Foi através do Jornal Público que fiquei a saber da recente morte de Stuart Hall. Conheci a sua obra quando frequentei as aulas de mestrado de estudos culturais, não fosse ele um dos fundadores do centro que foi o berço dos Estudos Culturais na Universidade de Birmingham. Nascido na Jamaica Stuart Hall, viveu desde 1951 na Grã-Bretanha e, por ser emigrante, viveu naquilo que ele considerou "a condição arquetípica da modernidade tardia". Escreveu sempre a partir da diáspora pós-colonial, de um engajamento com o marxismo e o debate teórico sobre cultura num contexto de globalização complexa e contraditória. É através destas suas reflexões que se torna uma das principais referências actuais sobre as dimensões político-culturais da globalização, vistas a partir da diáspora negra.
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
12 fevereiro 2014
07 fevereiro 2014
escrever para viver, viver para escrever
Outra notícia interessante que encontrei nesta nova revista LER e trazida por Bruno Vieira Amaral, diz que um inquérito realizado pela Digital Book World no Reino Unido a mais de nove mil escritores revelou que mais de 50% dos escritores que estão ligados a editoras ganham menos de 600 libras esterlinas (730 euros) por ano. Bruno Vieira Amaral questiona e bem: o que é que os motiva no negócio da escrita? Aponta várias hipóteses para resposta a esta pergunta, mas evidencia que estes não vêem a escrita como um negócio. Para eles o dinheiro não é a principal motivação. Viver da escrita é um luxo, mas viver para a escrita é uma missão.
06 fevereiro 2014
omnisciência tecnológica
A notícia poderá até nem ser nova, mas eu apenas a conheci hoje através da revista LER. Segundo esta, a Amazon está a preparar-se para enviar encomendas aos seus clientes ainda antes de eles as fazerem. Lí as "instruções" e não fiquei confuso, nem sou um tecno-céptico, mas a ambição parece-me desmedida e pretensiosa e tal poder de antecipação significaria uma capacidade comercial que iria desestruturar as lógicas comerciais tal como hoje as conhecemos e provocar uma autêntica revolução comercial.
Estará a Amazon.com a ambicionar construir uma nova torre de babel desmaterializada? É preciso estar consciente que a omnisciência é um dom apenas reservado às entidades superiores ou divinas.
José Mário Branco escreve sobre este assunto:
Da Amazon, o gigante mundial da distribuição, já se espera tudo. Há uns meses, foi anunciado o projeto de usar, num futuro próximo, drones para fazer entregas em qualquer ponto dos EUA num intervalo inferior a 30 minutos. Escolhe-se o que se quiser no site e meia hora depois um veículo voador do tamanho de um helicóptero telecomandado pousa no quintal das traseiras com a encomenda. Impressionante, sim, mas o engenhoso e insaciável Jeff Bezos não se fica por aqui em termos de arrojo tecnológico. Na ânsia de ser sempre mais rápida do que a concorrência, a Amazon está a preparar-se para enviar encomendas aos seus clientes ainda antes de eles as fazerem. Exato: é como se lhes adivinhassem os pensamentos e as intenções. Valendo-se das quantidades incalculáveis de informação armazenada sobre hábitos de consumo (das compras feitas no passado às wish lists, passando pelo tempo que o cursor permanece a pairar em cima de um determinado item), um sistema informático calculará que produtos terão uma probabilidade elevada de serem encomendados e acionará o respetivo «envio antecipado». Assim, quando o cliente clicar por fim no botão de compra, o produto já estará em trânsito, ou em espera num armazém mais próximo da morada de destino. Levada às últimas consequências, a ideia acabará por descartar a própria vontade do consumidor, esse obstáculo final à absoluta fluidez do sistema. Chegará o dia em que a Amazon anunciará o algoritmo capaz de definir – sem que tenhamos voto na matéria – o que na verdade cada um de nós precisa de ler, ver ou ouvir.
nova LER...
Pouco tempo depois de a ir buscar ao quiosque e logo depois de um passar de olhos rápido, posso desde já dizer que não gostei da nova revista. E digo nova, não porque haja qualquer novidade gráfica, ou conceptual, mas porque este é o primeiro número em que os seus colaboradores cronistas não foram convocados para tal. Poderei estar apenas a estranhar e a precisar de habituação. Talvez, mas Inês Pedrosa, Onésimo Teotónio Almeida, Eduardo Pitta, Pedro Mexia et all, faziam-me ansiar sempre pela revista. Resta, neste número, a entrevista a Mário de Carvalho e, depois, aguardar os próximos números para LER.
03 fevereiro 2014
António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva
Numa aldeia remota de Trás-os-Montes, reuni com um grupo de convivas que sob o pretexto da amizade e da fraternidade, reúnem periodicamente à mesa e alarvemente saboreiam o melhor que há na gastronomia local. Convidado e sem saber do que se tratava e para o que ia, fui surpreendido pela qualidade dos produtos cozinhados e completamente esmagado pela qualidade cultural e tertuliana desse encontro. Não ia preparado para a dimensão e profundidade das palavras que acompanharam o repasto. Um dos assuntos que mais me fascinou foi a reflexão acerca da dimensão humana e intelectual de alguns dos mais ilustres pensadores e autores portugueses.
Por se falar de António Vieira, o padre, enquanto grande vulto do século XVII, da sua obra, da sua vida e da sua coragem, referiu-se o nome de Bartolomé de Las Casas e da sua obra mais conhecida - Brevíssima Relação da Destruição das Índias - onde o autor faz a descrição dos horrores cometidos pelos espanhóis nas descobertas e conquistas realizadas no século XVI pelo continente americano. Obra de referência para os espanhóis que a consideram única, desconhecendo por absoluto a similaridade da obra do português que pouco tempo depois experimentou algo de semelhante nas terras de Vera Cruz. António Vieira será, poucas dúvidas restam, um dos maiores autores da língua portuguesa de todos tempos e foi com ele que surgiu a ideia de quinto império, enquanto crença messiânica e que legitimou o movimento autonomista português em relação à coroa espanhola. Para Vieira os impérios seriam: Assírios, Persas, Gregos e Romanos, aos quais se acrescentaria um quinto, o império português.
Depois, e numa vertiginosa viagem pelo tempo, chegamos ao século XX e a Fernando Pessoa que na Mensagem retoma o tema iniciado por António Vieira e se refere aos cinco impérios, diferindo da escolha de Vieira e identificando o império Grego, o Romano, o Cristianismo e a Europa do Renascimento e das Luzes. A estes, Fernando Pessoa acrescenta um quinto império, o cultural.
Mais tarde e ainda durante o século XX Agostinho da Silva ao reflectir sobre essa crença, transforma o quinto império no império do Espírito Santo, afirmando-se como um cavaleiro do Espírito Santo.
Esta viagem pelo imaginário lusófono e pela obra destes autores, levam-me de imediato a querer ir revisitar algumas leituras e a descobrir outras tantas. Para o tempo que aí vem.
02 fevereiro 2014
Philip Seymour Hoffman (R.I.P)
Ao saber da sua morte, sempre precoce e estúpida com anúncio prévio de meses ou mesmo anos, recordo o actor que aprendi a apreciar e a admirar. O seu aspecto flácido, incontido e ar deslavado, servido por uma cara laroca de puto reguila e guloso, não o impediram de ter alcançado a fama e a glória de Hollywood. Recordo muitos dos seus personagens, uns maiores, outros menores, uns mais felizes, outros desastrados, mas destaco acima de tudo a intensidade dos seus desempenhos. Nem sequer falarei do papel que lhe permitiu ganhar um Oscar - Capote em 2005, preferindo referir os filmes que me marcaram e nos quais Philip Hoffman contribuiu grandemente para que tal acontecesse. Pessoalmente, destaco os filmes Boogie Nights (1997), The Big Lebowsky (1998), Magnólia (1999), e depois, mais recentemente, aqueles que, para mim, fizeram de Hoffman um dos mais brilhantes actores da actualidade: The Savages (2007) e Synedoche, New York (2008). De qualquer forma, o facto de saber que ele participava em qualquer filme, era o suficiente para eu os querer (tele)ver. Lamento o desaparecimento de um talentoso intérprete.
27 janeiro 2014
mais um ano, pela sétima vez
Por lapso de memória, que é como quem diz que se esqueceu, assiná-lo hoje a passagem para o oitavo ano de existência do apurriar. A data exacta da sua fundação é 24 de Janeiro de 2007. Neste momento, quero apenas reafirmar a vontade de continuar e de manter activo este espaço. Para início de mais um ano, e como já terão verificado, procedeu-se a uma pequena alteração do seu aspecto, num esforço de o manter esteticamente actualizado. Muito obrigado pela partilha deste tempo.
15 janeiro 2014
mediascape: tecnocracia
Segundo o Jornal i, amanhã irá ser conhecido um estudo sobre literacia social, promovido pela Universidade Católica, pelo Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano e pela União Europeia. Segundo as conclusões desse estudo, os indivíduos que mais possibilidades materiais têm são os menos disponíveis para ajudar os outros, ou para defender uma causa justa, demonstrando que as pessoas se vão acomodando ao seu crescente bem-estar e sucesso, esquecendo ou alheando-se da situação dos restantes indivíduos, com quem não partilham riqueza, benefícios e privilégios. O responsável por esse estudo afirma que o sistema de educação é o grande responsável por esta situação, pois durante as últimas décadas a escola dedicou-se a um ensino demasiadamente técnico e esqueceu-se da condição humana e da ética humanista.
