando eu numa fila de pessoas à espera para ser atendido, ouço a conversa de duas senhoras que, imediatamente à minha frente, vão comentando a excelente produção e o magnífico desempenho de Diogo "qualque coisa" no papel de António Salazar. Ambas assistiram à tal série e adoraram.
Pois é. Quem diria!?... Não haverá dúvida que o tempo tudo cura. À medida que este passa, a capacidade de recordar vai-se esvanecendo. Por mais que alguns (talvez cada vez menos...) lutem contra, é mais do que natural que os fantasmas que povoavam os pesadelos de outrora comecem, progressivamente, a transfigurar-se em heróis românticos e/ou enigmáticos nos "sonhos" que ainda podemos ter... O hiato de tempo imposto pelo tabu histórico resultou num profundo desconhecimento desse periodo do século XX. Agora percebe-se uma crescente vontade de melhor conhecer esses tempos, esses espaços e personagens, principalmente nas gerações mais novas que, sem culpa, não experimentaram essa realidade e por isso mesmo não a conseguem reconstruir mentalmente, porque a memória e as nossas recordações são conservadas através da referência ao meio que nos rodeia.
À medida que a neblina se vai dissipando, perceberemos cada vez mais nitidamente a desmitificação dessa figura central de grande parte do século XX português. E será principalmente através do espelho nacional que é a televisão que o iremos entender.

05 fevereiro 2009

uma vez mais vou LER

Porque ainda não tive sequer tempo de a folhear. Retenho os olhos na capa. Mais uma magnífica capa.

03 fevereiro 2009

Ai Portugal, Portugal! Do que é que tu estás à espera!?...

Ao percorrer os meus atalhos partilhados diários encontrei no Arrastão um texto comentando o programa Prós e Contras da RTP que ontem discutiu a mediática e actual questão do Freeport. Programa ao qual eu também assisti na íntegra. Nada de novo se disse e a verdade é que, tal como diz Pacheco Pereira no Abrupto, foi uma vergonha, pois não houve Contras... entretanto, e como estava a dizer, no blog Arrastão, Daniel Oliveira também reage ao programa de uma forma que considero, no essencial, correcta. Depois, fui ler os comentários que os seus leitores fizeram e houve um que me chamou, particularmente, a atenção e que me deixou pensativo, talvez apreensivo, o que motivou este post e que me recordou a letra de Jorge Palma que dá título a estas palavras. Como seria demasiado esforço para os demais percorrerem o caminho dos links, achei por bem copiar para aqui esse comentário de alguém que assina D.

A curta estória da democracia portuguesa
Após o 25 do 4 de 74, Portugal caminhou para um caos que só foi travado pela União Europeia. Os dinheiros europeus trouxeram o bem estar necessário a militares irrequietos, que apenas esperavam uma oportunidade para agir. A população, iludida com o “progresso” que a UE trouxe e pelas promessas de um futuro melhor e “igual” para todos, não se apercebeu (ou fingiu não se aperceber) que tudo se apoiava numa base demasiado frágil. Depois vieram os emprestimos e a casa para todos, as licenciaturas a peso, ferias no estrangeiro e uma aparente prosperidade geral.
Nos quarteis as altas patentes militares discutiam, secretamente, a fragilidade do país e o sistema que o sustentava. O dinheiro ia satisfazendo os praças e os oficiais viviam confortavelmente.
Com os primeiros sinais de crise (e de cortes no orçamento militar) as altas patentes começaram a partilhar algumas das suas preocupações com os oficiais mais graduados.
Em 2008 a crise já era visivel e o exército faz um pequeno ensaio de revolução (um teste de força), chantageando o Governo. Alguns altos oficiais vêm para a praça pública alertar para o crescente desconforto de “homens que tem armas ao seu dispor”.
O ano de 2008 termina com uma crise à escala mundial. O ano de 2009 trás, para além da crise, um escandalo que evolve o primeiro-ministro. A população não acredita mais nas instituições. As cúpulas do exército decidem avançar. Um golpe de Estado está para breve.
Passem a palavra.
D.

02 fevereiro 2009

Mercado do Livro

Mais uma edição do Mercado do Livro (não tenho a certeza do nome...) este ano e pela primeira vez no Pavilhão Rosa Mota. Se não estou em erro teve início na passada 6ª feira e não sei até quando estará aberto. Sei é que mal abriu já lá estava a mexer em centenas e centenas de livros. Porque ainda foi no inicio e era cedo, a oferta era muita e razoavelmente organizada. Tal como seria de esperar, dei comigo com vários títulos já seleccionados para virem comigo, mas num esforço selectivo acabei por me conter e singir-me às (mais ou menos) imediatas necessidades.
Aqui ficam os nomes dos felizes contemplados com uma viagem até e estadia em Valadares:
- Introdução ao Nacionalismo Galego de José Viale Moutinho;
- Introdução ao Estudo do Parentesco de Christian Ghasarian;
- Comunidades Imaginadas de Benedict Anderson;
- A Lógica da Escrita e a Organização da Sociedade de Jack Goody;
- O Leito e as Margens de Paula Godinho;
Para não ter que escrever um novo post e porque não foi neste Mercado que o adquiri, uma referência para uma colectânea de textos, organizada por João Ferreira Duarte, sobre Tradução Cultural.

30 janeiro 2009

acordo ortográfico.... (uma vez mais)

Lí hoje na edição online do jornal SOL, uma entrevista ao ministro da Cultura, onde afirma que quer que o Acordo Ortográfico, «o mais tardar em 1 de Janeiro de 2010», seja aplicado «a nível oficial e em todos os meios de comunicação social». Quanto aos críticos do Acordo Ortográfico, o ministro entende que «todas as pessoas são livres de escrever como quiserem». Mas pretende que «integrem a nova forma» e, por ele, «quanto mais cedo melhor». Não deixa, no entanto, de deixar uma palavra aos que «trabalham com a língua quotidianamente - os grandes escritores, os poetas». Estes poderão escrever português como entenderem. O ministro garante que não levará a mal.
Então só os grandes escritores é que poderão escrever como bem entenderem!?... mas então e os pequenos escritores!?... e os outros!?... serão obrigados a!?.... (até aqui há descriminação - chamemos-lhe sectarismo intelectual).
Mas afinal de contas, quem é ele para levar ou não a mal!?...
Na mesma secção de cultura deste jornal online, a noticia de que Inês Pedrosa aproveitando o lançamento de um livro seu no Brasil, criticou o acordo afirmando que a adopção de uma grafia para unificar documentos não é importante, até porque muitos acordos acabam por não ser cumpridos. O importante seria que os países da CPLP se unissem para defender e promover a sua cultura.
Nota: como Inês Pedrosa pertence ao tal grupo dos "grandes escritores" pode dizer, fazer e escrever como bem entender. Certo?

29 janeiro 2009

amor...iconográfico



educação musical

Porque há, continua a haver muita qualidade disponível. Sem ser uma novidade, Stef Kamil Carlens (que dizem ser o front-man de palco ideal) e os seus Zita Swoon, ao vivo, conquistando paulatinamente - neste caso, de estrofe em estrofe, um público que não sei se o seu... (desculpem pelo pretencioso título, mas é mesmo isso que se trata).

o meu gadget

Telemóvel. Mas porque não toca ele!?... Hoje sei que será através dele que tudo se passará, mas não agora, nem depois. A ausência sentida até no meu próprio telefone que, teimosamente, não toca!

