28 novembro 2022

já?!

Hoje, 28 de Novembro, desejaram-me "boas festas". Nessa fracção de segundo o meu cérebro bloqueou e não processou de imediato essa informação, só depois é que o meu bom(?) senso me obrigou, já com um sorriso nos lábios, a retribuir os desejos. Caramba, já cá estamos outra vez! É mesmo um eterno retorno.

25 novembro 2022

without black friday

Porque não gosto de gastar dinheiro que não tenho em coisas que não preciso, esta moda do black friday passa-me ao largo e consigo alhear-me desse consumismo sôfrego. No entanto, aconteceu passar pela porta de uma Almedina e resolvi entrar para ver se encontrava algo a bom preço. Pois não só nada havia em promoção que me interessasse, como acabei por encontrar algo inesperado e há muito esperado, sem promoção e que, claro, trouxe para casa. A tradução para português deste clássico da Antropologia, de Ruth Benedict, "O Crisântemo e a Espada", um trabalho encomendado pelo Governo e pelos militares americanos, em plena Segunda Guerra Mundial, para conhecerem melhor o Japão, então inimigo. Interessa também para quem queira conhecer a sociedade japonesa.

dados miseráveis que até (me) irritam

A rádio Brigantia noticia hoje (ler aqui) que os resultados definitivos do Censos 2021 revelam Bragança como um distrito em extinção, pois todos os seus doze concelhos perderam população em percentagens exageradas. Não é que seja surpresa a região continuar a perder população, mas quando já estávamos com valores tão baixos, sabermos que as perdas continuam acentuadas, deixa-nos completamente desarmados e incapazes de qualquer reacção. Bem sei que o facto do país ter regiões de baixa densidade não seria uma fatalidade em si e que até, tal como acontece noutros países europeus, as populações dessas regiões poderiam ter qualidade de vida, estabilidade e até serem competitivas, mas infelizmente não é essa a nossa realidade e Lisboa não tem feito mais do que desinvestir na região. Veja-se a retirada da ferrovia do distrito (e de outras regiões interiores do país) como o exemplo mais que evidente da falta de pensamento estratégico e apenas orientado pela e para a finança e especulação.
Mas regressemos aos dados do Censos 2021. Entre 2011 e 2021 o distrito perdeu 13.448 residentes, pois tinha 136.252 em 2011 e agora só tem 122.804 residentes. Por concelho as perdas são as seguintes:
Torre de Moncorvo = -20,42%
Alfândega da Fé = -15,34%
Freixo de Espada à Cinta = -15%
Vinhais = -14,32%
Carrazeda de Ansiães = -13,86%
Miranda do Douro = -13,62%
Mogadouro = -13%
Vimioso = -11,14%
Mirandela = -10,32%
Macedo de Cavaleiros = -9,67%
Vila Flor = -9,66%
Bragança = -2,15%
Pelos vistos, apenas nos resta esperar pela morte e migração dos poucos habitantes que cá resistem.
Aliás, a percepção que tenho é que o próprio Estado português já há muito tempo que decidiu que o interior do país seria para abandonar e que seria uma questão de tempo, entre três a quatro gerações para tal acontecer. Tudo isto com o conhecimento dos responsáveis políticos da região, falo dos autarcas, dos deputados e de todas as nomeações políticas para cargos sectoriais da Administração Pública. Foram décadas e décadas de protagonismos locais e regionais, de mão estendida em Lisboa e de satisfação pelas sobras que permitiam inaugurações de betão e alcatrão, enquanto assistiam, encolhendo os ombros, ou ausentes e distraídos, ao esvaziamento de serviços do Estado e à retirada das suas tropas. Um triste espectáculo: vão-se os dedos, mas ficam os anéis, que é como quem diz, vão-se as gentes, mas ficam os auditórios, as piscinas, as ciclovias, os museus, assim como os super e hiper-mercados e as tão desejadas vias-rápidas, itinerários principais e auto-estradas e continuam a cortar fitas e a ser capitais disto e daquilo...
Talvez esteja na altura de responsabilizarmos não só o Estado, mas também de olharmos para a nossa quota-parte de responsabilidade política e de assumirmos que esta tem rostos e tem nomes. Depois, seria bom começarmos a pensar sobre o que fazer com este vasto território, despovoado e abandonado à sua sorte, em vez de perpetuarmos a ilusão ou falsa esperança que um dia a realidade será diferente. Infelizmente, não será mais do que uma agonia e morte cada vez menos lenta.

24 novembro 2022

ferramentas

Descobri recentemente esta caneta e estou admirado com a qualidade de escrita dela. Tal como eu gosto, não é escrita fina e o toque de tinta no papel é suave. Por apenas 6,80 euros, para além da caneta, ainda traz seis recargas de tinta. Foi difícil de encontrar à venda, vamos lá ver o tempo que se aguenta e se vai conseguir substituir a minha velhinha Sheaffer.

18 novembro 2022

optimismo

"O melhor modo desde o princípio da História está longe de ser o melhor dos mundos possíveis, e é por isso que Popper defende que o optimismo é um dever, pois é esse mesmo optimismo que pode fazer com que faça sentido continuar a caminhar, lutar por algo melhor, porque a realidade é insuficiente. O presente é claramente insatisfatório e este mundo não nos pode contentar."
(Afonso Cruz, in jornal de Letras nº 1360, Novembro 2022)

vergonha presidencial


Não sei quando, nem em que contexto, o Presidente da República portuguesa proferiu esta declaração. Que vergonha, o mais alto magistrado de uma nação republicana e democrática relativiza a morte de escravos em países ou estados cleptocratas, ditatoriais e onde não existe um mínimo de respeito pela dignidade da vida humana. Este senhor não perde uma oportunidade para demonstrar a sua senilidade e irresponsabilidade. Eu nunca votei nele e, cada dia que passa, fico mais tranquilo por nunca ter gostado dele. Sempre o considerei um lobo disfarçado de cordeiro, ou seja, um anacrónico e salazarento, disfarçado de democrata e desempoeirado. Não tem feito mais do que dar-me razão.
Eu considero inaceitável a FIFA ter concedido ao Qatar este mundial de futebol e mais inaceitável ainda o facto das selecções aceitarem jogar lá. Vai ser um mundial de hipocrisia e de indignidade. Eu não participarei nesse espectáculo. Não haverá visualização, ou sequer interesse, em nada relacionado com o evento. SHAME ON YOU!

11 novembro 2022

10 novembro 2022

solilóquio

Talvez um dia alguém leia as horas dos meus dias. Melhor, talvez um dia ela leia os meus dias em escrita.
(repescado de um pequeno caderno, escrito em 12 de Janeiro de 2018)

o futeboleiro

Há cerca de dois meses a minha criança começou a treinar futebol no Valadares Futebol Clube - Dragon Force, na turma dos onze anos. A turma ainda é pequena, talvez sete ou oito miúdos quando aparecem todos. A lógica é treinarem e os melhores, segundo parecer dos treinadores, serão convidados a integrarem a equipa de competição do respectivo escalão. Tem dois treinos por semana (4ª e 6ª feiras, às 18:30 horas) e está a adorar. Eu, pois claro, também tenho treino e sou coagido a estar sempre atento ao que se passa no relvado. Não sei se ele chegará a ser "convidado" para a equipa de competição, nem é objectivo que ele se transforme num futeboleiro. Aqui o primeiro e último objectivo é o treino e em equipa, pois ele está demasiado tempo sozinho. De qualquer forma, e sem qualquer pretensiosismo ou soberba, o miúdo até toca bem na bola, é inteligente a jogar... "toca e foge", e tem a "sorte" de ser canhoto, o que o diferencia de todos os outros da turma. O que lhe falta, tal como no resto da sua existência, é garra e força na disputa de bolas. Esguio e magro como é, tranquilo e sem precipitações, tem pinta de defesa central. A ver vamos no que isto irá dar. Entretanto, continuarei a ir aos treinos.
(escrito na bancada cinzenta e fria do estádio do Valadares, dia 8 de Novembro de 2022)

06 novembro 2022

abastardamento

"Dói-me o que está a acontecer em Portugal à língua portuguesa: um abastardamento acelerado. Sou alérgico ao 'grande beijinho', um contrassenso, porque um beijinho é um beijo pequeno, e portanto não pode ser grande. As pessoas já não pensam, palram como as pegas e os papagaios. Depois, desapareceram as profissões. Já não há médicos, enfermeiros, bombeiros, aviões ou helicópteros, etc. Há profissionais, operacionais, especialistas e meios aéreos! A individualidade desaparece e qualquer dia passamos a ser números. O pior é que ninguém repara na absurdidade desta situação. E embora seja grande fã da língua inglesa, abomino o abuso desta em Portugal. O episódio do ALLgarve foi o nadir de todas as tolices." 
(Jorge Calado, in revista LER - Outono 2022, pág. 35-36)

a terra irmã de Portugal

Levei-o comigo de férias neste último Verão, mas não consegui sequer olhar para ele. Ficou para agora a sua leitura. A noite de ontem foi passada a conhecer a história deste território a Norte, terra de encantos e de misticismos vários.


"O espaço da antiga Galécia romana, com capital em Braga, constituiu uma unidade até ao século XII e esteve na origem do reino e da língua de Portugal. Desde então, mantiveram-se a continuidade das paisagens, a proximidade linguística, a intermitência dos diálogos culturais e a importância das relações transfronteiriças." (in contra-capa)