Impressionante como em poucas décadas se esvazia uma sociedade dos seus valores éticos, morais e cívicos. Vivemos a era do neo-individualismo - cada um de si, por si e exclusivamente para si. Estupidificante, ou melhor, mais ricos e mais estúpidos.
14 janeiro 2014
instante urbano XXV
Este é um episódio que não experimentei ou testemunhei. Chegou-me aos ouvidos através de um amigo que, à mesa de um café e por entre gargalhadas, partilhou o sucedido. Desconheço a veracidade dos factos ou se os mesmos pertencem ao anedotário à ordem da oralidade ordinária e maldizente. Sem juízos ou moralismos, aqui vai:
À conversa com um amigo e a propósito da nova moda da comercialização digital, através do sítio "OLX", discutia-se a segurança, fiabilidade e qualidade do serviço prestado e a eficácia das transacções comerciais. Esta é já uma forma segura e eficaz de se conseguir vender e comprar de tudo o que possamos imaginar, apesar de existir sempre o risco de burla, engano ou má-fé. Que o diga um rapaz seu conhecido que através desse espaço de trocas comerciais digitais encomendou um produto, cuja publicidade garantia o aumento substancial do seu pénis. Vá-se lá saber porquê, pagou cem euros e ficou a aguardar a encomenda. Não teve que esperar muito e para seu espanto e vergonha, o engenho milagroso que encontrou na encomenda foi uma simples e eficaz lupa.
12 janeiro 2014
mediascape: papel
Sobre Borges escreveu-se que a "erudição é uma forma moderna do fantástico" ou seja é uma forma de criação mesmo que não use, nem mereça, esse nome. Por isso as bibliotecas, mesmo mortas, como são na maior parte todas as grandes bibliotecas, são uma construção humana ímpar. Se há civilização, é aqui que está, também nos pobres versos de todos estes humanos que tiveram a enorme presunção de escrever livros, nem que seja para dar uso às palavras.
(José Pacheco Pereira, In Jornal Público de 11/01/2014)
10 janeiro 2014
sr. fnac
Não sei se é só impressão minha, mas as lojas da Fnac estão a perder qualidade. De há algum tempo a esta parte tenho reparado que a oferta de livros e de música tem vindo a diminuir. Para além disso, o cuidado com a apresentação, com o estado de conservação dos produtos expostos tem sido negligenciado. Não quero ser injusto, mas parece-me que o Sr. Fnac já conheceu melhores dias. Desde a sua chegada a Portugal em 1998, a marca construiu uma rede de lojas por todo o país com uma excelente oferta de catálogos de livros e música. Com isso destruiu muitos dos pequenos comerciantes especializados, que não resistiram à esmagadora capacidade de promoção, de preço e de programação da marca francesa. Depois de conseguiram praticamente o monopólio desse negócio, abandonam os seus clientes e deixam um vazio tremendo. Lamento, acima de tudo, ter também contribuído para essa concorrência desleal. Agora, nem me deveria lamentar, mas lamento.
07 janeiro 2014
baú da memória V
Retomo assim uma rubrica há anos esquecida. A minha mãe em arrumações recentes encontrou três pedaços velhos de serapilheira bordados. Logo se apercebeu que deveriam ser trabalhos de escola de algum dos seus filhos. Perguntou-me se me recordava de algum deles. Num primeiro momento disse que não, mas depois de verificar com atenção encontrei nas costas de um deles uma etiqueta identificativa que eliminou qualquer dúvida.
Este foi um trabalho de tapeçaria que fiz na disciplina de Trabalhos Manuais do 7º ano, isto no longínquo ano de 1986. Fica o registo.
02 janeiro 2014
prefácios...
De regresso a casa depois de uns dias no nordeste transmontano, encontro na caixa do correio um presente. Editado já em 2012 e escrito pelo meu amigo José Alegre Mesquita, "Selores... e uma casa" é um livro que reúne, num estilo monográfico, as histórias e as etnografias dessa pequena aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães. Na altura em que estava para ser editado, o autor convidou-me para escrever o seu prefácio, o que fiz com muito prazer. Tendo em conta a metáfora que o autor escolheu - a casa - para construir a sua narrativa, escrevi um texto intitulado "Entre, quem é?...".
Apesar de só agora ter chegado, em breve ficará aqui exposto na secção das "enxertias".
Obrigado José.
Apesar de só agora ter chegado, em breve ficará aqui exposto na secção das "enxertias".
Obrigado José.
30 dezembro 2013
balancetes
Não sei se devido à idade, se ao estado de alma, ou à condição pessoal e familiar, começo a não achar grande piada às reflexões que cíclica e anualmente, por estes dias, se encontram por todo o lado. Na verdade, penso que não terá havido um único dia do meu passado recente em que essa reflexão não tenha sido feita. Retrospectivamente olhando para 2013, apenas me ocorre que foi mais um ano em que consegui manter o meu barco à superfície e não tive que o abandonar, tal como tantos outros, inclusive alguns amigos e conhecidos, contrariados, fizeram. Neste desfiar do tempo que nos foi destinado e que tivemos a sorte de experimentar, veremos como 2014 decorre, esperemos poder testemunhar o nosso envelhecer e o crescimento das nossas crias. Assim seja.
mediascape: tudo ao contrário
Andei à procura na net mas não encontrei link para notícia. Ontem ouvi na rádio e depois vi na televisão que o governo, certamente através do seu ministério da saúde, se prepara para incentivar os hospitais públicos a não prescreverem tratamentos, exames e medicamentos aos seus pacientes. Para tal premiará os hospitais que prescreverem menos. Muito interessante e discriminatória está forma de eugenia social. Depois disto, e tal como bem diz o Inimigo Público, serão as escolas públicas a receber prémios se não gastarem giz.
26 dezembro 2013
natal 3
Quando petiz os brinquedos que mais apreciava eram as pistas de comboios e de carros de corrida. Agora que tenho um filho que deixa de ser bebé, ando entusiasmado por finalmente poder regressar a esse universo que guardo na memória. Desconfio que a sensação não será a mesma, mas em breve a experimentarei.
natal 2
Desde que me conheço, associo natal a tempo frio e chuvoso, tempo próprio de Inverno. Não sei o que será um natal passado longe de frio, de chuva, de gelo e de neve. Estranho muito as notícias que chegam do outro hemisfério onde a família passa estes dias na praia, debaixo de uma temperatura superior a 40 graus e sem roupa. Será assim natal?
natal 1
Fico sempre angustiado com o síndrome natalício que experimentamos nas vésperas do natal. A cada ano que passa afirmo sempre que no próximo será diferente, mas nunca é. Curiosamente, e ao contrário do que tem acontecido nas edições anteriores, este ano foi estranhamente tranquilo e sem angústia.
vida e sua insustentabilidade
Todos nós temos consciência da certeza da morte no final de uma vida, mas estranhamos sempre a falta de alguém que nos morre. É natural. Por estes dias de recolhimento, alguém partilhava comigo a sua indignação:
- Tem morrido tanta gente... Os da funerária não param de trazer mortos para preparar... A insustentabilidade das nossas vidas é o sustento destes negócios.
- Tem morrido tanta gente... Os da funerária não param de trazer mortos para preparar... A insustentabilidade das nossas vidas é o sustento destes negócios.
mediascape: lugares comuns
Por me encontrar em local onde não controlava o comando da TV, fui ontem obrigado a assistir a todo o discurso do nosso Primeiro Ministro. Não me recordo de ouvir da boca de um político tantas referências a locais habituais, daqueles por onde muitos políticos gostam de deambular. Os locais da frase feita, dita e redita, da frase fácil e demagoga. Para além do mais, nada de novo pudemos encontrar nas suas palavras. Enfim.
19 dezembro 2013
mediascape: ouvir para crer
Ontem foi dia da prova para os professores. Depois de todos os protestos, greves, boicotes e zaragatas que se verificaram um pouco por todo o país, o ministro foi à televisão pública, (ver entrevista na íntegra aqui), explicar o processo. Entre outros dislates, disse isto:
Nuno Crato - Evidentemente que a Escolas Superiores de Educação e as Universidades têm características diferentes e critérios de exigência muito diferentes. (...)
J. Rodrigues dos Santos - Mas a sua dúvida incide sobre os licenciados nas escolas Superiores de Educação?
Nuno Crato - A minha dúvida, neste caso concreto de que estou a falar, que é a preparação, incide sobre esses casos.
Isto foi ontem, dia 18 de Dezembro de 2013. Estranho que hoje, dia 19 de Dezembro de 2013, Nuno Crato ainda seja o ministro da educação da república portuguesa. Como é possível?
12 dezembro 2013
mediascape: radares, velocidade e atropelamentos
Ouvi hoje na rádio e depois li no Público online que o governo se prepara para gastar quatro milhões de euros num novo sistema de controlo de velocidade para implementar nos centros urbanos. A razão para esta despesa "necessária" é a elevada taxa de atropelamentos e acidentes envolvendo peões nos centros urbanos de Portugal. O Governo aprovou em Conselho de Ministro essa despesa para a implementação do sistema Sincro - serão 30 novos radares a controlar a velocidade a que se circula nas nossas cidades.
Claro que haverá sempre uma relação entre radares e acidentes, na medida em que se a velocidade for menor, menor serão os danos humanos e materiais, mas evidente aqui é a relação entre radares e a caça à multa. Quatro milhões desperdiçados em tecnologia que só servirá para sacar mais dinheiro aos portugueses. Quando é que esta gente vai perceber que o investimento deverá ser sempre feito nas pessoas, na prevenção rodoviária, nas escolas de todo o país, na qualidade do ensino e formação dos condutores e na exigência da nossa cidadania. Esperemos para ver resultados.
