27 julho 2015

revista brigantia

Não é preocupação nova, nem é assunto novo aqui. Aproveitando uma rápida visita a Bragança, adquiri o mais recente número da revista Brigantia - volume XXXIII, agora propriedade e editado, pela primeira vez, pela Comunidade Intermunicipal de Trás-os-Montes. É um número especial dedicado aos 150 anos de nascimento do Abade de Baçal e que contempla em exclusividade a obra "Gente de Mirandela" do Pe. Erneste Sales (colaborador e informante do Abade de Baçal) de 1916, numa leitura realizada por Jorge Sales Golias e Telmo Verdelho.
São várias as diferenças em relação às edições anteriores, que na capa costumavam trazer uma imagem de um estrafogueiro e nesta não. As capas não têm badanas, o papel é melhor, mas a cartolina das capas é mais fraca. A própria encadernação não é tão boa e tem uma lombada larga demais para o número de folhas do livro, o que deixa no toque uma impressão de amadorismo ou de desleixo na paginação e acabamento.
Para além destas pequenas, mas não insignificantes, mudanças, aquilo que me parece importante realçar é o percurso degenerativo que a revista percorre. De revista regular e essencialmente etnográfica, etnológica e antropológica, passou nos últimos anos a revista de efemérides e de homenagens. Inadmissível. O meu alerta já foi dado várias vezes e em diferentes momentos e instituições, mas nem por isso alguém se importou com a sua perda qualitativa. Não só fico triste com esta realidade, como também acho que não faz sentido deixar perder esta referência cultural, ou melhor, de produção cultural da região transmontana. O seu a seu dono, mas assim não.

23 julho 2015

ao espelho

 
Agradeço ao Henrique Manuel Pereira o envio desta página de um suplemento do Jornal Mensageiro de Bragança. As fotografias dizem respeito ao lançamento do meu livro, no passado dia 27 de Março.

22 julho 2015

vocações

À medida que me afasto temporalmente daquela data de 27 de Março de 2015, há pequenas reminiscências, pormenores desse dia (factos, momentos ou diálogos) que me assaltam de forma abrupta a mente e que contribuirão para uma memória futura. Um desses momentos aconteceu depois do descerramento da placa de homenagem a D. Manuel António Pires, na parede da casa onde ele nasceu, quando resolvi mostrar ao actual bispo da diocese de Bragança-Miranda, do exterior, a dimensão de toda a casa dos pais de D. Manuel e quando, a determinado momento, apontei para a janela do quarto (na foto, janela da esquerda) onde ele terá nascido. A reacção de D. José Manuel Cordeiro, ao contemplar a ampla paisagem que o horizonte permitia, foi exclamativa: - Não me admira que com esta paisagem nascessem aqui vocações!...


21 julho 2015

o metereologista


Depois de ter conhecimento deste livro na revista LER, num texto de Francisco José Viegas que me despertou a atenção e, depois, a curiosidade. Trata-se da história de Alexei Feodossevitch Vangengheim, criador e director do Serviço Hidrometeorológico da URSS até 1934 e depois preso, transferido para uma das primeiras bases do gulag e, por fim, fuzilado e enterrado numa vala comum. Aproveitei o aniversário de alguém próximo para o oferecer e assim poder, daqui a uns tempos, lê-lo.

mediascape: sessenta euros diários

Experimentando um período de nojo pelos acontecimentos recentes na União Europeia e na Grécia, tento evitar notícias, opiniões e declarações acerca daquilo que agora aconteceu e que, com toda a certeza, no futuro será recordado e estudado. Contudo, houve um facto que, também, por ter sido tantas vezes noticiado, me ficou retido na mente: com os bancos encerrados e os movimentos financeiros controlados, os gregos só podiam levantar no multibanco até 60 euros por dia. Este facto foi sempre apresentado pelos media como sendo algo de terrivelmente mau para os gregos, como se fosse impossível viver com essa quantia disponível para cada dia. Cada um sabe de si, mas não me parece de todo mau poder viver com 60 euros por dia. Mesmo na Grécia. Será que haverá muitos gregos que vivam acima desse valor diário?!.. Eu não gasto (eu não preciso) desse valor todos os dias. Longe, muito longe disso. Raramente levanto esse ou valor superior no multibanco.
Não sei se este facto, de tão repetido por todo o mundo nas últimas semanas, não terá sido mais um argumento para a atitude vingativa dos europeus em relação à Grécia.

13 julho 2015

a caminho...

Está neste preciso momento a ser impresso o segundo volume da série de baptismo (1911-1939) da paróquia de S. Mamede de Travanca - Vinhais, uma iniciativa da Casa da Fonte de Travanca, cujo proprietário nutre um carinho especial pela sua aldeia e tem uma vontade permanente de conhecer o seu passado, enquanto indivíduo e enquanto comunidade. O lançamento acontecerá, em princípio, no dia 17 de Agosto em Travanca, dia da festa do santo da paróquia. Estaremos sempre lá para o que for necessário. Informa-se que o terceiro volume está já a ser trabalhado.

10 julho 2015

constatação geo-estratégica

Na revista LER, edição de Junho 2015, Eduardo Lourenço, a propósito do papel da Europa no mundo e do seu protagonismo actual e num futuro próximo, afirma:
"Assistimos à crise na Ucrânia sem saber o que fazer. A Europa tem um problema, desde que existe: não saber lidar com o Outro, o não-europeu. Aconteceu no tempo de Alexandre, e sobretudo quando surgiu outro fenómeno que conquistou uma dimensão planetária: o islão. Vivemos séculos lado a lado, sem que os víssemos, ou eles nos vissem a nós. O Império Turco foi, para a Europa, uma espécie de União Soviética, desde 1453. Agora toda essa massa emerge, fruto da descolonização, numa espécie de sonambulismo histórico. Mas a Turquia europeizou-se e partes da Europa islamizaram-se, ao ponto de ter surgido esta ideia de que a Turquia pode fazer parte da coisa europeia. E como podemos imaginar a integração do islão, que representou durante séculos a não-Europa, e não sabemos o que fazer com a Rússia? Como pode a Turquia entrar na União Europeia e a pátria de Tolstói e Dostoiévski ficar de fora? A Europa não é o nome, a Europa é a sua própria História.
(...)
Não podem ficar fora de jogo só porque achamos que não são democratas como gostaríamos que fossem. Temos de relacionar-nos com eles, pelo menos com uma parte da sociedade russa. A Rússia teve o seu iluminismo e conheceu períodos de grande fascínio pelo Ocidente. E ao mesmo tempo sempre desconfiou que os padrões do Ocidente não convinham ao seu messianismo intrínseco, à sua religiosidade de tipo mítico". (pág. 36)

01 julho 2015

para LER no Verão...

Então não é que me esqueci que em Junho iria sair um número da LER?!... Imperdoável. Só hoje a fui buscar.