27 janeiro 2009

primeiro beijo

Foi quando ainda jovem deambulava de bar, em festa, pelas noites longas das vilas e cidades. Por muito ou mais que gingasse o João demorava sempre no mesmo lugar, pois era aí que gostava de estar. Era aí que se sentia bem. Era aí que queria ficar, sempre. Nada mais. Ali, naquele sítio onde sabia poder encontrar Ana, uma jovem conhecida, de tonalidades exóticas, modos simples e olhar intenso. João vivia esses pequenos e breves momentos com tal intensidade que a ansiedade era perceptível. Assim que Ana chegava com dois beijos, o sobressalto nele era tal que logo se manifestava num atropelo de pensamentos e palavras.
Por breves que fossem estes encontros, ele sentia-os imensamente e mesmo antes de cada um deles findar, João só já ansiava por uma próxima vez. Com o passar do tempo e à medida que se iam conhecendo, ele sentia-se cada vez mais preso a ela e, a partir de determinada altura, sentiu que a empatia e a vontade eram recíprocas. Ana também gostava de ali estar.
Uma outra atitude se impunha agora a João, que num gesto improvisado e quando, uma vez mais, Ana sorrindo chega perto de si, lhe diz que a adora desde sempre, desde o primeiro momento que a sua memória a consegue recordar e que é já doloroso para si continuar a conviver com Ana sem poder ir mais além… O lindo sorriso de Ana deu lugar a uma expressão grave e preocupada, o que assustou João, mas Ana sem dizer o que fosse, respondeu-lhe com um beijo, um leve mas longo toque de lábios, no fim do qual segredou: - Que bom meu amor!
Hoje, já bem longe, João recorda esse primeiro momento, conseguindo ainda sentir, na boca de Ana, o sabor desse primeiro beijo e no seu olhar, encontrar a memória desses alegres e bonitos dias.

24 janeiro 2009

um ano mais... Apurriar

Assinalo mais um ano desde o dia em que criei este espaço. Recordo a incerteza e a reticência em publicar e manifestar aquilo que também sou eu. Sim, neste espaço individual, vou depositando aquilo que eu sou ou vou sendo e aquilo onde estou ou vou estando, numa atitude que não entendo como narcísica ou egoísta, mas sim como altruista de quem não tem outras intenções a não ser o gosto de reflectir sobre aquilo que vai acontecendo à minha/nossa volta. Se ambição houve à partida, essa foi a de criação de um espaço de partilha e de comunicação e, passados dois anos, aquilo que posso afirmar é que essa ambição se mantém.
Para mim o ser Blogger não é mais do que ter um espaço - género livro aberto, organizado e arrumado, onde sei que não perderei qualquer informação. É, sem dúvidas, um excelente arquivo. Pessoalmente, continuo a gostar muito do cheiro do papel e de poder escrever, corrigir, riscar, reescrever, borratar, ler e reler aquilo que poderia ter sido mas não foi, aquilo que pensei um dia, mas que por qualquer razão não vingou. Apesar de toda a tecnologia disponível e de todas as novas possibilidades que gosto de conhecer e experimentar, vou continuar a gastar papel e canetas pretas, tentando sempre manter o gosto, a vontade e a arte para aqui ir depositando parte daquilo que vou fazendo.
Uma última linha para agradecer a todos(as) aqueles que, aqui, me visitam e vão interagindo comigo.

19 janeiro 2009

João Aguardela


É com tristeza, profunda tristeza que soube da sua morte. Por tudo aquilo que me proporcionou nos tempos da primeira juventude - o tempo em que o fim não era sentido nem percepcionável.

16 janeiro 2009

a LER

Este mês um pouco mais tarde do que o habitual, mas dia 15 cá está o nº 76 da revista Ler. Para além da enorme entrevista a Agustina Bessa-Luís, e daquilo que já pude ler, retive a seguinte frase:
Num mundo no qual as identidades se vão diluindo, é curioso questionarmo-nos sobre as influências que sofremos e, ao mesmo tempo, fixar a memória daquilo que se vai perdendo a um grande ritmo. Trata-se da morte das tradições e das raízes que explicam aquilo que somos. ( José Luís Peixoto)

15 janeiro 2009

desculpem a insistência

igual a nada

Ontem enquanto percorria os atalhos partilhados dei de caras com um texto muito interessante acerca de livros, escrito por um livreiro. Aqui fica transcrito parte desse texto:
Editam-se livros de mais? Acho que sim, pelo menos para os livreiros, editores, autores e distribuidores. Não tenho a certeza em relação ao público em geral, porque esse ganha, à primeira vista, com a diversidade. A humanidade escreve muito mais livros do que consegue ler, isso é uma evidência. Edita-se um milhão de livros por ano e ficam dois ou três por editar, quer isso dizer que se escrevem dois a três milhões de livros por ano. Se um ser humano pudesse dedicar toda a sua vida apenas a ler, conseguindo, suponhamos, ler quatro livros por semana, 200 por ano, dez mil em meio século - seria igual a nada, tendo em conta os milhões e milhões de livros existentes em todo o mundo. Para terem uma ideia da dificuldade que é para um livreiro gerir uma livraria face aos livros novos editados exclusivamente em Portugal, que rondam neste momento os 16 mil por ano: se quiséssemos disponibilizar todos os novos títulos na livraria, considerando uma média de dois cm de espessura por livro, seríamos forçados a aumentar a Pó dos livros em 320 metros de prateleiras, o que daria mais ou menos 45 estantes, ou seja, teríamos de ampliar anualmente a nossa livraria em dois terços do espaço.
Jaime Bulhosa da Pó dos Livros

14 janeiro 2009

politicamente correcto e ecuménico...

Durante uma tertúlia, ontem à noite na Figueira da Foz, o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, deixou o alerta para as jovens portuguesas:
«Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Ala sabe onde acabam»

09 janeiro 2009

Leituras do Pessoa

Ecolalia Interior
O português é capaz de tudo, logo que não lhe exijam que o seja. Somos um grande povo de heróis adiados. Partimos a cara a todos os ausentes, conquistamos de graça todas as mulheres sonhadas, e acordamos alegres, de manhã tarde, com a recordação colorida dos grandes feitos por cumprir. Cada um de nós tem um Quinto Império no bairro, e um auto-D. Sebastião em série fotográfica do Grandela. No meio disto (tudo), a República não acaba.
Somos hoje um pingo de tinta seca da mão que escreveu Império da esquerda à direita da geografia. É difícil distinguir se o nosso passado é que é o nosso futuro, ou se o nosso futuro é que é o nosso passado. Cantamos o fado a sério no intervalo indefinido. O lirismo, diz-se, é a qualidade máxima da raça. Cada vez cantamos mais um fado.
O Atlântico continua no seu lugar, até simbolicamente. E há sempre Império desde que haja Imperador.
(desde longe de 2009 e com uma acutilante actualidade continuo a ler e a ler Fernando Pessoa)

08 janeiro 2009

curiosidade

Hoje o portal Sapo apresenta uma questão aos seus visitantes acerca da reunião que tem lugar hoje em Paris e onde se irá discutir uma estratégia para a resolução da actual crise financeira. Os visitantes que quiserem podem escolher entre três respostas possíveis. O resultado desta mini-sondagem, às 11:20 am, era:
Alguns líderes europeus reúnem-se hoje em Paris para debater «Novo Mundo. Novo capitalismo». É apologista:
- Da reforma do sistema capitalista = 35%
- Da manutenção do actual sistema = 7%
- Da criação de um outro tipo de sistema = 59%

praças de aquecimento

É nestes dias de frio, de maior frio, que estes lugares conhecidos por praças de alimentação (dúvido da sua condição de "lugar", mas...) se enchem de gente. Muita gente e variada... de tamanhos, de cores, de feitios e de odores. Tamanha salgalhada que chega a ser incompreensível como conseguem sequer ter ar para respirar. Mas a realidade é que conseguem e por lá andam... mas haverá pelo menos uma explicação para tal facto e essa explicação é o frio que se faz sentir nas ruas e nas casas. Aqui, pelo contrário, nestes corredores enormes a temperatura imposta é tropical, agradável principalmente para os esqueletos mais sensíveis e/ou para os mais gastos. O ar criador de todo este ambiente parece mais forçado do que condicionado, tal é a sua intensidade. É por isto que se percebe a permanente densidade humana - espaços quentes, aconchegantes(!?) e gratuitos.
Reparem na confortáveis poltronas e sofás que se encontram plantados um pouco por todos os lados destes centros e naqueles que por lá se deixam ficar durante largos minutos (horas)... ora desfolham um qualquer jornal gratuito (oje, destak, meia-hora ou metro) em jeito de quem lê interessadamente, ora se deixam embalar num estado sonolento, que em alguns casos passa rapidamente a sono profundo, permitindo-lhes embarcar, ainda que por breves momentos, num qualquer outro mundo de sonho: quiçá sonhando com as/os jovens que, no momento imediatamente anterior a terem adormecido, lhes passou à frente... quiçá imaginando-se a si próprios enquanto jovens ou comparando atitudes, modos, comportamentos ou modas. Será um qualquer ruído suplementar que os fará despertar sobressaltados e os trará à sua condição.
Experimentem passear pelas avenidas destes espaços e verão como conseguimos encontrar em todos eles determinados padrões de comportamentos e atitudes, numa panóplia geracional e numa heterotópica funcionalidade.