09 dezembro 2013
Mandela
Aproveito este momento de tributo globalizado a Nelson Mandela para trazer aqui uma música dos U2 que tenho ouvido nas rádios. Pelos vistos essa música faz parte do novo filme sobre a vida do líder Sul Africano. Fui um jovem apreciador da banda de Bono e durante anos, os seus discos fizeram-me companhia diversa. Recordo que o primeiro álbum que andou lá por casa em 1987, ainda em vinil, foi o The Joshua Tree e que tocou, tocou e tocou ao ponto de ainda hoje saber quase de cor as letras das músicas desse disco. A partir daí e com o advento do CD, fui comprando os seus discos desde o início da sua carreira e até ao Zooropa, cuja sonoridade já se me apresentou muito estranha. Guardei esses discos até hoje e, muito de quando em vez, regresso a eles. Mas não mais comprei música de U2. Fui acompanhando a sua evolução, as suas performances e as suas intervenções cívicas, mas a arte deles deixou de me cativar. Agora, ao ouvir este tema, para além da mensagem, há algo que me remete para os seus primeiros sons e me cativa os sentidos. Não consigo, ainda, identificar esses pormenores, mas posso dizer que gosto muito do som de Ordinary Love.
dilema
"Que fez Deus antes de criar o Universo? Antes de criar os Céus e a Terra, criou o Inferno para quem faz perguntas como essa."
Santo Agostinho.
05 dezembro 2013
19 novembro 2013
14 novembro 2013
instante urbano XXIV
Hoje pela primeira vez entrei na loja "A Vida Portuguesa" no Porto, sito na esquina da Rua das Carmelitas e da Rua Galeria de Paris, e confesso-me desiludido. Também não tinha qualquer tipo de expectativa a não ser o seu reconhecimento público, publicado e mediático. Pensei que poderia ser surpreendido com artigos esquecidos pelo tempo, mas daquilo que pude ver apenas uma ou outra marca me activou os sensores da memória. Para além de um interessante leque de produtos alimentares com tradição em Portugal e da famosa pasta medicinal Couto, tudo o resto são lugares-comuns vintage que poderemos encontrar em tantos outros locais - feiras, comércio tradicional, arraiais, etc. Toda essa parafernália espalhada por dois amplos pisos e com uma imponente escadaria interior de ligação. Um espaço bonito para muita pouca coisa. O que terá existido lá anteriormente? Foram preservados alguns pormenores muito interessantes dessa outra vivência.
Saí de lá com aquela sensação de que alguém, não por acaso ser quem é, criou um conceito e por incrível que me pareça, conseguiu vendê-lo.
13 novembro 2013
mediascape: empreendedorismo
"Estamos muito apostados em constituir uma forte rede mentores"
O Ministro da Economia, António Pires de Lima, defendeu ontem na Assembleia da República que os alunos do ensino obrigatório deveriam ter uma disciplina chamada "empreendedorismo", afirmando que os jovens desde cedo devem ter conhecimentos que lhes permitam vir a ser empreendedores no futuro e permita ao Estado criar uma rede futura de empreendedorismo. O Ministro adiantou ainda que está em contacto com o Ministério da Educação na elaboração desse projecto. Não percebo muito bem o alcance do projecto, mas naquilo que a minha inteligência pode alcançar, parece-me uma parvoíce. Então anda o Estado há tantos anos (décadas) a esvaziar a Escola de matérias, de disciplinas e de tempos horários de determinados campos do saber e agora vem um ministro tecnocrata e CEO de empresas, clubes, associações, tascos e arredores, defender a introdução dessa disciplina!? O que se pretende com esse "Empreendedorismo"? Os miúdos vão aprender o quê? Como se junta dinheiro? Como se especula no mercado? Como se constitui uma sociedade por quotas ou anónima? Como se consegue o lucro? Enfim, uma ideia difusa, quando se sabe que muitos desses miúdos vão para a escola com fome e sem condições mínimas para conseguirem sucesso escolar. Querem transformar os miúdos de hoje, homens de amanhã sem conteúdo, sem conhecimentos abstractos, sem cultura, sem formação e unicamente interessados no dinheiro, no lucro e na especulação. Depois do impulso jovem, agora o empreendedorismo jovem, como se fosse possível transformar todas as crianças e jovens em empreendedores, em empresários, em mentores de grandes e lucrativos negócios. Não acredito, não vai acontecer, nem quero isso para as gerações que aí virão. Gostava sim que tivessem a liberdade de aprender aquilo que gostam, aquilo para o qual sentem vocação. Gostaria que a escola pública oferecesse conteúdos curriculares diversificados e com qualidade. Gostaria que os nossos filhos pudessem, caso assim entendessem, conhecer o Latim, o Grego, a Filosofia, o Direito, a Sociologia, a Antropologia. A condição de cidadão não se resume ao benefício da economia.
04 novembro 2013
souto do vale
Num lugar inclinado e encosta de monte, perdido no meio de vegetação selvagem que vai vingando, encontra-se um pedaço de terra que nos calhou nas partilhas daqueles que nos antecederam. Terra fértil mas mal tratada, sem grande atenção ou cuidado, vai sendo mantida única e exclusivamente para dar chão aos portentosos castanheiros que ali habitam. É o pai que, por enquanto, se responsabiliza por tratar desse chão - entre outras tarefas, roçar silvas, mandar lavrar, enxertar as árvores, podá-las. Mas chega esta altura do ano, a dos santos todos e dos mortos, e lá vamos todos, ou quase todos, visitar essa terra e roubar-lhe as saborosas castanhas que lá crescem. Um dia ou dois de apanha, tarefa ingrata e cansativa para os adultos, mas momento de aventura e descoberta para as crianças, e lá regressamos nós à cidade derreados pelo peso do "ouro" transmontano.
Souto é um conjunto de castanheiros, Vale é nome de família local. Souto do Vale é topónimo do termo da aldeia. Pena é que nem todos os castanheiros aí existentes sejam do Vale.
Souto é um conjunto de castanheiros, Vale é nome de família local. Souto do Vale é topónimo do termo da aldeia. Pena é que nem todos os castanheiros aí existentes sejam do Vale.
banalização do mal
A banalização do mal é a ideia central do pensamento de Hannah Arendt, filósofa alemã e judia que, fugindo do nazismo, se radicou nos EUA. Proeminente pensadora do século XX, discípula de Martin Heidegger, foi enviada pelo The New Yorker a Israel para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, dirigente nazi que fugira para a Argentina e que os serviços secretos de Israel encontraram. Durante esse julgamento Hannah Arendt percebe como esse destacado membro do aparelho nazi não passava de um "ignorante" que não fazia mais do que obedecer a ordens e a leís. É partir desse momento que ela desenvolve o conceito da banalização do mal e o apresenta nos cinco artigos que escreve no jornal. Com isso e com a denuncia de que alguns membros das comunidades judaicas teriam sido coniventes com os nazis, a filósofa consegue provocar uma tempestade à sua volta e a indignação dos judeus. É esse período histórico e esse episódio em particular que podemos ver retratados no filme agora em cartaz. Muito interessante. Um filme que aconselho, numa sala vazia perto de si...
22 outubro 2013
21 outubro 2013
ecfrase evidente ou oculta?
Aqui há tempos um intelectual amigo enviou-me esta imagem, desafiando-me para fazer uma leitura antropológica, iconológica ou iconográfica, ou aquilo que eu bem entendesse. Guardei a imagem e hoje lembrei-me dela. A propósito de tudo e a propósito de nada, enquanto mastigava o livro de Umberto Eco (2005), "Dizer quase a mesma coisa sobre a tradução", fui buscar esta Ceia dos Caretos, obra original de Luís Calheiros. Relação entre as duas obras, nenhuma, mas a alegoria desta última ceia com estes fantásticos convivas remete-me para a realidade que experimentamos: Enquanto quase todos sofrem, uma dúzia de convivas banqueteiam-se nas gorduras do estado e fazem-no alegremente e mascarando interesses, por hora, ocultos.
A minha dúvida em relação ao título deste texto refere-se, essencialmente, à tipologia adequada, pois se a ecfrase evidente ou clássica pretende ser uma tradução verbal de uma obra visual já conhecida ou que se tenciona tornar conhecida, a ecfrase oculta apresenta-se como dispositivo verbal que pretende evocar na mente de quem lê uma visão, o mais precisa possível.
15 outubro 2013
mediascape: a liquefação do estado
A propósito desta notícia do Expresso que refere que a manutenção do ministro dos Negócios Estrangeiros no cargo já é mote para apostas em sítios especializados na internet, facto devidamente enquadrado na actualidade nacional, socorro-me de Zigmun Bauman (2005), que a propósito das questões de identidade afirma que assistimos à passagem dum estado sólido a um estado líquido da identidade. Pois parece-me mais do que razoável a analogia com o actual estado das nossas instituições de poder. Em Portugal assistimos, nos últimos anos e com maior incidência no passado recente, à total liquefação das instituições de poder e representação, governadas, dirigidas e coordenadas por agentes que estão num grau zero de governança e de respeitabilidade. Bauman fundamenta o seu pensamento: “A principal força motora por trás desse processo tem sido desde o princípio a acelerada «liquefação» das estruturas e instituições sociais. Estamos passando da fase «sólida» da modernidade para a fase «fluída». E os «fluídos» são assim chamados porque não conseguem manter a forma por muito tempo e, a menos que sejam derramados num recipiente apertado, continuam mudando de forma sob a influência até mesmo das menores forças”.
