31 janeiro 2019

baron noir

Inspirada na vida política francesa dos últimos anos, esta série que, actualmente, a RTP2 transmite, tem-me obrigado a ligar a TV por volta das 22 horas (um pouco mais cedo do que o habitual). Dizem que as suas personagens representam cada um dos políticos reais da República Francesa. Como não conheço com esse detalhe a actualidade política gaulesa, apenas consigo identificar os principais intervenientes. Excelente enredo, actores magníficos. Enfim, é uma produção francesa. Muito bom.

30 janeiro 2019

mediascape:incompreensão

Circula por aí, nesse fascinante universo das redes sociais, uma indignação por João Miguel Tavares ter sido convidado para presidir às próximas comemorações do dia 10 de Junho. Não entendo porquê tanto alarido e indignação por causa disto. Independentemente de concordar ou não com as posições, com as opiniões ou com a mundivisão do referido jornalista, parece-me descabida a reacção de alguns sectores da sociedade. Seria interessante perceber as verdadeiras razões deste incómodo. Eu até desconfio saber a verdade, mas prefiro guardá-la para mim.

mediascape:extasiado

Só hoje tive oportunidade de ler e reflectir sobre as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa a propósito da sua possível recandidatura à Presidência da República. Recordo bem quando, ainda em campanha para o seu primeiro mandato, afirmava para quem o ouvia que era apologista de mandatos únicos e que não tencionava recandidatar-se a um segundo mandato. Pois bem, o Presidente da República Portuguesa mudou de opinião e afirmou recentemente, extasiado pelo anúncio da realização das jornadas mundiais da juventude em Lisboa, que existiam dois pressupostos para se recandidatar: 1º ter saúde (a sério?!...) e, 2º, (pasmem-se) saber que não há ninguém em melhores condições para receber o Papa; Bem, nem sei como adjectivar este segundo termo da equação, mas trazer para o plano político, numa república laica, um evento da cariz religioso, ainda por cima promovendo-o a critério de ponderação e decisão política é, no mínimo, ofensivo aos valores da República e demonstra, de uma vez por todas, o quão populista é o nosso Presidente da República.

23 janeiro 2019

imparidades, dizem!

Foi divulgada recentemente, e pelo que tudo indica ao luso jeito de "fuga de informação", a lista com as empresas e indivíduos com maiores dívidas à Caixa Geral de Depósitos, resultantes de empréstimos bancários concedidos e que significaram avultadas perdas por incumprimento no pagamento desses empréstimos. Um vergonha nacional! Um crime que lesa a pátria e cada um de nós, portugueses. Tendo em conta alguns dos nomes que aqui encontramos, agora se percebe porque é que o Banco de Portugal não queria divulgar a lista, nem sequer entregá-la à Assembleia da República. Tem que haver imediatas consequências políticas e criminais do conhecimento destes factos. Já foi alguém detido? Linchado em praça pública? Claro que não. Não podemos continuar a aceitar que, alguns espertos, nos inflijam esta sodomização colectiva. Eu, pelo menos, não aprecio.
Lembram-se agora do mote: "andamos a viver acima das nossas possibilidades, agora temos que pagar"? Pois bem, onde estão esses senhores? É aqui, nesta lista, que está a dívida privada e pública, é aqui que estiveram a viver acima das suas (e nossas) possibilidades, é aqui que está parte da culpa por ter existido um resgate internacional ao nosso país.

22 janeiro 2019

a escola

Sem ser propriamente inédito, aqui está um texto que deveria ser de leitura obrigatória para todos os alunos do ensino básico e secundário em Portugal. Mas mais do que consciencializar as gerações mais novas, as que estão agora na escola, para a importância da Escola e sua ontogenia, importava que os mais velhos, aqueles que decidem as políticas do ensino em Portugal para o presente e para o futuro, fossem também obrigados a lê-lo.
Porque não está ainda disponível na página do Jornal de Letras, digitalizei-o para aqui o partilhar.

(Valter Hugo Mãe, in Jornal de Letras nº 1260, Janeiro 2019)

16 janeiro 2019

solilóquio

A espaços regresso a esta mesa de trabalho que, apesar de vermelha, está, ainda, encostada a uma enorme janela. A imensa luz do dia que a alcança ilumina-me e permite-me respirar para além das herméticas paredes dos lugares que habito.

conversar

A leitura é exactamente uma conversa com homens muito mais sensatos e mais interessantes do que os que podemos ter ocasião de conhecer à nossa volta.
Marcel Proust in "O Prazer da Leitura", (1997).

10 janeiro 2019

curiosidade


Curioso, a Antropologia não é tida nem achada por nenhuma das suas "parentes", nem ela se cita a si mesma...

09 janeiro 2019

solilóquio

incomoda sentir-me inconveniente;
desconcerta a arrogância da ignorância alheia;
desarma, por completo, a má educação;
eu, hoje, em particular.

nem de propósito

Rui Nunes, em entrevista ao Jornal de Letras, diz-se farto da literatura... (negritos meus)