06 janeiro 2009

04 janeiro 2009

Guarda Livros

Já deveria ter escrito há muito tempo aquilo que agora escrevo. Faço-o neste momento porque estou, precisamente, a visualizar na RTPN, em directo, um "episódio" do programa Guarda Livros de Francisco José Viegas. Hoje à conversa em casa de Rubens de Carvalho, cuja biblioteca é impressionante. Apesar de não ter assistido a todos os Guarda Livros - vi com a Filomena Mónica, com o Mário Claúdio e com o Lauro António, sei que no arquivo online da RTP esses episódios estão todos disponíveis (vejam no link do título). Espero em breve ter tempo para os ver, porque de facto este é um daqueles exemplos de bem fazer televisão. Sem dúvida.

02 janeiro 2009

imagem que nos liga


Esta é a imagem que podemos encontrar em vários outdoors espalhados pela cidade de Bragança e, presumo eu, em todas as cidades entre Vila Real e Bragança. Ainda não consegui perceber muito bem a lógica desta imagem, que nos enormes outdoors tem mais informação e onde o rapaz é associado a Vila Real e a jovem associada a Bragança. Desculpem-me os "mágicos" da publicidade e do marketing mas parece-me uma imagem e uma mensagem difusas, que permite inúmeras leituras e que vão muito além da propaganda do regime... de todas, aquela que vou realçar porque perversa é a de que, de facto, muitos casais vivem o suficientemente afastados para precisarem deste esparguete. É verdade... esta imagem é utilizada para anunciar a auto-estrada transmontana!...

dois mil e nove

O tanto que poderia ser dito acerca deste ano. No entanto, abdico em favor destas mil e uma imagens cuja grandeza me deixam estarrecido.

29 dezembro 2008

2008

Sem ter por hábito fazer balanços ou balancetes acerca daquilo que (me) vai acontecendo, o que posso aceitar como defeito metodológico pessoal, o certo é que há no calendário anual determinados momentos mais sensíveis, tais como aniversários pessoais ou daqueles com quem partilhamos a nossa existência, dias de nomeada colectiva como o Natal, ou aqueles que marcam o compasso do tempo absoluto como a passagem de cada ano, passíveis ou susceptíveis a determinadas reflexões pessoais e circunstanciais, sincrónicas ou diacrónicas, de revisão ou projecção, nas quais tentamos perceber aquilo que de bom ou de mau, de positivo ou de negativo, de feliz ou infeliz (nos) aconteceu num determinado espaço de tempo.
É assim que a dois dias do final deste ano de 2008 aproveitando o aconchego que o moderno aquecimento central me proporciona, protegendo-me da permanente geada que sinto lá fora, medito e exteriorizo alto, através destas palavras, a minha perspectiva deste ano. O que farei em duas diferentes dimensões: a primeira é acerca do EU no seu sentido mais lato e a segunda dirá respeito ao NÓS enquanto espaço e tempo partilhado, numa visão holística na qual os EU’s não serão mais do que uma ínfima parte desse NÓS.
EU, bem no inicio do ano de 2008 ou ainda mesmo nos últimos instantes de 2007 exteriorizei perante um reduzido número de amigos que perspectivando o ano que aí nascia, tinha três grandes objectivos que gostaria de ver concretizados durante o decorrer desse ano: a) resolver ou definir a minha situação profissional; b) criar e dar espaço a uma nova vida fazendo crescer o agregado familiar; c) tratar com eficácia e se possível definitivamente o problema de saúde que me afectava. Assim, com optimismo, entusiasmo e “ganas” parti para este grande ano oito depois de 2000.
EU, agora e olhando para todo este tempo que decorreu desde então, posso dizer que o ano terá tido duas grandes fases distintas. Uma primeira correspondente aos primeiros quatro a cinco meses do ano nos quais o esforço, o empenho, o investimento e talvez a sorte, me permitiram acreditar que tudo corria bem e os tais pressupostos pessoais seriam alcançáveis. O investimento num novo projecto empresarial, o prazer na tão desejada e adiada gravidez, a procura incessante e sistemática até ao diagnóstico correcto acerca do meu mal-estar fisiológico e, no entretanto, o esforço no iniciar do mestrado e a edição de um novo livro, completavam os meus dias, substituindo a monocórdica rotina de tempos anteriores.
Depois, e quando chegámos mais ou menos ao meio do ano esse sentimento mais optimista deu lugar a alguma frustração e desalento. O momento primeiro que terá motivado essa altercação do estado de espírito terá sido o abortamento dessa nova vida que estava a caminho. Sem que tenha sido traumático, obrigou a um novo adiamento sem data, de algo que EU considerava já por demais atrasado. Depois e até hoje, numa velocidade atroz, quase como se tropeçássemos numa pedra e desatássemos aos trambolhões pela encosta do tempo abaixo. Pelo caminho e já bem perto deste lugar onde hoje EU me encontro, a percepção de que o investimento e o esforço no novo projecto empresarial não vingou e por isso a minha situação profissional não está diferente daquilo que estava há precisamente doze meses. Também, aquilo que se apresentava como solução para o meu problema físico, apesar de ter conseguido restituir-me algum conforto e qualidade de vida, não se perspectiva como resolução definitiva, mas sim como paliativo ao qual terei que recorrer periodicamente para poder manter a dor e o desconforto distantes. Para além disto, esta mesma solução química que me permite andar razoavelmente bem estraga-me os genes, o que leva o doutorado Professor que me acompanha e cuida dos males a sugerir um adiamento “sine die” do ansiado momento de nova fecundação familiar…
EU, verdadeiramente, não posso dizer que o ano me correu mal. Espero, como o comum dos mortais, por mais e melhor, senão nunca pior, mas também posso afirmar com a certeza de quem o experimentou que anos houve bem melhores para o EU. É verdade, foi também o ano em que um profissional da saúde me perguntou se eu conseguiria transformar-me em vegetariano, pois parte da solução para os meus problemas poderia estar nessa transformação… ainda não lhe respondi.
A segunda dimensão sobre a qual inevitavelmente teria que reflectir diz respeito aquilo que é de todos e sobre a qual todos NÓS deveríamos reflectir. Ainda que relativizando as escalas de importância e perspectivando os sistemas de classificação, na linha do tempo aconteceram, acontecem e acontecerão momentos que pela sua unicidade nos permitem destacá-los positiva ou negativamente. Referindo-me apenas a esse pequeno segmento de tempo que foi o ano de 2008, posso e quero destacar aqueles que segundo o meu julgamento foram e são relevantes para o NÓS.
Desde logo e porque foi para mim o acontecimento do ano, talvez da década e, quiçá, do século que vivemos, a eleição do negro Barak Obama para presidente dos E.U.A. Sem euforias messiânicas, acredito sinceramente que estaremos perante o momento primeiro de algo diferente e estranho ao presente e passado recente, ou seja, de mudança de paradigma na ordem e nos valores mundiais. A esperança que isso possa vir a acontecer é grande e acarreta riscos de embriagamento dos sentidos e da razão, portanto alguma moderação e contenção nas expectativas serão aconselhadas, por hora.
Um segundo momento digno do meu registo foi a permanente e crescente sensação de insatisfação e, depois, contestação social que por todo o lado se começou a sentir, principalmente e nomeadamente em Portugal, onde um Governo com grande legitimidade não conseguiu dar as respostas minimamente suficientes e capazes para os problemas dos portugueses e por isso, pudemos assistir ao desbaratar do seu capital de legitimidade na real proporção das manifestações públicas por parte dos vários e diferentes segmentos da sociedade: saúde, forças armadas, polícias, tribunais, agricultura, universidades, professores, pensionistas, profissionais liberais, museus e agentes culturais, entre outros que não consigo recordar, vieram para a rua manifestar a sua indignação pelas opções políticas do governo de José Sócrates.
Por fim, aquilo que muitos consideravam “ad eternum”, no qual depositavam literalmente todas as suas reservas e que nem nos seus piores pesadelos imaginaram poder acontecer, afinal aconteceu… (estou com um sorriso nos lábios e um no cérebro) a lei do mercado e a força do capital não é infalível. Muito pelo contrário.
E não me peçam para ter pena daqueles que perderam os seus capitais investidos, ainda que agora passem fome. Não consigo!... A minha pena continua a dedicar-se aqueles que não conseguem sequer sobreviver: ter um ordenado mínimo, uma pensão digna, uma existência. Esses outros que perderam aquilo que nunca, realmente, foi deles, e que durante algum tempo ostentaram essa soberba e avidez, borrem a cara e o que bem entenderem com a caca à qual submeteram todos os outros durante esse tempo.
Nem os mais pessimistas dos comentadores ditos especialistas me conseguem refrear a excitação por poder estar a viver este momento. Considero-me um privilegiado por aqui estar agora. Mesmo sem saber onde tudo isto vai desembocar, estou disposto a pagar o meu preço – seja um carro ou uma casa (materialidades que não são e, provavelmente, nunca serão verdadeiramente minhas) para que tudo possa mudar, para que possamos refundar a nossa sociedade (…e não, não sou utópico, nem espero amanhãs gloriosos). Quero sim o fim desta canalhice a quem deram o nome de capitalismo, pelo menos nesta sua versão mais estupidificante e redutora: é que as pessoas não são números, por mais que o afirmem e confirmem, a verdade é que as pessoas são sentidos e sentimentos que chegam além do mísero calculismo dos cifrões. Acabou enfim.
Esta é a minha visão do mundo. Acima de tudo humanista, onde o Homem, cada um do NÓS ocupe o lugar central no mundo, com valores dignos e justos que justifiquem a sua existência. Havemos de experimentar algo diferente, isso sei e por isso não espero.
Deixando esse exercício de adivinhação, que não é mais do que saber antes de saber, acerca do futuro e do ano que aí vem, aproveito estes últimos caracteres para desejar que 2009 possa ser tudo aquilo que NÓS queremos que seja.

