30 junho 2016

pois é, a literatura

Bem escreve Francisco José Viegas na última LER.

26 junho 2016

mediascape: resultados eleitorais

No final desta noite de Domingo, sentado em frente à TV e com o IPAD no colo, assisto com alguma amargura aos resultados das eleições espanholas e às diferentes reacções dos líderes dos partidos. Confesso, tinha alguma espectativa em relação ao resultado da coligação Unidos Podemos, que juntou Podemos e Esquerda Unida. Ainda ontem de manhã tive a oportunidade de ouvir, em Lisboa, uma intervenção de Miguel Urbán, representante dessa coligação, e gostei das suas palavras, da sua energia e dos seus planos. O resultado agora conhecido não pode deixar de ser considerado uma desilusão, principalmente porque PP não só vence, como reforça o número de mandatos.
Entretanto, e ao procurar mais informações sobre estas eleições constato que os canais informativos nacionais estão mais interessados, preocupados e ocupados com o futebol e com as ronaldices. O muito que está a acontecer nos diferentes países europeus e nós enebriados com a bola, com os boleiros e com os intelectualeiros do costume.
Por falar em eleições ou referendos, em jeito de adenda ao texto anterior, como foi interessante verificar e convenientemente registar, que todos aqueles que agora se indignaram com a escolha livre do povo britânico em abandonar a UE, são os mesmos que nos últimos dois anos se fartaram de condenar e apoiar a expulsão da Grécia da mesma União. A hipocrisia desta gente, sem vergonha nas palavras e nos processos de intensão, é gritante e vergonhosa.

23 junho 2016

brexit or not

Hoje decide-se muito do que será a União Europeia e a própria Europa no futuro. Os Ingleses são hoje chamados, em referendo, para decidirem se ficam ou saem da União. Eu espero, porque ainda assim quero acreditar que é possível alterar o desmando europeu actual, que eles permaneçam, mas seja qual for o resultado ao final da noite, para a Europa nada será como até aqui. Aguardemos pelo veredicto soberano do povo de Sua Majestade.
Entretanto, a pergunta que hoje se coloca, já há muito estes senhores colocaram, e bem...

22 junho 2016

J. Rentes de Carvalho e os meus alunos

Não sou professor de literatura, nem de qualquer outra disciplina relacionada. As minhas aulas são, como um destes dias um novo aluno qualificou, mais ou menos filosofia e, por isso, muito aborrecidas. Tratando-se de jovens e, alguns, menos jovens adultos, as matérias leccionadas permitem-me questionar e espicaçar as suas mentes, de uma forma que, tendo em conta as suas expressões faciais e verbais, os seus espantos e as suas incompreensões, muitas vezes a mim próprio me surpreende.
Em Epistemologia, na tal que muitos consideram como um ramo da filosofia, o objectivo é que se perceba o que é a Ciência, o que não é Ciência e ainda o que é a pseudo-ciência, assim como distinguir os diferentes tipos de conhecimento em duas grandes tipologias: senso comum e científico. Pois bem, este último semestre e para grande surpresa minha e sem me recordar a que propósito, dei comigo a tentar passar a mensagem da importância da literatura para o (re)conhecimento das diferentes épocas históricas, para a importância etnográfica das descrições dos lugares e ambientes e para a mais-valia dos diálogos e das suas personagens para a localização temporal e espacial das mesmas. A determinado momento fui interpelado por um aluno que me perguntou por autores portugueses que eu considerava exemplares dessa importância literária. Apresentei alguns autores e destaquei, como poderão adivinhar, o nome de J. Rentes de Carvalho. Nem uma daquelas almas reconheceu este nome. Escrevi-o no quadro e alguns, num esforço de associação, perguntaram-me por títulos da sua obra. Indiquei três ou quatro, dando destaque ao último: "Meças", ao primeiro: "Com os Holandeses" e ao primeiro que li: "Ernestina". Nada.
Passados uns dias, o nome de J. Rentes de Carvalho era presença assídua nas minhas aulas e livros seus circulavam pelas mãos de alguns alunos. Um deles, já no fim do semestre, ao falar comigo em privado, pediu-me para lhe dar conhecimento de visitas deste autor à região do Porto, pois gostaria de assistir a alguma sessão de apresentação ou lançamento de obra sua. Ficou registada a vontade e a promessa de assim acontecer.