Nota de rodapé: como é oportuna e adequada a referência "até mesmo das menores forças"...
14 outubro 2013
notas de um bloco
(reflexão a propósito da actualidade de um partido de esquerda)
Em democracia não pode haver só vencedores. Há sempre os vencidos. É nesta condição de vencido que o Bloco de Esquerda (BE) se encontra desde 29 de Setembro. Isso por si só não é grave, pois essa mesma democracia se encarregará de alterar os dados do jogo, assim queira o BE.
O BE foi, a par do PSD, o grande derrotado destas eleições autárquicas. Ninguém, dentro ou fora do movimento, terá dúvidas em relação a isto. Por isso mesmo, as primeiras reacções da nossa coordenação política foram tão disparatadas. Perante tamanho rombo nos votos, na percentagem e nos mandatos autárquicos, João Semedo vem a público rejubilar com a tremenda derrota da direita e do governo. Errado. Senti-me envergonhado. Primeiro teria que reconhecer e voltar a reconhecer os péssimos resultados do BE e só depois, em nota de fim de página, então mostrar satisfação pela penalização que os portugueses infligiram ao PSD. Mas mesmo assim, todos conseguiram vencer autarquias, uns mais outros menos, e o BE nada.
A frustração é enorme, por várias razões, mas desde logo, porque este foi o primeiro momento em que os eleitores poderiam ter denunciado a governação da troika e dos partidos nacionais que a suportam. Mas assim não fizeram e depositaram o seu voto, a sua confiança nos mesmos partidos. Não percebo, mas não enjeito uma leitura: é que essa votação e na actual conjuntura só vem realçar a inutilidade do discurso do BE e dos demais partidos anti-troika. As pessoas assim querem, assim o merecem, assim o terão. Afinal de contas o que andamos a fazer e a dizer?! As pessoas não acreditam na nossa mensagem, ou pura e simplesmente já não nos ouvem. De que serve haver descontentamento, indignação e repulsa pelo que o governo e seus partidos andam a fazer, se depois esses sentimentos não se transformam em votos no BE? Os portugueses acharam melhor votar em branco ou nulo do que no BE. Mau demais.
Outra das causas para esta frustração é a teimosia do BE em querer apresentar candidatos autárquicos em toda e qualquer esquina deste país. Está errado e passo a explicar porquê:
- É sempre a mesma correria, o mesmo frenesim para os funcionários do BE, a contactar, a cooptar, a recrutar, a organizar, a convencer nomes e listas, nos meses que antecedem cada acto eleitoral autárquico. A culpa não é deles, apenas dão seguimento àquilo que são as directivas vindas de Lisboa;
- Aceitação de indivíduos desconhecidos e sem passado conhecido de intervenção ou activismo de esquerda, cívico, associativo ou político;
- A verificação da inexistência de quadros políticos com formação em grande parte das estruturas locais e regionais;
- A incapacidade de gerar sinergias, ou compromissos, ou entendimentos com outras forças políticas, ou com movimentos de cidadãos independentes, apartidários ou meramente comprometidos civicamente;
- A constatação da desqualificação daqueles que se propõem ou ambicionam ser candidatos do BE;
- A inexistência de uma estrutura - orgânica, humana e logística - capaz de suportar tantas candidaturas. Com diferentes características, recursos e pessoas, cada candidatura local tem as suas idiossincrasias e especificidades que os serviços centrais jamais alcançaram, conheceram ou compreenderam;
- Tal como defendi e disse em 2005, tal como reforcei a ideia em 2009 e agora voltei a relembrar, não podemos, não devemos ter candidatos às autarquias que não tragam consigo mais valias políticas, capacidades crítica e de projecto, reconhecimento público. Não podemos, mesmo, ter candidatos a merecerem a confiança de 10, 20 ou 30 eleitores. É preferível ficar quieto, quedo e mudo. Será sempre preferível, porque menor danos causará ao partido reconhecer incapacidade de apresentar candidaturas por todo o país. Não poderemos continuar expostos a estas cíclicas humilhações;
Bem sabemos que é sempre depois dos erros, que se dão os maiores e melhores passos. Contudo, receio é que no fim, nada de novo aconteça e tudo fique mais ou menos na mesma. A atitude perceptível é o silêncio, de querer que o tempo se encarregue de ultrapassar este mau momento. Lamento se assim for, pois ao contrário da ilustre sapiência central do BE, as eleições locais são muito importantes para a capacidade de crescimento e fidelização da base social do partido. E depois convém não esquecer que dentro de meio ano teremos novas eleições, desta vez para o Parlamento Europeu, e infelizmente já não contaremos com o Miguel Portas.
10 outubro 2013
de "lei seca" a "malparado"
Eu bem que estranhava o facto de o blogue de Pedro Mexia - Lei Seca - estar inactivo há tanto tempo. Por lá ia passando regularmente para ver se havia novidades e nada, apenas uma publicação impondo a "suspensão" da sua actividade. Deve andar muito ocupado, pensei eu. Afinal ele criou outro blogue e passou a publicar apenas aí, não avisando quem era cliente do Lei Seca. Foi num outro blogue - o Bibliotecário de Babel - que tive conhecimento deste novo sitio, o Malparado. Assim, já o coloquei nos "Atalhos Partilhados" para lá ir amiúde e para quem mais possa querer visitar.
04 outubro 2013
30 setembro 2013
fim de ciclo
Tal como já aqui antevira, não fui eleito para a Assembleia Municipal de Bragança. O desafio adivinhava-se difícil, pois para além da fraca implantação do BE no distrito e no concelho, para além dos mais que certos erros na escolha dos protagonistas e na construção do programa eleitoral, foram cometidos vários erros estratégicos e a conclusão é que a mensagem não passou. Para além de tudo isto ao qual eu, pessoalmente, não refuto ou evito responsabilidades, fomos efectivamente a principal vítima da reforma administrativa das autarquias locais. Em Bragança mas também no restante território nacional. No caso concreto do concelho de Bragança, nunca desde 2005 conseguimos deixar de ser a força política menos votada, por isso com a redução substancial do número de freguesias no concelho, seriamos com naturalidade os primeiros a ser excluídos da Assembleia Municipal.
Estive a representar o BE durante dois mandatos (2005-2013) nessa Assembleia. Foi sem dúvida uma excelente experiência. Gostei realmente daquele ambiente de disputa partidária. Conheci muitas pessoas, das quais ganhei alguns amigos para a vida. Tive acesso a muita informação e a oportunidade de perceber como se gere um município. Fui protagonista inúmeras vezes, privei com pessoas que jamais imaginei conhecer (Adriano Moreira, Manuel Alegre, Vasco Lourenço, Francisco Louçã, entre outros), construí o meu espaço político e de intervenção cívica. Senti e percebi todos os anti-corpos e todas as animosidades que criei nalguns sectores mais reaccionários, mas foi engraçado. Sempre consciente da relação de forças presentes, sempre consciente da minha representatividade e apesar de todo o mundo que me separava de grande parte dos demais, fiz oposição leal e responsável. Agora acabou.
Sem grande precipitação e sem grande pressa, iremos reflectir sobre este resultado. Contudo, e como não poderia deixar de ser, assumirei desde o primeiro momento as minhas responsabilidades políticas. Assim, renunciei já ao mandato enquanto membro da Coordenadora Distrital do BE, assim como renunciei ao meu lugar de membro da Comissão Nacional Autárquica do BE, comissão essa eleita e legitimada pela última Convenção Nacional. Sendo assim, adquiro uma vez mais a condição de militante do movimento. Sempre disposto para novos desafios, sei que em breve eles surgirão.
28 setembro 2013
reflexão sobre campanha autárquica em Bragança
É já no remanso do lar que me encontro a escrever estas palavras. Tranquilo e satisfeito pela jornada realizada durante as duas últimas semanas. Percorremos o concelho de lés-a-lés, falando com todos aqueles que nós quiseram ouvir, trocando impressões e ouvindo as opiniões (por vezes desagradáveis) e reclamações dos cidadãos de todas as 114 aldeias que compõem o município. De todas essas conversas, destaco pela positiva o primeiro comício que realizámos no espaço rural. Aconteceu em Gondesende, onde tínhamos cerca de 30 pessoas à nossa espera, onde temos um membro eleito desde 2009 e onde repetimos a candidatura à Assembleia de Freguesia. Temos alguma expectativa quanto a esse resultado. Pela negativa, destaco as frequentes queixas relativas à água e em relação ao saneamento básico, que ainda não cobre a totalidade do concelho. Percebemos, outra vez, que o que as pessoas querem é festa, som, confusão e brindes - e nem importa o quê: canetas, isqueiros, t-shirts, lápis ou canetas, bonés. Qualquer coisa serve, menos ideias e palavras. Aquilo que humildemente teimamos em partilhar é isso mesmo; um programa com ideias e projecto. Infelizmente, mede-se a probabilidade de vitória ou derrota, consoante a dimensão das caravanas de cada partido.
É sempre um prazer viajar tranquilamente pelas estradas e ruas que ligam as nossas aldeias e apreciar as paisagens fabulosas que constituem o nosso território. É sempre um prazer imenso chegar ao final da jornada de cada dia e sentar num e noutro restaurante a saborear as magníficas carnes e o bom vinho. São sempre dias cansativos, mas dos quais guardarei boas recordações. Sem dúvida.