21 dezembro 2008

tirem-me daqui...

Angústia é o que sinto sempre que me vejo "obrigado" a vir às compras. Não consigo sentir e entender qual o prazer que pode haver em andar de loja em loja, a mexer e a remexer nas peças, a experimentar tamanhos, feitios e cores, num tal de despe e veste que me irrita e faz doer a cabeça, para além das óbvias reservas quanto à falta de higiene inerente a tais rituais.
Agora, chegados e bem a esse momento único em que, despodoradamente, compramos para terceiros algo que adivinhamos eles gostarem, a angústia ainda é maior. É que para além dos sentimentos que nos ligam e nos relacionam, não é admissível que essa mesma relação implique a troca de prendas e, por isso, cada vez resisto mais a esta obrigação instituida (eu diria mesmo, imposta) pela cadeia consumista e hedónica e à qual não conseguimos fazer frente. Está tão intrinseca e profundamente ligado à nossa maneira de ser que, alegremente, largamos os euros (que muitas vezes nem temos) em troca de um conjunto de sacos e embrulhos muitos bem embalados.
Com um nó na garganta cá ando eu de loja em loja com a Maria (a minha) à procura não sei bem o quê... um dia tudo será diferente. Pelo menos para mim, hei-de conseguir libertar-me. O prazer que me dá ofertar é genuíno.

18 dezembro 2008

sock and awe

Encontrado no blog Causa Nossa, este link para um dos últimos grandes sucessos planetários dos videojogos. Vejam lá (aqui) se não é divertido!...

17 dezembro 2008

desperdícios da época

Nada contra as iluminações de Natal, mas em tempos dificeis como aqueles que vivemos e aqueles que esperamos, não seria aconselhável alguma moderação!?... Precisaremos de tanta luz para o sentirmos!? Não me parece. Aqui estaria uma forma de poupar, de não esbanjar, nem desperdiçar e exemplarmente reduzir os consumos de energia eléctrica. Mais um exemplo do nosso particular gosto pelo supérfluo e dispensável.

16 dezembro 2008

14 dezembro 2008

combustíveis

Depois de muitos meses a sermos explorados pelos senhores do crude, a boa sensação ir a um posto de gasolina e de reabastecer o automóvel sabendo que o preço do litro de gasóleo está já abaixo de 1 euro. É claro que queremos sempre mais (neste caso, menos), mas este preço é já um preço razoavelmente justo. Aguardemos para ver o que aí vem...

11 dezembro 2008

comunicado

Serve o presente para informar que a partir deste momento (leia-se data) estou efectivamente desempregado, sem trabalho e desocupado. Também preocupado. Enfim, caso alguém que por aqui passe os olhos, precise ou conheça quem precise dos serviços de um tipo como eu (que pouco ou nada sabe fazer/sabe fazer de tudo um pouco) não hesitem em contactar-me. Para o que for e onde for - uma vez que nos querem globalizados, considero também África, Ásia e Américas.... Obrigado.

09 dezembro 2008

instantes urbanos I

O final do dia traz a noite à cidade. Nos passeios maior agitação de corpos que, mais ou menos, apressados regressam, presumivelmente, ao lar. Dentro do carro, mal estacionado, aguardo quem fui buscar. Bem perto de mim sinto essa agitação que os corpos provocam no ambiente. Estou em frente a uma porta de um qualquer prédio. De entre as dezenas de pessoas que espaçadamente, mas com uma frequência cada vez maior, vão passando e se cruzam comigo, há uma jovem, muito jovem (não mais de 20 anos) que suspende o passo e pára entre mim e a tal porta. Saca do telemóvel e liga a alguém. Aparentemente e a julgar pelo tempo que demora a devolver o aparelho ao bolso de ganga, apenas deu um toque a esse alguém. Num ápice aparece dentro do prédio uma outra jovem, igualmente jovem, que num movimento simples e rápido, se aproxima e, já na soleira do prédio, cumprimentam-se com um leve, mas cúmplice toque nos lábios. Com vontade lançam-se para o passeio em direcção e destino para mim desconhecidos.

06 dezembro 2008

da Disney a Paris

Tal como disse aquando do regresso desta viagem, aqui ficam alguns momentos das deambulações pelas ruas da fantástica Disney e pelas ruas da reluzente Paris.








03 dezembro 2008

arquivo pessoa

Mais um hiper-lugar especial. Informação retirada da Revista Ler online. A magnífica colecção de Fernando Pessoa agora disponível na internet. Eu já acrescentei o seu link aos meus atalhos que quero partilhados.

de regresso...

Depois de uns dias no mundo da fantasia e das luzes, o regresso. Em breve ilustrarei aqui esses momentos.

26 novembro 2008

dernières notes

Quando faltam apenas algumas horas para embarcar rumo às alturas, estou calmo, estranhamente calmo e ainda poderei descansar algumas horas. Entretanto, venho aqui partilhar algumas das expectativas para estes dias em Paris. Sem querer desvirtuar o principal objectivo desta viagem - levar a Emília à Disney no seu 7º aniversário, tentarei cumprir alguns objectivos pessoais, nomeadamente, visitar o Louvre e conhecer pessoalmente a ilustre Lisa; revisitar a gastronomia grega (famosa em Paris); fazer uma (a primeira) visita à morada de Jim Morrison; conhecer a Sourbonne e, se possível, experimentar o Moulin Rouge...
Durante os próximos dias andaremos por terras gaulesas, dando a conhecer à (cada vez menos) pequena Emília o mundo fantástico da Disney. Se for possível durante esses dias, passarei por aqui.
Jusqu'à là, à notre retour, restent bien...

