11 fevereiro 2015

baú da memória VII

Nos últimos tempos a minha criança sempre que me vê a beber um copo de vinho, ou uma cerveja ou outra bebida alcoólica qualquer, começa por me perguntar o que estou a beber, para depois da minha resposta me pedir para a cheirar. Não satisfeito, diz-me que vai beber ao faz-de-conta como os grandes. Quando se trata de uma cerveja, para além dos procedimentos referidos, ainda é menino para se agarrar à garrafa e beber os restos que ficam no fundo da garrafa, naquilo que sempre conheci como o acto de escorropichar. Não me perguntem que palavra é esta, nem qual a sua origem. Lembro-me desde miúdo de a utilizar precisamente nos mesmos contextos que o meu filho agora o faz. Como eu gostava de escorropichar as cervejas que o meu pai bebia e deixava, sob pressão minha, um resto cada vez maior para eu, lá está, escorropichar. Estará nos genes e será hereditário?

07 fevereiro 2015

retorno, que se gostava eterno...

Para mais uma temporada, que é como se pode dizer para mais dois semestres, na Escola Superior de Saúde. É sempre bom regressar, mais ainda com desafios novos, com programas para reconstruir e com gente nova para conhecer.

programa

Ser pai duma pré-adolescente é o tempo em que nos vamos habituando à ideia dela vir a ser autonoma e independente, um ser distinto dos pais. Ser pai duma adolescente é o tempo em que deveríamos estar preparados para a sua libertação dessas amarras parentais ou paternalistas e consciencializados das suas capacidades para definir a sua personalidade e criar/gerir as suas amizades. Esforcei-me por tudo isso. Não sei se o consegui. Hoje foi a primeira vez que nitidamente senti que a levei para um programa com amigas e amigos e que fui substituído. Às tantas.

02 fevereiro 2015

paisagem idílica

Últimos dias de Janeiro passados em Bragança. A casa confortável e tranquila, deixava sentir o frio imenso que fazia na rua. A dor permanente nos ossos e a sensação de pés molhados eram outros sintomas desse frio. De dia e de noite as ruas vazias, apenas ocupadas por aqueles que, nesse instante, não conseguiam escapar-lhe e abrigar-se. Sentado e em frente ao computador mal dei pela passagem das horas, dos dias e das noites. De vez em quando, afastando a vista do ecrã, espreitava pela vidraça e surpreendia-me por ver pequenos e leves flocos de neve que caíam lentamente sobre a cidade. Fabulosa imagem. Preso à escrita, não pude verificar se as serranias circundantes estavam cobertas de branco, mas nesses instantes mágicos, imaginei que sim e que eu poderia viver num sítio assim.