É sempre um prazer viajar tranquilamente pelas estradas e ruas que ligam as nossas aldeias e apreciar as paisagens fabulosas que constituem o nosso território. É sempre um prazer imenso chegar ao final da jornada de cada dia e sentar num e noutro restaurante a saborear as magníficas carnes e o bom vinho. São sempre dias cansativos, mas dos quais guardarei boas recordações. Sem dúvida.
No que à Assembleia Municipal diz respeito, lista que uma vez mais encabeço, a nossa expectativa é podermos manter o mandato que temos já desde 2005. Algo que será desta vez mais complicado, não só pelo sentimento de descrédito que todos os partidos sofrem, como também devido à reforma administrativa das autarquias locais que, no caso de Bragança, fez reduzir de 49 para 39 freguesias. Portanto, precisaremos de mais votos para conseguir cada mandato. Em relação à Câmara Municipal, em consciência não poderemos querer mais do que melhorar a nossa votação, pois a eleição implica uma votação muito acima daquilo que é a nossa possibilidade. Mas esperemos pela justiça dos eleitores.
Pelo que pude perceber durante estes dias de campanha e no terreno, o PSD manterá o domínio na autarquia e isto porque, em minha opinião, o PS não só escolheu o candidato errado e uma lista problemática, como também fez uma campanha errada, tendo apostado nas novas tecnologias e num certo elitismo intelectual - jogos virtuais, facebook, podcast, twitter, etc., assim como uma assessoria de qualidade duvidosa, bem ilustrada pela publicação de sondagens inexistentes e com fichas técnicas cheias de erros técnicos básicos. Foi precisamente esse episódio quem derrotou definitivamente essa candidatura, pois o Jornal Nordeste, na sua edição de 24 deste mês, faz da primeira à última página um cerrado ataque à estratégia escolhida pelo PS. Quero ver qual será a leitura e as respectivas consequências políticas que os seus actuais responsáveis farão dessa derrota que se antevê clara e até, possivelmente, estrondosa.
Mesmo aceitando essa pérola da sabedoria popular que diz que prognósticos só no final do jogo, eu arriscaria dizer que o resultado para a eleição do executivo camarário será o seguinte: PSD 3, PS 2 e Humberto Rocha (independente) 2. A dúvida poderá residir na eleição do segundo vereador do independente ou a eleição do quarto vereador para o PSD e, assim, este partido conseguir a maioria absoluta na vereação.
É com alguma expectativa que aguardo a noite de Domingo, pois para além da relativa incerteza quanto ao resultado final, também o meu futuro próximo estará em jogo. Certo para mim é que o nosso resultado trará inevitavelmente consequências políticas. Cá estarei eu para as assumir.
Pós-texto:
Em jeito de declaração de interesse, manifesto o desejo que o meu amigo Duarte Diz Lopes, coligação PSD/CDS (como custa escrever estas siglas e aceitar a vitória desses partidos) vença em Vinhais e que em Vimioso vença o PS, lista onde habita o meu amigo Paulo Lopes.
Em jeito de declaração de interesse, manifesto o desejo que o meu amigo Duarte Diz Lopes, coligação PSD/CDS (como custa escrever estas siglas e aceitar a vitória desses partidos) vença em Vinhais e que em Vimioso vença o PS, lista onde habita o meu amigo Paulo Lopes.
22 setembro 2013
20 setembro 2013
15 setembro 2013
13 setembro 2013
pré-campanha
Intervenção Comício Praça da Sé - Bragança
9 de Setembro de 2013 - 21 horas
Luís Vale
(candidato à Assembleia Municipal de Bragança)
Boa noite,
Nos últimos dezasseis anos a gestão autárquica do nosso município esteve entregue a um único partido, ao PSD. Foram quatro mandatos de uma maioria soberana e legítima, porque democraticamente eleita e por isso o Bloco de Esquerda respeitou-a e foi leal para com essa decisão dos homens e mulheres de Bragança.
O Bloco de Esquerda organizou-se e apresentou-se ao eleitorado local pela primeira vez em 2005. Elegemos um membro para a Assembleia Municipal e repetimos essa eleição em 2009. Procurámos, ao longo destes dois mandatos, apresentar ideias e projectos que fossem contributos para o bem estar das nossas populações e para o desenvolvimento do nosso concelho. Esse foi desde o primeiro momento o nosso propósito, o nosso compromisso com os eleitores. Responsavelmente, fomos oposição aos executivos camarários e tivemos toda disponibilidade para encontrar as melhores soluções para Bragança.
Na Assembleia Municipal, sempre com consciência das relações de forças presentes, trabalhámos com todos, concordando, discordando, propondo, sugerindo, votando contra ou a favor, sempre com a convicção de que essas atitudes eram, a cada momento, a melhor decisão. Trabalhámos em comissões temáticas e de especialização com verdadeira motivação e vontade de contribuir. Trouxemos à Assembleia Municipal propostas, das quais gostaríamos de destacar:
- A luta contra a privatização da água e a denúncia da participação na empresa supra-municipal ATMAD. A este propósito o grande debate, em sede de Assembleia Municipal de Bragança, sempre foi a construção da barragem de Veiguinhas e aqui, o BE, para lá de ser a favor ou contra esta opção deste executivo, sempre questionou a não existência de outros projectos alternativos e a teimosia na inevitabilidade da opção Veiguinhas. Em dois mandatos, em oito anos nunca foi apresentada outra solução e todas aquelas que surgiram por iniciativa de terceiros foram liminarmente ignoradas;
- A construção de um Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho que fosse um instrumento ao serviço do equilíbrio e da coexistência dos humanos num espaço natural e protegido e não um espaço de proibição, interdição ou restrição. Convém relembrar que esse território, essa paisagem agora protegida, foi construída pelos homens e mulheres que a habitaram ao longo de gerações e gerações sem qualquer tipo de constrangimento administrativo. Portanto, se um dia foi possível transformar esse território num ambiente protegido por lei, isso deveu-se única e exclusivamente ao saber, ao conhecimento e à experiência dos seus habitantes. Não se entendem todas as limitações agora em vigor;
- A procura de um melhoramento da prática democrática, através daquilo que entendemos ser um dos ideais democráticos e republicanos - a participação cidadã. A criação de uma metodologia de orçamento participativo foi um caminho que iniciamos aqui em Bragança. Pena é que o executivo camarário não o tenha entendido e optado. Foi a nossa vida quotidiana quem perdeu qualidade e não pôde beneficiar do contributo de todos aqueles que vivem e experimentam tudo aquilo, o melhor e o pior, que a cidade e o concelho de Bragança oferecem. Lamentamos;
- Naquilo que diz respeito ao espaço urbano, sempre criticámos o crescimento desenfreado do perímetro urbano e a permanente vontade de expandir a urbanização para locais limítrofes, com o único propósito da voragem de licenças e taxas, ao mesmo tempo que se abandonou e negligenciou o centro e zona histórica da cidade. Olhemos à nossa volta e veremos como o coração da cidade foi, ao longo destes 16 anos, perdendo vida, dinâmica e até a razão de ser. Esperamos que seja ainda possível reverter esta situação. Por isso lutaremos enquanto aqui estivermos;
- Por falar em cidade e no concelho de Bragança, o paradigma deste ciclo que agora termina foi a obra - equipamentos, infra-estruturas, estruturas, espaços públicos, etc. - mas a verdade é que depois desse longo período, o balanço possível é que de facto a cidade é outra, foram construídos excelentes equipamentos, por exemplo, as escolas e os centros escolares, os museus, os centros de interpretação, o teatro municipal. Mas tudo isso de nada servirá se não houver pessoas, se não houver alunos, se não houver públicos. Mais, num município onde se investiu tanto em betão e ferro, há aldeias, há freguesias e até locais na cidade que, em pleno século XXI, carecem de saneamento básico. Inaceitável;
- Estivemos também contra o encerramento de serviços públicos na nossa região e, neste momento, queremos destacar a denúncia que, desde o primeiro instante, fizemos do encerramento de Centros de Saúde, de SAPs (serviços de atendimento permanente) e das várias valências hospitalares. Sempre nos opusemos ao afastamento e à centralização dos serviços públicos de primeira necessidade para os cidadãos, sob o pretexto de qualquer racionalidade financeira ou económica;
- No tempo em que surgiram como cogumelos por todo o país as empresas municipais, também em Bragança se aderiu à moda e constituíram-se duas participações. O BE sempre desconfiou dos reais propósitos destas duas empresas. Uma foi o matadouro que apesar do discurso sempre optimista e positivo deste executivo, nunca conseguiu o seu propósito e os seus objectivos. Hoje está à venda e sem qualquer interessado na sua aquisição ou exploração. A outra foi o Mercado Municipal que, para além de ser um verdadeiro elefante de betão, nunca foi, na sua essência um espaço comercial. Serve uma quantidade de serviços e foi sempre apresentado como um espaço moderno e capaz de dar resposta à modernidade dos hábitos de consumo. Mentira e para além de ter sido a causa da destruição do único e verdadeiro Mercado Municipal que existia aqui ao lado na Praça Camões, foi a empresa extinta e remunicipalizada. Afinal também aí o BE teve razão ao opor-se;
- Mais recentemente fomos obrigados a debater e a decidir a reforma administrativa das autarquias locais. Como sabem o BE sempre se opôs a essa reforma, pois se por mais não fosse, ela não resolveria qualquer problema às finanças nacionais e só viria prejudicar a experiência e a prática democráticas existentes;
Com a aproximação a um novo tempo e processo eleitoral, é com este património construído, é com esta intervenção cívica e política que nos apresentamos aos homens e às mulheres de Bragança. Para que possam fazer a avaliação da nossa participação e do nosso contributo para as suas vidas. Seremos, uma vez mais, protagonistas deste processo eleitoral em Bragança e partimos para essa nova jornada com vontade e optimismo no futuro da nossa terra. Seremos, agora mais do que nunca, alternativa às propostas e à gestão autárquica que até aqui tem existido.