25 novembro 2008

nervoso miudinho de vésperas

Nem era preciso ler esta notícia para começar a sentir um nervoso miudinho cá nas miudezas entranhas. Custa-me sofrer por antecipação, mas é mais forte do que a minha razão e por isso, cá estou eu em plena crise de ansiedade. Tudo porque vou ter que levantar voo e retirar os pés do chão. Por mais que tente não consigo estar confortável lá cima, algures numa qualquer esfera... Esforço-me por estar ausente dessa inevitabilidade que acontecerá apenas daqui a 48 horas, mas toda a parafernália dos familiares preparativos (bem ilustrados na notícia) impede essa manifesta vontade, diria mesmo, manifesta necessidade.

24 novembro 2008

arcaísmos ou sobrevivências

(algures num jornal diário deste último fim-de-semana)

19 novembro 2008

Verborreias

Já desde o noticiário das 8 da manhã que sei que a Dra. Manuela Ferreira Leite disse, a propósito do sistema judicial, que deveríamos suspender a democracia. Mas só agora conseguir ter tempo para ir ler na íntegra o discurso da lider do PSD. Magnífica ideia, como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto... suspender a democracia. Mas como se fará uma coisa dessas!?.... entretanto, e para o caso de não terem tido a oportunidade, aqui ficam algumas das tiradas da cólica verbal de Manuela Ferreira Leite: (retiradas completa e propositadamente do contexto)
«Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia…»
«Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se»
«E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia»
«Fizeram-se umas coisitas, mas não é a reforma»

Direito a Resposta

Tal como previa, António Pires reagiu ao texto que escrevi no passado dia 3 de Novembro. Como não podia deixar de ser, dou aqui espaço para que todos possam conhecer a sua argumentação e resposta ao meu texto (reler aqui) que, por sua vez, fora uma reacção a um texto da sua autoria (reler aqui) publicado no Jornal Nordeste, no passado dia 21 de Outubro.

17 novembro 2008

into the wild

Não percebo porque o traduziram para português assim!?... o título original, que dá nome a este post, não significa "lado selvagem" e para além do mais, desvirtua o significado e o sentido. Mas enfim, também não é por isso que escrevo.
Algures durante a semana passada, a caminho da tertúlia, dei com esta capa na prateleira dos destaques da FNAC. Logo me chamou a atenção este autocarro que reconheci de imediato e não foi preciso mais do que ler a informação contida nesta capa para perceber que sim, de facto já conhecia este autocarro de um filme que víra durante o último Verão e que gostara imenso. O título desse filme era homónimo, ou seja, "into the wild", com argumento e realização de Sean Penn e conta o trágico percurso de Christopher McCandless, jovem americano do final do século XX.
Depois do filme encontrara, agora, o livro e sem reflectir muito, desde logo, peguei num exemplar, só que ao contrário do que seria normal, não o comprei. Dirigi-me com ele para o espaço café da FNAC onde ávido o comecei a ler. Como os minutos voaram e tendo que ir embora, a custo, lá o devolvi ao seu lugar. Desde então e até hoje, quase diariamente, repito o ritual e, de capítulo a capítulo, lá vou eu lendo o livro, relegando para segundo plano a tertúlia e os parceiros da mesma.
Hoje, tal como no último dia, lá apareço eu na referida reunião já com o livro pronto e, pelos vistos, com vontade manifesta de o ler. O amigo Paulo intrigado pelo súbito interesse neste livro, ainda me questionou porque não o comprava (!?). A resposta foi pronta, apesar de meio alheado da realidade, disse que não queria gastar dinheiro com este livro (a lista daqueles que eu quero ir buscar é tão extensa...) e, para além disto, até estava a achar piada ler assim o livro, todos os dias e ali aos poucos...
Um pouco depois, continuando eu absorvido pela narrativa, o Paulo levantou-se e diz-me que vai a qualquer lado e que regressaria para se despedir. Muito bem, eu, no entretanto, continuaria ali, um pouco mais de tempo. Passados mais não sei quantos minutos, lá regressa ele e com um pequeno saco na mão. Ao estender-me essa mesma mão para se despedir, pousa o pequeno saco em cima do livro aberto que lia. Meio atrapalhado e surpreso, pude perceber, mesmo através do saco, que dentro estava um livro igual ao que eu lia.
Enquanto o Paulo se afastava, eu aparvalhado, fui incapaz de emitir qualquer som, para além de uma estúpida gargalhada. Apesar de tarde, Obrigado Amigo.

11 novembro 2008

Hoje no Campo Pequeno

Porque a vida é, obrigatoriamente, feita de escolhas, prioridades, impossibilidades, eu, com imensa pena, não vou poder estar mais logo no Campo Pequeno em Lisboa a assistir ao concerto dos magníficos Sigur Rós. Com paciência aguardarei novo regresso.

10 novembro 2008

Ana e Sofia

Memória de um momento breve num passado recente.
Bem perto, sentadas de olhos nos olhos, a conversar sobre não importa o quê. A intensidade dos olhares trocados e dos intermitentes toques (eu diria carícias) arrebataram-me os sentidos e durante alguns minutos fiquei retido nesta desconhecida imagem. Quem eram e o que as relacionava não sei, nunca o saberei. Certa foi a agradabilidade para os meus sentidos e imaginação. Não consegui perceber uma palavra do que diziam, mas também não importava. O exercício passou, obrigatoriamente, por lhes dar um nome, pois tinham que ter um e próprio. Durante esse curto espaço de tempo, nada mais aconteceu ou importou. Toda a existência se reduziu aquela mesa e sem resistir deixei-me ficar absorto, apenas com a ligeira preocupação de não ser percebido (concerteza perceberam-me…). Nunca como ali um guardanapeiro foi alvo de tamanha sensualidade e carinho. O tempo que demorou aquele momento desconheço, pois a determinada altura, mesmo sentindo que poderia ficar assim eternamente, num lúcido sobressalto forcei a minha saída.
Esta narrativa resultou da perturbação que Ana e Sofia e a beleza e força da sua intimidade causaram em mim.

09 novembro 2008

pornografias

05 novembro 2008

yes he can

Já está. Muito bem. Aguardemos então pela mudança...

04 novembro 2008

a ler pela septuagésima quarta vez


No próprio dia da compra, fresca portanto. Sem tempo ainda para perceber o seu conteúdo, apenas os títulos e as letras gordas. Claro é que temos o MEC (feio como sempre) brilhante e desinibido:

LER: Escreve melhor de noite ou de dia?
MEC: É igual.

LER: Tranquilo ou sob stresse?
MEC: Escrever é sempre um stresse. Não é o escrever, é o antes de escrever. A Dorothy Parker dizia que ter escrito é a melhor sensação do mundo. Ter escrito.

LER: Sóbrio ou com um grão na asa?
MEC: Durante muitos anos, sempre com um grão na asa. Sempre. Durante dois anos, também com coca. Ajuda. Porque a coca corta o álcool. Mas o que acontece quando estás a escrever é que tens o uísque ao lado - ou a vodca, ou seja o que for - mas se estás a escrever, o gelo derrete. Quer dizer, ou bebes ou escreves. Não dá para fazer as duas coisas.
(...)
LER: O Miguel começou por tentar ser poeta, também.
MEC: Claro. Toda a gente. Poemas em barda.

LER: Escreveu muita poesia?
MEC: Sim. Muita. Foda-se. Centenas de milhares de poemas...