uma aldeia francesa


Foi com alguma curiosidade que vi o primeiro episódio, algures em Março, desta série que nos transportou para uma pequena povoação fictícia francesa - Villeneuve, durante a ocupação nazi, entre 1940 e 1945, na segunda guerra mundial. Na verdade, gostei tanto do que vi que fiquei agarrado à trama construída para as diferentes personagens e à ficção histórica que, apesar de ter privilegiado determinados momentos ou períodos históricos, fez uma representação muito interessante do quotidiano dos diferentes intervenientes - boches, colaboracionistas, milícias, comunistas, informadores, resistentes e demais movimentos, assim como da restante população que viveu nesse tempo. Acabei por assistir a todos os 60 episódios, cujo último passou ontem (21 de Junho) no canal 2 da RTP. Excelente série que poderão rever episódio a episódio na RTP Play.

17 junho 2016

mediascape: a europa e a barbárie

Dirão alguns, ou muitos outros, que a barbárie nunca chegou a abandonar a Europa, ou mesmo o mundo inteiro. Dizem inclusive que ela faz parte da condição humana. Não sei quem tem razão, mas consigo perceber que existe um sentimento crescente de tolerância perante as manifestações que vão acontecendo um pouco por todo o lado e, em particular, na Europa.
Hoje, enquanto viajava, ouvi num noticiário da TSF que uma deputada trabalhista britânica, Jo Cox, foi assassinada enquanto participava numa acção de campanha do referendo sobre o famoso "brexit". Incrédulo e tentando perceber todos os pormenores sobre o caso, fui reflectindo sobre a violência visivelmente crescente que temos vindo a experimentar. Mais, reparemos na actualidade do nosso continente e na sequência dos factos, momentos, eventos, catástrofes e crimes que nos assaltam diariamente os sentidos. Se nos conseguirmos afastar emocionalmente e distanciar de todos e cada um dos casos conhecidos, tentando uma perspectiva à posteriori, como que num filme relativo a uma época histórica passada, verificaremos como a Europa, depois de tantas décadas de paz, tranquilidade e algum sossego social, vive a ferro e fogo, num estado de guerra latente, se não mesmo eminente. Hoje foi mais um episódio que um dia fará parte desse filme, mas o triste é sabermos isso mesmo, que foi só mais um episódio e que amanhã será um novo dia. A Europa está ferida, séria e dolorosamente ferida, quiçá, de morte.

14 junho 2016

mediascape: futebol sitiado


Em pleno Europeu de Futebol, disputado em França, e ao qual pouca atenção tenho dispensado, têm-me chamado a atenção os distúrbios diários provocados pelos adeptos dos diferentes países nas várias cidades francesas e os discursos mediáticos, dos especialistas do costume, sobre essa violência associada ao futebol e ao movimento hooliganista.
Como simples espectador, é com incredulidade que tenho visto algumas dessas imagens que nos chegam de França, mas é com maior espanto que ouço os tais especialistas afirmarem com uma certeza absoluta a origem da mesma. Não vos parece estranho haver distúrbios e violência em praticamente todos os jogos, independentemente da cidade anfitriã e dos países envolvidos?! Os adeptos de todas as selecções foram para França para guerrearem os adeptos dos outros países?! Eu não sou especialista, nem sequer percebo nada sobre o fenómeno hooligan, mas não me parece lógico, ou sequer razoável, pensar assim e aceitar tais justificações. Longe de ser adepto de conspirativas teorias, sempre posso dizer que considero que algo de mais sinistro estará na origem deste fenómeno e algum movimento instigador estará interessado e a beneficiar com a confusão gerada.
O Europeu de Futebol é um evento que também contribui para a nossa cultura, para a nossa identidade enquanto Europa, enquanto civilização. Estes actos de desestabilização e de intranquilidade poderão ser um instrumento ao serviço daqueles que querem destruir o edifício europeu, ou ao serviço daqueles que não toleram o nosso modo de vida ocidental. Aguardemos pelos próximos episódios diários.