É por isto que entendemos que em 29 de Setembro o voto necessário, o voto útil será nas listas do Bloco de Esquerda. Queremos continuar a ter voz na Assembleia Municipal, nas Juntas de Freguesia e também no executivo camarário. Queremos agir, queremos agir bem, queremos agir agora.
Obrigado.
alguns momentos desse comício
(actuação dos Klipe no início e final do comício)
(intervenção de Luís Vale, candidato à Assembleia Municipal)
(intervenção de Paulo Martins, candidato à União de Freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo)
(intervenção de Gil Gonçalves, candidato à Câmara Municipal)
(intervenção de Catarina Martins, Coordenadora Nacional)
04 setembro 2013
Instante urbano XXIII
Numa destas noites de final de mês de Agosto, estava com um amigo a beber um valente e bonito Gin Tónico, numa das inúmeras esplanadas da cidade de Bragança, quando fomos abordados por um jovem rapaz que, com educação, nos pediu 40 cêntimos para algo que não percebi, nem quis perceber. Tínhamos em cima da mesa algumas moedas do troco recebido. Estendemos os tais cêntimos ao rapaz que, agradecendo, se afastou até o perdermos de vista. Mas foi por pouco, pois passados alguns minutos, regressou com um saco plástico na mão, chegou-se à nossa mesa e pousou o saco, que dentro tinha um pão de trigo com um quilograma. Segundo pude perceber, através da sua difícil dicção, era a retribuição pelo facto de lhe termos dado aqueles cêntimos. Ainda tentamos recusar, mas ele tal como chegara, afastou-se, não nos dando hipótese de qualquer reacção.
mediascape: comércio tradicional
Hoje, dia 4 de Setembro, o Jornal Público deu destaque (páginas 2, 3 e editorial) aos dados relativos ao comércio tradicional em Portugal. Sem grande euforia e de forma cautelosa até, diz-se que o peso desse comércio cresceu, no primeiro semestre de 2013, para os 15,4%. Estes dados são considerados um sinal de como o mercado se está a transformar.
Custa-me dizer mas não me parece que seja possível, a curto trecho, uma alteração substancial dos hábitos de consumo dos portugueses. Por princípio nada tenho contra as grandes superfícies, aliás, não consigo viver sem elas. Não gosto é da voragem centrífuga dos monopólios económicos e, em Portugal, é no sector da distribuição que podemos encontrar os grandes empresários e o domínio da quase totalidade do mercado (cerca de 85%). Como alguém dizia, o retrato da nossa economia e do nosso empreendorismo faz-se com a percepção de que os dois maiores empresários portugueses são merceeiros.
Apesar de céptico, fico contente com esta notícia e gostaria muito que esta tendência se consolidasse e pudesse mesmo aumentar. Quanto mim, lamento não conseguir viver sem ser cliente do Sr. Belmiro e do Sr. Francisco. Quem sabe um dia.
14 agosto 2013
sou da diáspora
Sou da diáspora.
Sei quem sou e de onde venho.
Nunca tive qualquer vergonha do berço que me viu crescer.
Sinto os laços que me fazem pertencer a essa imensa comunidade.
Convivo sã e alegremente em todos os reencontros.
Incomoda-me o folclore excessivo.
Detesto o atrevimento de algumas manifestações.
Não tolero o descaramento dos que se julgam espertos.
Sou da diáspora.
Uma vez mais é o enorme Rentes de Carvalho quem melhor cristaliza em palavra alguns destes meus sentimentos:
Desmiolado, indiferente às conveniências, dinheiro no bolso, o emigrante tem o mau hábito de no mês de Agosto visitar as berças e, com os seus barulhentos costumes, música pimba, dialecto franciú, ir perturbar o sossego da boa gente que alegremente dispensaria o confronto anual com aquela desagradável versão de si própria.
O português tem isso: se julga pertencer à classe média baixa, média média, média alta, superior ou olímpica, é logo atacado de amnésia e nojo, os outros tornam-se-lhe gentinha, "pobrezinhos" , passa a sofrer da mais miserável forma de racismo e discriminação: a que se volta contra aqueles a que pertence.
Vou lendo aqui e ali queixumes e desdéns, sugestões de que o emigrante vá passar férias a outro lado, não perturbe a serenidade, não venha com o seu barulho e jactância recordar a simpleza e condição humilde de que todos descendemos, mesmo os que se julgam nobres e melhores. Que o não são. Julgam-se.
José Rentes de Carvalho, 7 de Agosto de 2013.
13 agosto 2013
lido...
The ethnographic text will be a text to read not with the eyes alone, but with the ears in order to hear "the voices of the pages".
(Stephen A. Tyler, 1986:136)
(Stephen A. Tyler, 1986:136)
26 julho 2013
15 julho 2013
mediascape: mafiosidades de estado
As notícias que nos chegam do outro lado da fronteira são assustadoras. Um antigo tesoureiro do PP acusa o primeiro-ministro de ter recebido vários milhares de euros, em dinheiro vivo, ao longo dos últimos anos, numa média que rondaria os dois mil euros por mês de dinheiro sujo, proveniente de empresas e militantes. O jornal "El Mundo" publica msn trocadas entre o primeiro-ministro e o tesoureiro em que aquele pede silêncio a este. A oposição pede a sua demissão mas ele recusa. Diz que está de consciência tranquila. Uma trapalhada, uma vergonha. Foi e é em Portugal, foi no Luxemburgo, foi na Itália, é em Espanha... que bem vai a governação por esta Europa fora.
Algumas notícias acerca deste caso:
http://tinyurl.com/ph4k9dohttp://tinyurl.com/o8j56nr
12 julho 2013
rescaldo de uma paisagem esvaziada
Naquilo que parece ser, finalmente, o rescaldo do maior incêndio que há memória no distrito de Bragança e que afectou os concelhos de Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, deixando um rasto de destruição e um cenário jamais imaginado, convirá também reflectir um pouco acerca da realidade do território em causa: sua gestão e seu ordenamento. Não são questões que digam respeito apenas ao presente, ou sequer a um passado recente, são problemas estruturais que estão mais do que identificados, estudados, diagnosticados, mas estão ainda sem uma terapêutica estratégica que procure minorar tais situações. É confrangedor assistir às declarações dos responsáveis pelas autarquias, das protecções civis, das direcções regionais dos ministérios da agricultura e do ambiente. Já não há paciência para o mesmo discurso, os mesmos lugares comuns, a mesma atitude reactiva e nunca preventiva. É preciso ir além do elogio aos valentes bombeiros, é preciso ir além do lamento e do infortúnio, é preciso evitar a promessa da contabilização dos estragos e das ajudas que hão-de vir. Para quando uma atitude planeada, pensada, reflectida, com meios e recursos capazes de, a curto, médio ou, que seja, a longo prazo resolva este drama que ciclicamente experimentamos?
Nestes momentos seria interessante ouvir alguém referir-se às causas que potenciam incêndios como este. O abandono dos terrenos agrícolas, a falta de gados, o abandono das práticas de cultivo e de manutenção dos terrenos, a introdução de vegetação não-autóctone, entre outros, são factores que permitiram o crescimentos de matos, muitas vezes, até bem perto das próprias povoações. Há um pequeno exemplo que recordo e que me parece paradigmático desta situação: toda a gente cortava as silvas que cresciam nas hordas dos lameiros, hortas e demais terrenos. Eu próprio cheguei a fazer isso, tarefa que não só salvaguardava os terrenos, impedia o fogo de aí ganhar força, como também libertava os caminhos de acesso. Quem faz isso ainda? Olhemos para a paisagem que circunda as nossas aldeias e vejamos o triste espectáculo dessas silvas e demais vegetação selvagem a ocupar o lugar que outrora floria ou era repasto para todos os gados. Por falar em caminhos, numa das reportagens televisivas desde uma dessas comunidades afectadas por este incêndio, uma idosa reclamava, pois os bombeiros e os militares em vez de andarem a combater o fogo, andavam a abrir caminhos de acesso até perto do fogo. Raciocínio rápido e compreensível de quem vê o seu mundo ser consumido pelas chamas, mas ao mesmo tempo, uma crítica oportuna e reflexiva, pois na verdade esses caminhos deveriam ser parte integrante daquilo que é a prevenção e não parte precipitada da estratégia de reacção. Fiquei com aquelas sábias palavras.