LER: O que o desencorajou de continuar a escrever poesia?
MEC: Ser uma merda.
(excertos da entrevista de Miguel Esteves Cardoso a Carlos Vaz Marques)

One day to change the world

O dia em que a América poderá mudar é hoje. O dia em que o mundo poderá mudar(!?) é hoje. Eu, como não posso votar, pelo menos escolhi o meu candidato. Sem qualquer dúvida, o melhor para todos seria que Barack Obama fosse eleito Presidente. E hoje, será o dia último da espatafurdia presidência do ignóbil George W Bush. Até que enfim.
Go vote and make history

29 outubro 2008

Série Culturas Juvenis

Heavy Metal

Surgiram em Inglaterra, nos meados do anos setenta, como radicalização extremista da ideologia hippie. Conjunção entre sua estética e a música rock dura, ou seja, metal pesado - notória referência ao gosto pelos intensos sons metálicos (eléctricos) produzidos pelos grupos musicais.
Sendo uma das sub-culturas juvenis com maior tradição, é também a mais intergeracional das que se conhecem. Estão muito presentes nas sociedades ocidentais, nomeadamente, nas cidades europeias e em especial nas cidades da provincia e nas classes populares.
Vestindo-se, caracteristicamente, com jeans justos, t-shirts estampadas com idolos musicais e/ou símbolos de morte e casacos de couro com metais cravados, têm por actividades de eleição as saídas de fim-de-semana, os concertos musicais e a cannabis. Por ideologia são anti-militaristas e anti-autoritaristas, sobretudo mais como forma de resistência e insubmissão do que como uma actividade politica. Não apresentam os conceitos claramente desenvolvidos e, para a maioria, trata-se mais de uma utopia ou ideal estético do que uma prática quotidiana.

28 outubro 2008

A Questão Hetero: da normalidade ao fundamentalismo

Ao ler o texto de António Pires(AP), publicado por este jornal na semana passada, para além do assombro e do sobressalto, ficamos a conhecer um pouco melhor o cidadão António Pires, ilustre colaborador do Jornal Nordeste. Não que esteja aqui em questão a liberdade de opinião ou o direito a juízo outro. Facto este, aliás, não contemplado por AP no seu pedaço de prosa. O que importa, neste caso, é a atitude manifesta e declaradamente indigna, preconceituosa e homofóbica com que o autor se refere a concidadãos seus.
Por considerar que este assunto, o do direito ao casamento homossexual, é, actualmente e ainda, uma questão socialmente fracturante e que, também por isso, merece uma atenção maior e carece de uma discussão séria e calma, não tinha ainda (até 21 de Outubro) suscitado o meu interesse enquanto activista. Contudo, depois da leitura do pedaço de prosa de AP não posso ficar quedo e mudo. A melhor forma que encontrei para manifestar a minha indignação foi enviar este texto ao Director desta digníssima publicação, solicitando a sua publicação nem que seja em jeito de “direito de resposta”.
Exmo. António Pires de facto fica bem fazer citações (como tal, irei fazer algumas suas), tal como importa saber que não quer ser excluído da comunidade à qual pertence, mas ao escrever da forma que escreve, está a excluir todos(as) aqueles(as) que não partilham dos seus valores de crença, de cidadania e de civilidade. Estranha forma esta de... Depois, ficamos também a saber que para AP esta questão é, tal qual, uma guerra, na qual os homossexuais (maus, vilões, bandidos, depravados, insultuosos da moral e dos bons costumes – pelo menos de AP, enfim, cidadãos de 2ª ou 3ª categoria), são “opositores” dos heterossexuais (essa superior casta de defensores do Ethos e do Pathos nacional - cidadãos bem formados e educados (aos quais AP faz questão em manifestar a sua pertença e fidelidade) para o fim último da espécie humana que é a sua continuidade.
Felizmente hoje os homossexuais não vivem clandestinamente, mas o estigma social, económico e cultural permanece bem vivo e bem presente na sociedade portuguesa e o contributo de AP não passa disso mesmo, de um reforço dessas estigmatizações. Por outro lado e ao contrário do que parece ser o pensamento de AP, todos os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa, incluindo o da diferença, são para levar à letra e para serem respeitados. A sua condição de heterossexual não é mais do que isso, não lhe confere nenhum estatuto de superioridade, autoridade, soberania ou outro, relativamente aos demais e por isso não lhe fica bem o ar altivo com que se afirma como tal, nem tão pouco se percebe a necessidade de tal afirmação (…poderá ser difícil saber o que é ser homossexual ou heterossexual sem entendermos as nossas ideias e a interligação das imagens que representam essas realidades. As identidades são construídas – como este texto, pelos sistemas representacionais, como por exemplo a linguagem).
Também seria importante que AP revisse o conceito de casamento, pois parece haver alguma confusão quanto ao conceito… porque na República dos(as) portugueses(as) o casamento não é mais do que um contrato social. Para além disto, há também e para aqueles(as) que professam uma qualquer religião, melhor dizendo, para aqueles(as) que professam algumas religiões, a possibilidade de assumirem perante a lei da sua igreja essa pretensão. Da leitura da sua prosa surgem, igualmente, dúvidas quanto à representação pretendida, por exemplo quando diz que “os casais propriamente ditos” (…) “casais normais” – conhece outra forma de expressão de casal!?... Talvez casais não propriamente ditos, ou talvez casais propriamente não ditos!?... Talvez casais anormais!?... Casais são aos pares!
Não deveria adjectivar a pretensão dos homossexuais como uma “exigência”, mas sim socorrer-se da ideia do direito à diferença. A imagem demagogicamente apresentada de uma união heterossexual como garantia de procriação e de continuidade da espécie, aliada ao elemento religioso – a dádiva, traz para esta discussão não a naturalidade da origem da vida de cada indivíduo (cientificamente demonstrada e humanamente por demais experimentada), mas sim o princípio prodigioso e dogmático desses momentos primeiros. Depois, a recorrência a personagens míticas ou bíblicas – que nos remetem obrigatoriamente para um mundo fantástico e metafísico ao qual nem todos aderem, só servirá para radicalizar o discurso e extremar posições.
No que à adopção diz respeito, apenas direi o seguinte: Desvirtuar o milenar conceito de família é não perceber que as sociedades evoluem, a ciência evolui, a civilização evolui, logo a família, enquanto instituição social, evolui. Não adianta ficar agarrado àquilo que já não é, porque trata-se de um processo dinâmico, sem data e tempo de origem definidos. Se afirma que a natureza humana dita as suas próprias leis, entenderá como aberração da natureza, por exemplo, os métodos alternativos de procriação, ou de inseminação artificial, ou os métodos de contracepção com que a ciência, e não o prodigioso, nos presenteou… Aquilo que, ao fim e ao cabo, importaria era que este fosse tema de conversa, de reflexão e de discussão, através de uma abordagem séria e positiva (leia-se construtiva), que fosse capaz de se centrar no essencial e desprezasse todo o acessório. Estamos perante uma questão de grande melindre e de grande pertinência social que justifica, sem qualquer dúvida, a existência de legítimas reservas, que são perceptíveis na sociedade portuguesa. Mas isso não pode invalidar, nem prejudicar a reflexão e a discussão.
Curiosa é também a sua perspectiva sexista dos papéis sociais esperados dos géneros feminino e masculino. A sua verdade sobre a intrínseca condição humana remete-o para o desígnio animalesco da maternalidade feminina e do viril cobrimento machista.
Quanto ao demais apresentado nesta prosa parece-me inócuo e sem sentido. Confundem-se alhos com bugalhos sem qualquer nexo ou senso, chegando ao ponto de verbalizar que os seus concidadãos transmontanos vivem num “recatado pudor provinciano”. Peremptoriamente, este texto representa, para mim, uma atitude tremendamente misantropa e irracional, geracionalmente perigosa e anti-pedagógica, religiosamente dogmática e fundamentalista e socialmente injusta e discriminatória.
Este pedaço de prosa parece produto não das Novas, mas das Velhas Oportunidades que povoam, ainda, o consciente e o inconsciente de muitos dos nossos cidadãos. Exmo. António Pires, nada contra a sua opinião, que será tão válida quanto a minha e a de qualquer outro cidadão. No entanto, não posso deixar passar este insulto à dignidade de cidadãos que em nada diferem de si e de mim. Iguais em direitos, deveres e obrigações. A forma homofóbica, eu diria mesmo, provocatória como se dirigiu aos cidadãos homossexuais foi injuriosa ao designá-los por “estranhas parelhas” e “parelhas homossexuais”. Se se dá ao direito de se sentir “profundamente ofendido”, “não o defenda em vão, nem o use apenas em proveito próprio”!...
Por fim, uma palavra para as minhas palavras, naquilo que o meu escrever quer dizer: Retrate-se.