09 junho 2016

a bem do mundo

Hillary Clinton garantiu, finalmente, a sua nomeação para candidata à presidência dos EUA pelo partido democrata. Fico, acima de tudo, descansado com essa nomeação, pois a alternativa não me dava garantias de conseguir vencer o terrível e mais que provável candidato republicano. Simpatizo com o discurso de Sanders, mas não me parece que a nação, as suas estruturas e diferentes poderes aguentassem um presidente com tais propostas. Fico descansado também porque o mundo não suportaria um presidente estúpido e analfabeto como Donald Trump. A bem de todos nós, Hillary Clinton deverá ser a próxima Presidente dos EUA.

08 junho 2016

Verão na LER no Verão

Foi, na sua essência, um instante urbano, aquilo que me sucedeu hoje, pois fui ao quiosque sem saber que a revista já saíra e, sem reparar, coloco a mão precisamente nela e começo à sua procura pela prateleira fora, sem reparar que estava com ela na mão. Não fora a minha filha avisar, teria regressado sem ela. Face à estranha capa, não admira que não a tenha reconhecido. Mas gosto da capa.

mediascape: territórios surpreendentes


Hoje, dia 7, no Jornal de Notícias, António Covas, professor da Universidade do Algarve e especialista dedicado aos assuntos da ruralidade em Portugal, escreve sobre esse interior rural e as suas variadas territorialidades e potencialidades. Para lermos e reflectirmos sobre esse vasto e rico território.

05 junho 2016

a festa em Serralves

Tal como temos feito nos últimos anos, hoje foi dia de visitar e passear pelos magníficos espaços da casa de Serralves, naquilo que é já um marco na cultura da cidade do Porto e mesmo do país. Serralves em Festa são quatro dias de participação, de liberdade e de democracia na utilização do recinto da Fundação Serralves. Para além de um lugar onde eu muito facilmente me sentiria em casa, a adesão da população a esta iniciativa representa bem o sucesso da festa. Hoje, para além dos habituais passeios pelos diferentes jardins da propriedade, parámos algum tempo no Prado para assistir a duas sessões da actuação da OGBE - orquestra de guitarras e baixos eléctricos (Casa da Música), na qual participa o puto Ramon.
Ainda a propósito da casa e restante propriedade, devo admitir que, sempre que a visito, sem esforço me imagino a ali viver e a considerar que poderia lá viver toda uma vida sem sentir necessidade de sair para o exterior. Devaneios meus.


04 junho 2016

estimadas e quejandas farpelas

Nunca gostei de estragar roupa, muito menos, estragar roupa que gosto de vestir e com a qual me sinto confortável. Para além disto, não sou pessoa de desgastar muito a pouca roupa que vou tendo. É por isso que, com amargura, anuncio que dei cabo de duas estimáveis indumentárias que me acompanharam ao longo da última década. Vesti hoje, pela última vez, duas peças que muito prezava. Parece conversa de tolinho, mas não é. É conversa de quem fez asneira e deu cabo de roupa que muito gostava. Alguém dizia que o algodão não engana, mas eu talvez dissesse que é a lixívia quem nunca engana e sempre, sempre, mas sempre, impõe a sua força e a as suas tonalidades.
Idiota que sou, dou comigo a tentar colocar-me na pele desta roupa que agora irei desprezar e, às tantas, transformar em panos e farrapos para todo o serviço... Quando, hoje bem cedo, se viram arrancadas do armário jamais imaginaram que seria a sua última vez e que estariam a viver os últimos momentos da sua utilitária e, acima de tudo, estética existência. Pronto.