25 março 2018

cidade luz

Há cerca de dez anos que não visitava Paris. Estive agora lá, entre a Disney, o centro de Paris e subúrbios - Poissy, St. Germain e Versailles - durante a última semana. Entre 2008 e 2018 muito aconteceu na e à capital francesa. Aquilo que mais se nota é a preocupação com a segurança, que está bem visível nas ruas, instituições e recintos. De forma declarada e assumida, os militares e polícias passeiam-se pelas ruas e avenidas da cidade e há um controle apertado (eu diria, quase paranóico) em tudo o que é local turístico, monumento ou concentração de pessoas. O medo do terrorismo, real e perceptível, instalou-se definitivamente na vida quotidiana de Paris, dos parisienses e dos seus visitantes, sendo o acesso à Torre Eiffel o exemplo paradigmático desse receio. Aquilo que era um espaço amplo, enquadrado pelos grandes e bonitos jardins a Sul e o Trocadero a Norte, passou a ser um estaleiro de obras, cercado por alta cerca de chapa e com acessos diferenciados de entrada e saída, protegidos por sofisticados sistemas de vigilância e onde nada é negligenciado. Percebo e compreendo a necessidade de tal aparato, mas a verdade é que a experiência turística, ou a do visitante, ou ainda a do próprio habitante é fortemente transtornada por esta paranóica necessidade. É pena.

(na foto é visível a cerca metálica que circunda toda a torre)

19 março 2018

eu também...

Pela primeira vez escrito pela sua mão. Acredito que tenha sido sincero. Obrigado.




15 março 2018

terceiro mundismo

A notícia da execução da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, na noite passada, no centro da cidade, com quatro tiros na cabeça, é um assassinato político numa cidade policiada por militares e será mais um, apenas mais um, sintoma da grave doença que o Brasil sempre sofreu e que, nem com toda a cosmética de modernidade urbanizada, cosmopolita e global, se consegue disfarçar. O Brasil pertence ao terceiro mundo, pelo menos naquilo que é o seu ethos social, naquilo que são as suas instituições, organizações e estruturas. Como temos vendo a assistir o próprio poder de Estado e dos diferentes níveis de Administração Pública está refém dessas lógicas de poder - da normalização, e até banalização, da corrupção, do culto de personalidade, da lei do mais forte, da subjugação ao poder económico, da subtração dos direitos sociais e da transformação da democracia em algo que poderá ser tudo menos democracia. Lamento muito, mas assim é o Brasil que sempre me deram a conhecer.

desaparecimento de um génio maior

Por falta de tempo, ontem não pude assinalar, com a devida vénia, o desaparecimento de Stephen Hawking, matemático, físico e cosmologista, que faleceu com 76 anos. Nome grande da ciência, a sua vida foi uma inspiração para milhares e milhares de pessoas, não só pelo seu trabalho, pelo seu génio, mas também, e acima de tudo, pela sobrevivência durante mais de cinquenta anos a uma grave doença degenerativa, diagnosticada aos vinte e poucos anos e que lhe foi tolhendo o físico. Mente brilhante, a ele devemos grandes descobertas e teorias no campo da física e da cosmologia. Sem dúvida, uma referência maior que o universo.

13 março 2018

finalmente

Ontem fui ao quiosque para comprar o Le Monde e, para surpresa minha, encontrei a LER. O seu número de Inverno acaba por chegar até nós no seu fim. Portanto, poderemos aguardar pela de Primavera lá para meados de Junho. Paciência. 

10 março 2018

leitura interminável

Acabei por estes dias a leitura dos Diários - diários de viagem, de Franz Kafka, numa edição da Relógio d'Água. Face àquilo que já conhecia deste autor e face à qualidade da sua escrita, confesso que a leitura destes Diários foi uma tarefa penosa e demorada. Apesar de se perceber o génio da sua escrita, a descrição dos seus dias e diferentes momentos pareceram-me entediantes, depressivos e sem grandes motivos de interesse. Kafka, às páginas tantas, afirma: uma vantagem de escrever um diário consiste em ganharmos consciência, com uma clareza apaziguadora, das mudanças a que estamos constantemente submetidos...
Acredito nas suas palavras, mas a leitura do seu diário nem sequer me deixou perceber essas mudanças da sua vida e apenas e só por teimosia mantive a sua leitura.

terapias, energias e fantasias

A Fundação Francisco Manuel dos Santos lançou mais três reportagens da série retratos da fundação. Com eles a colecção chega às trinta unidades. Destes três últimos volumes, quero destacar o trabalho de João Villalobos acerca do poder da energia, quando aplicada sob a designação de terapia alternativa e através das mais variadas promessas de sucesso, de fortuna, de amor e, principalmente, de saúde. Mal o comprei li-o de uma só vez e num ápice, pois veio mesmo a calhar com o início de mais um semestre de Epistemologia. Vou levá-lo para a sala de aulas.
Curioso como nos últimos tempos - e falo de meses ou até anos - assistimos a uma necessidade de salvaguardar a ciência, naquilo que são a sua prática e o seu discurso, do assédio, do engano e da pseudo-ciência que, hegemónica, invadiu o espaço social e mediático. Há muitas décadas que vivemos rodeados, no quotidiano das nossas vidas, de ciência, vertida em tecnologia, gadgets, medicamentos e utilitários, mas nesses últimos tempos, passámos a viver atolados em discursos - marketing e publicidade, e em práticas - diversidade de terapias/métodos/ferramentas, tais como o Reiki e outras que tais...
Mas voltemos a João Villalobos que nos apresenta este seu pequeno texto assim:
As terapias alternativas têm milhões de seguidores, mas de onde veio esta onda avassaladora da energia que promete curar sem tocar? Saber quem são os defensores, os críticos e que argumentos têm é talvez a melhor forma de começar a responder à pergunta. Da Bíblia ao anúncio do cabeleireiro holístico, passando pelo Reiki, e sem deixar de fora o cardápio de anjos e guias espirituais, este é o retrato do fenómeno de que muitos falam mas sobre o qual ainda há muito para contar.