(texto publicado no Jornal Nordeste de Hoje (28 de Outubro de 2008 - consequência do post "Homofobias Transmontanas" de 24 de Outubro de 2008)

27 outubro 2008

dimensão oculta

(texto 3 D - obriga, para uma leitura correcta e completa, clicar no play aqui do lado direito para ouvir o som. obrigado.)

Não sei muito bem porque é que escrevo este texto!?... Não sei mesmo!... às tantas, talvez, por uma sentida necessidade fisiológica qualquer. Talvez mais à frente se perceba...
A primeira vez que ouvi este som, num pretérito muito presente, estava no carro, algures num final de tarde do trânsito urbano. Passados apenas alguns segundos, dei comigo a abanar completamente algumas das minhas queridas artroses e num ritmo que até a mim me surpreendeu... (talvez tenha surpreendido, também, os demais e angustiados condutores).
Os meus sentidos foram, inequivocamente, surpreendidos por este som e a minha mente remeteu-se, julgo que insconscientemente, a uma dimensão outra, a dos vários tempos da minha meninice e adolescência. E foram diferentes os momentos aos quais a música me levou:
Desde as longas tardes de fim-de-semana, junto da bicharada e/ou dos carroceis do Palácio de Cristal; aos cabeçudos e aos poços da morte das festas de Delães e arredores (Famalicão); ao algodão doce da Feira Popular de Lisboa; às tardes de Domingo junto ao mar de Gaia a comer gelados de máquina (preferência da Mãe Ia) enquanto o Pai António ouvia o relato de futebol pelo som pífio do velho "pilhinhas"; a esses tempos de férias e afins de menino, repletos de inocente alegria e lúdico prazer, na companhia de primos e primas; Depois e menos infantil, revejo-me nas festas do Sr. dos Aflitos e nas suas pistas de carrinhos de choque, onde manhuços de jovens, propositadamente vestidos(as) para a ocasião, se apinhavam para verem e serem vistos. O som estridente debitado pelas colunas destes hetero-espaços permitia aos diferentes sentidos perceber o característico perfume patcholi, a graxa dos sapatos gastos e enlameados, os besuntados cabelos e ornamentais cabeleiras, a bijuteira prata e ouro que, ritmadamente, se agitava, suspensa numa qualquer extremidade dos corpos; mais tarde ainda e já com variados interesses e com outros motivos distrativos, passei pelas festas dos santos da aldeia, com as suas típicas, grandiosas e ecléticas aparelhagens sonoras. Sem esquecer o "Locomotion" da apetecível Kelie Minogue...
Esta é uma dimensão pessoal oculta à qual muito raramente acedo ou recorro, mas que acompanha latente o meu presente e sobrará para o meu eminente futuro. A virtude do som é o seu poder de atracção, que não conseguirei explicar, mas que entendo como simples, alegre, festivo e, aparentemente, descompremetido. Pouco percebo de música. É verdade. Poucos perceberão aquilo que vivi e identifiquei. Também será verdade. Certo é que tenho ouvido incessantemente este som da rainha da pop. Hei-de fartar, mas no entretanto "Give it 2 me".

26 outubro 2008

Placelessness

Segundo Edward Relph (1976) placelessness significa a "erradicação casual de lugares distintivos e a feitura de paisagens estandardizadas que resulta de uma insensibilidade para a significância do lugar". Nunca como hoje revejo este conceito como adequado ao nosso "mundo". Sempre me senti confortável com a noção de lugar, enquanto espaço vivido e sentido, pejado de significados e significantes. Depois e mais tarde, a heterotopia de Foucault permitiu perceber como os lugares permitem a contra-acção para os sentidos e significados, permitindo sobrepor, num só espaço, vários espaços, vários lugares que por si só seriam incompatíveis. Agora, esse leque aberto de perspectivas permite-nos, também, percorrer o caminho inverso e começar a perceber como é, actualmente, comum e vulgar destituir ou despojar de significados qualquer lugar. O desconforto com o "place" leva-me a aceitar a dinâmica e a fluidez do "placelessness" - without boundaries and no limits.

25 outubro 2008

the question

A British Humanist Association representa os interesses de grande parte (e crescente) da população com preocupações éticas, mas não-religiosas, no Reino Unido. A sua visão é de um mundo sem privilégios e sem descriminações religiosas, onde as pessoas são livres de viver boas vidas, com bases na razão, na experiência e na partilha dos valores humanos.
Reportagem no P2 do jornal Público de hoje. Aqui fica o slogan da próxima campanha - "o autocarro ateu".

24 outubro 2008

Homofobias Transmontanas

Por favor leiam a opinião deste ilustre Bragançano acerca dos casamentos homossexuais. Claro que já rebati toda a sua argumentação, em texto a publicar na próxima edição do mesmo jornal. No respectivo dia aqui será publicada.

20 outubro 2008

ecos...

"Luís Vale apresentou na Casa do Livro no Porto os seus últimos livros Bem Perto do Céu e Histórias de Escano e Soalheira , perante uma plateia atenta e que foi absorvendo as estórias de Trás-os-Montes, num ambiente de passagem da oralidade à escrita, sempre numa perspectiva antropológica e de saber acumulado pelas vivências de quem quis que a memória não se perca e para isso calcorreou montes e vales ouvindo narrativas de por os cabelos em pé aos menos avisados.
As lendas, as orações o crer e o querer das gentes que ainda hoje habitam lugares quase inacessíveis e que torna a vida do ser humano quase igual à vida dos seus animais."

na casa do livro







agradeço ao amigo Jorge Morais Sarmento a disponibilidade dos momentos

18 outubro 2008

desconhecida

(momento do magnifico fotografo Jorge Sarmento)

17 outubro 2008

16 outubro 2008

15 outubro 2008

14 outubro 2008

agendamento

Para que possam registar nas vossas ocupadíssimas agendas, relembro que no próximo Sábado, dia 18, pelas 18:30 horas, irei apresentar as Histórias de Escano e Soalheira no bar A Casa do Livro, sito na Rua Galeria de Paris, no Porto. Espero por vós.

12 outubro 2008

qualidade sonora

Série Culturas Juvenis

Hardcores
Com origem nos E.U.A. e nas grandes cidades europeias (Londres, Berlim e Amesterdão) no início dos anos oitenta. Como a própria palavra indica, esta sub-cultura adora as sensações fortes e básicas, como reacção homeopática à dureza da existência metropolitana. A sua principal referência é a música, nomeadamente e como não poderia deixar de ser, o hardcore (uma mistura de heavy metal rápido e punk).
Vestem-se de forma pouco rígida e pouco específica, com prevalência da camisa e da bermuda e botas paramilitares. Contraste entre uma imagem limpa e ordenada e uma actitude e actuação energética e desenfreada.
Este grupo tem por interesses e actividades, os concertos musicais e a informática. São, ideologicamente, apolíticos, individualistas, tendencialmente radicais, ainda que mais em espírito do que na prática. Têm tendências violentas defensivas e adaptáveis, manifestadas sobretudo por acasiões da excitação musical ou das acções nocturnas.
É propício à fragmentação em pequenos grupos, que se reunem apenas por ocasião de acontecimentos especiais.

10 outubro 2008

septuagésima terceira vez a ler

Num final da semana, nos momentos últimos antes de viagem familiar, como sabe bem encontrar na banca a nova Ler. Satisfeito a retiro da prateleira e enfio no saco. Que belo fim-de-semana de leitura passarei lá para o meu nordeste. De uma olhada fugidia pelo índice não posso ignorar o texto de José Mattoso "A origem das Nações" e o trabalho fotográfico de João Francisco Vilhena com José Cardoso Pires. No meio de um escaparate com dezenas, talvez centenas de capas, logo me chamou a atenção esta... digam, ou não, o que quiserem, está do caraças!... sendo que o caraças, neste caso, é excelso.

dilemas da actualidade (... que não meus obrigatoriamente)

Hoje, dia 10 de Outubro, uma sexta-feira à tarde, dou comigo preocupado com o que, potencialmente, será amanhã um grande problema para resolver. Quantos acreditam que hoje é o dia (mais um...) da sua sorte e mais logo a sua chave do Euromilhões será a chave certa!?... pelo menos todos aqueles que jogaram! Sim, porque concerteza haverá alguns outros que mesmo não tendo apostado acham que lhes vai sair... acham sempre!...
Bem, mas a minha grande preocupação é que, acreditando eu que posso ser o próximo excêntrico, onde vou eu pôr tanto dinheiro!?... sim porque nos bancos, actualmente, não me parece muito boa ideia, nem muito seguro, nem tão pouco higiénico. Assim, terei já pouco tempo para pensar seriamente nesta questão e, por isso, vou acabar dizendo: tomara eu que esse problema fosse o meu.