A aflição de todos aqueles que sentem o poder implacável do fogo destruir-lhes o trabalho de toda a vida. O abismo de tudo perderem consoante a vontade do vento. A impotência e a consciência de nada poderem fazer, serão sempre o reflexo de uma atitude passiva e expectante, negligente e egoísta daqueles que vão habitando o nosso território. Uma vez mais, a própria população só reage quando sente aquilo que é seu em perigo. Admiram-se sempre pela rapidez e velocidade com que as chamas chegam e chamuscam os telhados, queimam os fios da luz e do telefone, assam os seus animais de estimação e de sustento. Durante o restante ano ninguém se preocupa com o mato que vai crescendo sem lei e vai envolvendo as aldeias, ninguém se preocupa com as reservas de lenha que as pessoas teimam em juntar dentro dos povoados, ninguém reclama pela negligente gestão dos baldios, ninguém se opõe à introdução ad-hoc de espécimes vegetais estranhas à flora local. Enfim, tudo razões para vivermos sempre com o coração aflito e com o espírito nas mãos de um santo qualquer. Aquilo que aconteceu este ano foi consequência de vários factores naturais, é verdade, mas foi e será sempre o resultado da boa ou má gestão do território, da boa ou da má ocupação dos solos, da presente ou ausente política administrativa e, principalmente, da consciência ou da inconsciência de tudo isto.
É muito triste uma paisagem assim.
08 julho 2013
04 julho 2013
garotices
Os recentes acontecimentos na governação de Portugal são inacreditáveis. Se nos contassem que isto poderia acontecer, não hesitaríamos a negar essa eventualidade. Estes dois senhores, donos dos dois partidos da coligação que nos governam, são uns irresponsáveis e deveriam ser, desde já, responsabilizados pelos enormes danos que a sua palermice causa ao país. Mais, o espectáculo que nos estão a oferecer é de tal forma ridículo que não percebo como o país e as suas instituições não interrompem a sua actuação. Os dois fazem-me lembrar os meus tempos de criança em que brincava com os outros miúdos, mas quando a brincadeira não me agradava, chateado dizia: "- Assim não brinco mais!" Mas brincava e depois voltava a dizer que não, mas brincava. E os dias passavam-se assim.
Esta trágico-comédia que em vez de nos divertir só nos exaspera, relembra-me também a amargura que ainda sinto com o momento em que os portugueses foram chamados a escolher e votaram nestes desqualificados. Para meu contentamento, ou pelo menos para engano próprio, prefiro pensar que esses portugueses merecem cada acto falhado destes senhores. Por fim, temo que se formos nova e antecipadamente chamados a escolher novos interpretes escolhamos algo parecido e isso será destruidor.
01 julho 2013
25 junho 2013
despojos do S. João
Este ano e depois de uma ausência superior a vinte anos, regressei ao centro do Porto como folião e equipado a rigor com o martelo na mão. Isto aconteceu porque mais ninguém cá em casa conhecia in loco a festa, portanto, lá fui mostrar os lugares comuns e tradicionais do grande santo popular da Invicta. Na memória trazia comigo alguns momentos ou episódios desse tempo de criança em que ia regularmente à festa. Primeiro com os meus pais e depois, quando mais crescido, em grupo de juvenis vizinhos e amigos. Das primeiras experiências guardo a memória da Ponte D. Luís I a abanar e da sensação de pânico generalizado pela eminente queda da estrutura. Foi num desses momentos que me perdi na confusão do medo e de meus pais, provocando com isso uma enorme angústia à minha mãe. Sei ainda hoje que não me tinha perdido, pois sabia onde o carro estava estacionado e foi lá que me foram encontrar passado algum tempo. Outra bonita memória dessas noites era o Café Mucaba(?), bem situado no fundo da Avenida de Gaia, onde a caminho de casa parávamos para uma apetitosa francesinha para os pais e uma deliciosa tosta mista para os filhos.
Mais tarde e já com o grupo de rufias da Madalena, as memórias que guardo são as da inconsciência e da irresponsabilidade. Miúdos de 10, 11 e 12 anos, alguns talvez mais, sozinhos, a pé e sem destino. Corridas loucas pelas ruas de Coimbrões, Candal e Ribeira, a tocar às campainhas, bater nos carros, atirar pedras, etc. Na confusão da multidão pelas ruas 31 de Janeiro, Batalha, Fontaínhas, Clérigos, Aliados, Rotunda e Avenida da Boavista, Foz, por todo o lado e durante toda a noite a correr e a fazer traquinices.
Este regresso, para além da sua componente turística e pedagógica, permitiu relembrar todos esses momentos e também permitiu perceber porque é que um dia deixei de ir ao S. João. É que para mim a piada da festa está única e exclusivamente na democrática e livre distribuição de marteladas. O resto - a sardinha, o bailarico, o alho-porro, a embriaguez dos sentidos, os balões, o fogo de artifício, o manjerico e suas rimas, a confusão e o aperto não me atraem minimamente. Desconfio que tão cedo não regressarei, até porque o resto da família também não se mostrou efusiva ou sequer entusiasmada.
finalmente
Muito provavelmente por culpa própria, por não ter procurado o suficiente e sempre nos mesmos sítios, a verdade é que só no dia 21 de Junho consegui encontrar o número 1 da Revista Granta, versão portuguesa. Foi grande a expectativa, principalmente depois do marketing editorial promovido nas redes sociais, mas a revista que foi lançada, se não estou em erro, no passado dia 24 de Maio, não se encontrava em nenhum lugar. Perguntei e perguntei. Nada. Afinal, só à terceira edição deste número consegui o meu exemplar e tive que reservar. Estou a gostar.
14 junho 2013
29 de Setembro
Está escolhida a data das eleições autárquicas. O governo, entre as datas possíveis, escolheu o dia 29 de Setembro, o que motivou desde logo contestação por parte do PS e do BE. Para mim, enquanto cidadão envolvido no processo, tanto me faz, embora e por pragmatismo, preferisse o dia 22 de Setembro. Mas vamos lá. É tempo de organizar toda a burocracia. As listas terão que ser entregues nos tribunais até ao dia 5 de Agosto. A minha luta será uma vez mais em Bragança e pelo BE. Não se antevêem ventos favoráveis e a reforma administrativa recentemente efectuada veio dificultar ainda mais a nossa capacidade de intervenção e de participação. Siga.
11 junho 2013
mediascape: o panóptico à escala global
A notícia deste dias de que um ex-agente da CIA e ex-consultor da NSA denunciou publicamente a existência de um programa estatal do EUA de vigilância massiva e de dimensão mundial, relembra-me o velho projecto do filósofo Jeremy Bentham, que em 1785, criou um sistema de vigilância total a que deu o nome de "o panóptico". De facto, imaginar que todos os indivíduos que possuem contas de email, números de telefone, perfil no facebook, twitter e outras redes sociais, estão a ser monitorizados por uma "inteligência" americana deixa-me apreensivo e resulta numa sensação de permanente observação. Perceber que afinal tudo aquilo que nos é "oferecido" pelas empresas do sector das comunicações de voz e de dados não é mais do que um engodo para nos manter cativos, arrelia-me o fígado. Ouvir o presidente dos EUA defender esse programa, justificando-o dizendo que não podemos estar 100% seguros sem perdas de confidencialidade, assim como o tentar legitimar dizendo que todos os líderes do Congresso Americano estavam devidamente informados desse programa, dá-me orticária. Para além de me desagradar a ideia de permanente observação e controle, achei constrangedor ver e ouvir Barack Obama, incomodado, justificar-se assim.
antologia de autores transmontanos
Foi no passado Sábado, dia 8 de Junho, no Centro Cultural de Bragança, o lançamento desta segunda colectânea de textos de autores transmontanos, onde colaboro com um pequeno texto, intitulado "O Mâncio".
05 junho 2013
uma língua que se vai desfazendo
Assim termina Francisco José Viegas (FJV) o seu editorial da revista Ler deste mês. A propósito do novo Acordo Ortográfico, a reflexão realizada dedica-se à história desse acordo conseguido em 1990. FJV faz uma resenha histórica desses longos vinte anos de existência do acordo, criticando as academias envolvidas pela qualidade do acordo, criticando a imprensa nacional pela ausência de debate público e criticando os portugueses por terem passivamente aceitado esse acordo, afirmando "...como sempre acontece entre nós, passou-se de aceitação amorfa e bovina para a guerrilha e para a indignação". Para FJV "não há memória de tão profundo e desavergonhado ataque à nossa língua", algo que eu subscrevo literalmente. Contudo, ao fazê-lo não deixo de me perguntar o porquê de só agora ele se manifestar assim publicamente, principalmente quando recentemente desempenhou funções de Secretário de Estado da Cultura e afins e teve inúmeras oportunidades para o fazer, preferindo também ele e nessas circunstâncias um bovino e amorfo silêncio.
Mas aquilo que mais retenho deste texto é mesmo a questão central, estão a destruir-nos a Língua Portuguesa. Tal como todos sabemos, os nossas crianças e os nossos jovens aprendem, desde pelo menos 2011, um Português diferente daquele que as gerações anteriores aprenderam, cultivaram e ensinaram. Com esta história de impasses e de hesitações por parte dos restantes membros da CPLP e com a espectacular precipitação do nosso Estado, como irá aprender correctamente o Português toda essa geração de alunos. Caso o acordo seja revisto, seja alterado, ou mesmo anulado, como vamos recuperar as competências de toda essa gente que sem alternativa aprendeu essa outra língua? Eu tenho uma criança em casa que escreve e lê de forma distinta dos progenitores. Quando lhe dou apoio e leio ou ouço o que escreve, fico muito incomodado. A vontade é corrigi-la, mas sei que no actual contexto seria contraproducente. Tenho por certo que um dia destes iremos todos substituir as normas actuais e regressar às anteriores, mas no entretanto, quem se responsabiliza pelos danos causados? Também sei que a culpa será de ninguém.
18 maio 2013
lá estarei...
Para ver Nick Cave. Apenas. Obrigado ao puto Ramon que, numa iniciativa de antecipação, me trouxe este salvo-conduto para esse grande momento.
11 maio 2013
the sunset limited
Numa sexta-feira à noite e sem nada de especial para me ocupar as horas, resolvi ligar o meu disco onde tenho todos os filmes e séries que quero ver e onde guardo todos aqueles que já vi. Tinha a intenção de rever o filme "Che", pois quando o vi pela primeira vez, não gostei nada da legendagem - brasileira traduzida pelo google e dessincronizada - mas ao abrir a pasta dos filmes "para ver", não sei porquê, resolvi ver este. Que surpresa, que assombro. Dois personagens, desempenhados por Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones, uma sala, uma mesa, uma bíblia e um diálogo com cerca de noventa minutos. Provavelmente, muitos terão desistido a meio, mas a verdade é que fiquei agarrado àquela conversa. Conversa existencialista, eu diria mesmo filosoficamente existencialista, que requer concentração e muita atenção, mas que para além de si mesma revela, ou melhor, reafirma a dimensão destes dois actores. Vou voltar a ver, com toda a certeza, mas agora vou beber um whisky. Fica a apresentação do filme.
10 maio 2013
mediascape: país novo, requalificado, empreendedor e de homens novos, requalificados, empreendedores
Hoje passei os olhos pela capa do Jornal de Notícias e fixei os sentidos nesta notícia. Passados dois anos desta governação, pejados de repetidas promessas de um futuro melhor para o país e seus habitantes, cá estamos nós a constatar o sucesso dessa governação. Criação de emprego, oportunidades, empreendedorismo, etc e tal são palavras caras e que nos remetem para um ambiente que não é, infelizmente, o nosso e que foram (e são) abusivamente utilizadas pelos nossos governantes. Digno de um ranking de país sub-desenvolvido do terceiro mundo, a criação de emprego pago a pouco mais de trezentos euros é uma vergonha que deveria fazer corar e desaparecer do mapa todos aqueles que têm defendido esta política, esta governação. É de tal forma criminosa a governação dos nossos dias que para ser feita justiça seria preciso criar um novo tribunal internacional para julgar os crimes governativos contra a humanidade. É mesmo isso que se trata. E a cada dia que passa, mais acontece. Os crimes estão a ser cometidos, os criminosos anunciam os crimes e são identificados em flagrante delito. O que é preciso mais para serem condenados, punidos, enfim, excluídos?!
09 maio 2013
obra remendada
Nas frequentes viagens entre o Porto e Bragança tenho usufruído dos novos troços de auto-estrada já concluídos e com isso poupo em tempo e em combustível. Quando estiver pronta vai ser um sossego viajar entre estas duas cidades. Acontece que, ultimamente, tenho verificado que em vários locais desses novos troços, o pavimento tem cedido e por isso formam-se grandes e perigosas lombas. A concessionária vai colocando sinalizações e, segundo pude ler na imprensa regional, vai tentando compor esses segmentos de estrada. Aquilo que me impressiona é o facto de esta ser uma estrada nova, construída durante os últimos dois ou três anos, da responsabilidade de grandes empresas de construção e muito bem pagas pelo Estado. Não percebo como podem acontecer estes abatimentos de terrenos e com tanta frequência. Pior ainda é perceber que nesses locais danificados a solução é remendar, colocando nova camada de alcatrão por cima para nivelar. Não percebo nada dessas engenharias, mas parece-me lógico que o terreno irá de novo ceder e novamente teremos lombas e mais lombas até começarem os acidentes, os feridos e as mortes. Malfadada estrada.
portugal: o país que não é para velhos
Na sala de espera de um consultório médico privado e vazio, ouço a emissão do "Opinião Pública " da SICN, cujo tema é a proposta do governo de taxar as pensões e reformas em mais 10%. A indignação é geral, percebe-se pelas diferentes opiniões. Eu ainda não tinha conhecimento desta pretensão e a ser efectivada será uma vergonha. É uma falta de sentido de Estado, é uma falta de ética republicana aquilo que estamos a fazer com os nossos cidadãos mais idosos. É rebentar com qualquer réstia de coesão social e, consequentemente, com o futuro e viabilidade de Portugal, enquanto Estado, enquanto Nação, enquanto Comunidade. Os nossos aposentados e reformados cumpriram com todas as suas obrigações ao longo da sua vida contributiva e acreditaram - confiaram o seu dinheiro ao Estado como pessoa de bem - que um dia poderiam usufruir de um final de vida sem preocupações ou sobressaltos. Afinal, foram enganados, pois o Estado não quer honrar os seus compromissos para com os seus cidadãos. Em Portugal ser idoso e ser reformado ou pensionista é uma aventura, é um risco de vida. Para dar resposta e honrar os compromissos com os seus credores estrangeiros, estes criminosos matam-nos, matam-nos o país, literalmente e com retroactividade. Está na hora de reagir, está na hora de matar essa corja de governantes que pensarão, concerteza, que nunca irão ser velhos.
03 maio 2013
02 maio 2013
impressões
Hoje fui acordado por uma grande mosca. Talvez fosse um moscardo. Não sei, não o cheguei a conhecer. Estava preso ao desenvolvimento do sonho em que era também personagem e a determinada altura, um ruído estranho veio perturbar essa narrativa. Um zumbido em movimento que vinha e ia, ia e vinha e, assim, desestabilizava o normal desenrolar da experiência. Num primeiro instante não percebi e ainda tentei resistir-lhe, mas o despertar foi coercivo, pondo um fim precoce a essa outra história. Irritado, a vontade era perseguir até à morte o insecto, mas bastou-me abrir a janela para o silêncio regressar àquele espaço. De onde veio aquele ser voador não sei, mas fiquei com a impressão de que teria viajado do meu sonho para o meu despertar.
LER para Maio
Hoje é dia de LER. Daquilo que já pude perceber são várias as razões para ler este número. Desde logo as entrevistas a José Rentes de Carvalho e a Ribeiro Telles, depois Aquilino Ribeiro no cinquentenário da sua morte. Para além disto, a excelente crónica (talvez o melhor texto que li seu...) de Inês Pedrosa e os cronistas de sempre. Para ler nas próximas horas.
18 abril 2013
mediascape: parente pobre
A notícia que encontrei apenas aqui, deixa-me muito chateado e até triste. É sempre a mesma coisa, são sempre os mesmos os primeiros a serem sacrificados. Uma cidade como o Porto, perder um evento estruturante como a feira do livro, é reduzir a praticamente nada a oferta cultural do município. Pois é, cultura para este executivo são as corridas de carros na Foz e na Boavista, são as corridas da RedBull ou são os cagalhões da Joana Vasconcelos. Mas está tudo bem. Está a acabar o período destes iluminados e senhores da estética e do bom gosto. Sem feira do livro quem perde é a cidade, sou eu, és tu, é ele (mas não sabe) e somos nós. Enfim, melhores anos virão. Fica o excerto da notícia relativa a este assunto.
"Rui Rio deixa o Porto sem Feira do Livro
No último ano de mandato de Rui Rio à frente da autarquia, a Câmara do Porto decidiu não apoiar a realização da Feira do Livro, impedindo assim que os portuenses continuem a usufruir daquela iniciativa que animava a baixa da cidade e promovia a cultura na região.
Em comunicado, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) considera que "não é possível a realização da feira nas mesmas condições de dignidade e qualidade dos anos anteriores, onerando os seus associados com um valor suplementar ao que já suportam para poderem estar presentes na realização deste evento cultural". O protocolo entre Câmara e livreiros, que vigorava desde 2009, expirou em outubro passado e a APEL sempre disse que o apoio da Câmara era fundamental para que a iniciativa se pudesse realizar. Os livreiros ainda reclamam de Rui Rio o pagamento da dívida das edições anteriores da Feira do Livro, mas nunca obtiveram resposta.
A posição da Câmara manteve-se inflexível em limitar os apoios à cedência de espaço e isenção de taxas camarárias, considerando a Feira uma atividade com fins lucrativos para editores e livreiros. "Resta à APEL fazer votos que no próximo ano a Feira do Livro regresse à cidade com a qualidade e dignidade que já habituou os portuenses", conclui o comunicado dos editores e livreiros."
15 abril 2013
mediascape: não haverá duas sem três, ou nove
Acabámos de saber que o tribunal cível do Porto impediu Luís Filipe Menezes de se candidatar à Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas. Depois de Fernando Seara em Lisboa, o mesmo desfecho acontece na cidade do Porto, deixando claro que os mandatos são das pessoas e não do território. A este propósito não percebo qual a dúvida jurídica e de sua interpretação, ou sequer semântica, assim como não entendo a teimosia cristalizadora do PSD em insistir com nove candidaturas nas mesmas condições. O PSD é, aliás, o único partido a apresentar candidatos com essas limitações. Curiosa e muito é a reacção da Distrital do PSD Porto que mesmo depois da sentença afirma: "a candidatura de Filipe Menezes (PSD) à Câmara do Porto nas próximas autárquicas é "válida à luz da lei" e está convencida de que o Tribunal Constitucional vai "repor o espírito da lei" Repor?! Senhores, já está no sítio onde sempre deverá estar; o espírito.
10 abril 2013
sempre bom
Por mais voltas que dê, por muito que experimente e conheça, cada regresso é sempre genial. Assim, estamos sempre disponíveis e até ansiosos pelo regresso. Genial é o substantivo.
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