Não gosto do que se escreve hoje, particularmente no domínio da ficção. Acho que se separou completamente da realidade. (...) a realidade não está lá. (...) falta-lhes abertura ao mundo. (...) O eco de outras leituras está demasiado presente e o eco do mundo cada vez mais distante. É uma literatura que trabalha sobre a literatura, livros que se escrevem sobre livros.
(...)
Vemos que essas ideias (nazismo) têm uma presença cada vez mais forte. E parece que estamos esquecidos. (...) E parece que não se vê que essa luz maligna está a inundar e estranhamente a iluminar o mundo actual. E a seduzir muita gente, tal como nos anos 20 e 30.
(...)
É que quando se fala desse horror (nazismo) tão próximo, assim como da escalada a que se assiste hoje, fala-se de uma maneira normalizada E a normalização do discurso impede o seu funcionamento. As pessoas lêem e esquecem. É mais uma história. É preciso uma escrita que não seja normalizada para que as pessoas se interroguem acerca do que diz. Uma escrita normalizada é rápida e leva a um esquecimento muito rápido. Se perguntarmos a muita gente o que leu ontem no jornal, veremos que já não se lembra. O presente tem um poder muito forte e faz esquecer o passado de que é produto. Penso que é preciso reinventar, embora não goste muito deste termo, a escrita.
(...)
É preciso criar na própria escrita um atrito, uma violência que seja de certo modo homóloga à que temos presente na realidade. Uma linguagem normalizada não permite que se pare, enquanto o atrito obriga a parar.

08 janeiro 2019

a democracia, o politicamente correcto e a coragem

Vi, em directo, o Eixo do Mal do último Sábado e assisti à intervenção corajosa de Daniel Oliveira. Quis logo partilhá-la aqui, mas só agora consegui encontrar esse segmento. Um exemplo daquilo que todos nós, cidadãos de um Estado de Direito democrático deveríamos fazer, valorizar e defender. Aquilo que estamos a assistir em Portugal, embalado pelo que tem vindo a acontecer em vários países da Europa e mundo, e pelos órgãos de comunicação social e seus actores - jornalistas, comentadores e colunistas, é a uma preocupante normalização dos discursos e práticas de extrema-direita que, a vingarem, representarão o fim da própria democracia.

Nota: O ridículo daquilo que Luís Goucha fez ao levar Mário Machado ao seu programa televisivo, sob o pretexto da liberdade de expressão, é não se ter apercebido que esse senhor, caso as suas ideias saiam vencedoras, não só não hesitará em lhe retirar toda a sua liberdade de expressão, como não descansará enquanto não o exterminar.


07 janeiro 2019

terra da maçã

O programa Share retirou-me do aconchego da lareira no dia de ontem, Domingo, ainda por cima dia de festa familiar, para me levar até terras de Armamar, na margem esquerda do Douro. Apesar do dia soalheiro, estava um frio de rachar e foi num estado de quase hipotermia que cheguei a casa por volta das vinte e uma horas. A razão que me levou até à terra das maçãs foi a conversa com senhora que já participa neste estudo há vários anos e que agora vive nessa pequena aldeia de Armamar. Quase no final da nossa conversa, a senhora levantou-se e saiu da cozinha, espaço onde conversávamos, e quando regressou trazia um enorme saco cheio de maças, couves e dióspiros para me oferecer. Ainda tentei resistir, pois não era suposto eu receber nada em troca, a não ser a informação que procurava, mas a simpatia e insistência da minha interlocutora foi mais forte. Só quando cheguei ao Porto e restabeleci a temperatura corporal, fui abrir o saco. Que espectáculo de maçãs - bonitas, grandes e saborosas. Bem se podem auto-denominar e projectar como a terra da maçã...

05 janeiro 2019

pensamento

Curioso como o pensamento e os grandes pensadores estão desvalorizados no século XXI. Para quê pensar se todos estão precisamente, agora mesmo, ocupados a ter uma opinião?
Gonçalo M. Tavares, in Jornal de Letras.

02 janeiro 2019

ler

Apenas hoje a encontrei nas bancas. É o número de Outono, mas só agora saiu. Enfim.


abstinência natalícia

Na última visita ao médico, quando faltavam duas ou três semanas para o Natal, fui alertado, por ele, para ter algum cuidado com a alimentação nessa quadra tão propícia a consumos exagerados. Logo na altura sosseguei-o, dizendo-lhe que, normalmente, nesta altura do ano, são dias de fome para mim, pois não sou, de todo, apreciador das iguarias natalícias e afins.
Agora que esse tempo de voluptuosidade e faustosidade gastronómica terminou, posso reafirmar essa minha (pré)disposição para a abstinência alimentar. Para além do vinho que ingeri, de um ou outro whisky, não cometi qualquer pecado de gula. E doçarias, apesar da variada oferta, nem lhes toquei.
A balança confirma e é testemunha do que digo.

com parcimónia

Ao contrário do que esperava, foi com muita facilidade que, hoje, bem cedo, cheguei ao centro da cidade. Talvez por inexperiência ou pela longa ausência, sempre pensei que o segundo dia do ano fosse já pleno de actividade e confusão na Invicta e seus arredores. Não. Sente-se a cidade a espreguiçar da ressaca dos dias de nomeada e folia passados. Pelos vistos, reiniciar a labuta custa e é com parcimónia que regressamos ao ritmo habitual, às andanças dos dias ordinários. Com certeza, amanhã, com o regresso em força dos estudantes e professores às escolas, a realidade será outra e o reboliço matinal estará de volta.

01 janeiro 2019

primeiro de Janeiro

Novo ano, vida nova, costumam dizer. Não sei, tenho dúvidas quanto a essa "novidade", mas aquilo que acontece logo neste primeiro dia do novo ano, não pode deixar de me preocupar e de me alertar os sentidos. A vida nova do Brasil começa hoje com a tomada de posse de Bolsonaro. Um mau presságio para o resto do ano e dos tempos que hão-de vir.
Também por isto, a palavra escolhida como lema para 2019 é a mais adequada: resistência. Há que resistir, temos e vamos resistir. Bom ano.