09 outubro 2008

A minha ileteracia

Mais um ano, mais um premiado com o Nobel da Literatura. Acabei agora de saber que o Comité da Sueca Academia atribuiu ao escritor e ensaísta francês, Jean-Marie Gustave Le Clézio a tão ambicionada distinção. Le Clézio nasceu em 1940, em Nice, sendo originário de uma família com ascendência inglesa e bretã. Vive actualmente no Novo México. O Comité Nobel considerou o escritor merecedor do prémio pela sua narrativa de «aventura poética» e de «êxtase sensual», «explorador de uma humanidade para além (...) da civilização reinante».
Ora aqui está mais um ilustre desconhecido para a minha humilde condição de ileterado.

07 outubro 2008

Portugal, a Islândia e a crise

Enquanto o próprio Primeiro Ministro deste pequeno, mas riquíssimo país do norte da Europa admitia, ainda hoje, que o seu país está muito perto do abismo da falência económica e, num lacónico discurso à nação, admitia que a única solução para tentar ultrapassar esta grave situação era pedir ajuda internacional (à vizinha Rússia), por cá os nossos governantes e altos representantes teimam em garantir que Portugal está a salvo desta hecatombe geral.
Como pode haver tanta diferença entre a atitude e entre as culturas nacionais dos diferentes países!?... É, também, nestes momentos que se percebe a grandeza e a pequenez dos políticos e dos próprios Estados. Se vemos o Primeiro Ministro da Islândia admitir que a crise está instalada no seu país e, ao mesmo tempo (no mesmo espaço informativo), o nosso Primeiro Ministro a garantir aos portugueses que está tudo tranquilo e que Portugal não sofrerá o mesmo que outros, alguma coisa estará errada, muito errada... pelo menos será isto que o senso, pelo menos o bom senso, exigirá do comum dos portugueses. (Reparem como um admite e o outro garante...)
Mas não. Talvez o nosso Primeiro Ministro e demais governantes tenham razão. A grande diferença está no ethos nacional de um e de outro país, ou seja, na diferença entre o que é ser português e o que é ser Islandês. Enquanto que este é um ser exigente e não está disponível para grandes veleidades, exigindo de si mesmo um rigor e uma qualidade de vida - colectiva e individual, excelente; por cá, o português está habituado a sofrer e apresenta-se sempre disponível para mais e mais sacrifícios individuais na expectativa de um amanhã sempre melhor. Este fado que nos persegue e que nos condena à pobreza - colectiva e individual. Este estado mental crónico do sonho de ser, de estar e de conquistar os amanhãs, tolhe o raciocínio do português presente e, por isso, iremos andar iludidos mais uns tempos, com a sensação que somos diferentes e, para alguns, melhores que os demais...
Quando nos acordarem vai doer e o Engenheiro Sócrates já sabe que sim, mas não o diz.

04 outubro 2008

Novos Registos

Porque, felizmente, não param de chegar, aqui se registam mais alguns magnificos espécimes:
- HERR, Richard, 1989, Iberian Identity, Berkeley, Institute of International Studies;
- MORAIS, J.A. David de, 1996, Ditos e Apodos Colectivos, Lisboa, Edições Colibri;
- GONÇALVES, António Maximino, 2008, Histórias de Mofreita, Vinhais, Câmara Municipal de Vinhais;
- BOURDIEU, Pierre, 2003, Questões de Sociologia, Lisboa, Fim de Século;
- PAIS, José Machado, 2003, Culturas Juvenis, Lisboa, INCM;

Série Culturas Juvenis

B-Boys
Com origem espacial nos guetos negros de New York em 1976. O "B" é de Break associado ao Break Dance, uma música que rompia com as melodias anteriores, recompondo-se como fragmento de outras. A dança rompe, também, com o movimento contínuo no espaço, tipico das danças clássicas. Esta ruptura diz respeito, em sentido figurado, à paisagem urbana, cuja marca distintiva são as paredes grafitadas. Vestem-se informalmente, calças e camisa ou bermudas, sapatos desportivos (tipo basket), cabeças rapadas dos lados. Ouvem rap (negro), música ritmada e sintetizada, sons urbanos. Como ideologia, são realistas, preocupam-se com o quotidiano. Actuam de forma territorializada, em grupos muito pequenos e em zonas específicas do território urbano onde pretendem marcar a sua presença. São, normalmente, muito jovens, podendo ter idades desde os 12 a 13 anos.

Tribos Urbanas

O fenómeno das tribos urbanas merece, hoje em dia, uma valorização muito variada, na qual cabem definições tão díspares como jovens violentos, ou conformistas, ou rebeldes românticos, entre outros. Além dos juízos de valor, este texto é o primeiro estudo exaustivo publicado sobre o tema. Tenta dar respostas ao interesse generalizado que a sociedade demonstrou.
Quem são?... O que pensam e como vivem esses milhares de jovens que se juntam em grupos, cujo lema é sempre, a provocação, o excesso e, com frequência, a violência e a auto-destruição?... Que caldo de cultura socio-cultural permite o surgimento e a difusão desses comportamentos e estilos existênciais, que numerosos estudiosos não duvidam em defini-los como neo-tribais? Há ou não precedentes ou semelhanças históricas? Estamos perante um fenómeno em ascensão ou em queda?...
Tribos Urbanas representa um extraordinário esforço de sintese e clarificação acerca dos (pré)conceitos e estereótipos existentes. Desconheço se está já traduzido para português. A versão que me chegou é em Castelhano (original de 1996) e é muito interessante. Servirá de base para a série de postagens sobre culturas juvenis que publicarei.

01 outubro 2008

internacional dia do idoso

Aqui está um facto por demais importante e por demais menosprezado pela nossa sociedade, que importa salientar e importa assinalar. Em condições normais todos lá chegarão e por isso convém cuidar daqueles que já lá estão. Não gosto nada do termo "velho", gosto pouco do termo "idoso", acho que os espanhóis são mais felizes quando utilizam o termo "maior". A verdade é que esta condição humana não só deixou de ser valorizada, como foi completamente marginalizada para um estado de ante-câmara do fim. Um tempo no qual os seres humanos já não contam e apenas poderão esperar a morte. Já repararam como a sociedade de hoje encara essa idade!?... é o próprio Estado que incentiva a arrumação dos nossos séniores nas instituições totais que são os Lares de 3ª Idade e Centros de Dia, que outrora eram instituições de apoio social e hoje são autênticos negócios, naquilo que poderemos designar a privatização da idade sénior. Vejam como essas instituições proliferam pelo país!?... bem sei que é uma consequência lógica do envelhecimento da população portuguesa, mas a atitude não é a correcta...
Não há terra que não tenha o seu depósito de velhinhos... aliás, a especulação é tal que chega a haver leilões para conseguir um lugar em tais instituições (quem der mais fica com a cama (!?)).
Deveríamos retornar a uma sociedade na qual a idade maior era considerada e era sinónimo de conhecimento, experiência e sapiência. Importava uma atitude de respeito pela maior das idades.

mundial dia da música

Assinalando a comemoração deste dia, não deixo de manifestar a minha estranheza pela necessidade de tal dedicação, uma vez que a música será, provavelmente, a linguagem universal (planetária...) por excelência e, por isso todos os dias são dias da música no mundo. Entretanto, partilho isto, apesar de ser uma infima parte, é uma magnifica manifestação dessa grandiosa linguagem: