27 fevereiro 2011

caros brinquedos

O Jornal Expesso revelou na sua edição de ontem um conjunto de documentos provenientes da WikiLeaks e relativos a Portugal. De todos eles, destacam-se os documentos relativos às nossas forças armadas e ao ministério da defesa. A correspondência entre o antigo embaixador dos EUA em Lisboa e o seu governo revela considerações pouco abonatórias e até mesmo insultuosas acerca dos nossos políticos e das nossas instituições militares. Contudo, importa salientar também o embaraçoso silêncio que tomou conta dos representantes dessas mesmas instituições. Não sei se significa a assunção da situação e o reconhecimento em tais palavras e adjectivações, ou se significa puro desprezo e perfeito alheamento dessas instituições pelo país civil. Em todo o caso, parece-me apropriado dizer que, para lá da actual celeuma, os nossos militares gostam de brincar com brinquedos caros, ainda por cima inúteis. Como bem afirma hoje em editorial o Jornal Público "...o silêncio significa que, mesmo sem ser integralmente rigoroso, o telegrama do embaixador Stephenson passará a ser integralmente verdadeiro".

23 fevereiro 2011

suburbana

Um destes dias, um amigo que pela primeira vez me visitava em casa, pediu-me para conhecer o local onde eu normalmente produzia o meu trabalho, o espaço que me permitia criar e a paisagem que me inspirava. Sem qualquer pudor e sem qualquer reflexão não hesitei em satisfazer-lhe a curiosidade. Depois, algum tempos depois, reflecti sobre esse estranho pedido. Num recurso a clichés quotidianos, seria bonito poder apresentar-lhe um espaço amplo, arejado e estupidamente limpo e arrumado, com abertura para um qualquer pedaço de céu relvado e com o mar ou a serra no horizonte. Mas não. Isso não está ao meu alcance. Apenas e só uma paisagem suburbana, recheada de elementos comuns e anónimos de grande urbe.
Em cima, a paisagem possível... que nunca me inspira, antes me desanima. Mas não me queixo.

22 fevereiro 2011

um dia hei-de lá ir...

Começa amanhã o 12º Encontro de Escritores de Expressão Ibérica na Póvoa de Varzim. Apesar da "crise", o município mantém a feliz iniciativa. Nunca estive presente, mas sei que um dia vou lá...

14 fevereiro 2011

ao espelho

03 fevereiro 2011

querer mas não poder ficar...

No inicio desta semana foi notícia o encerramento simultâneo de oito Serviços de Atendimento Permanente (SAP's) nocturnos na região de Trás-os-Montes. É lamentável. Portugal desistiu de substancial parte do seu território e, principalmente, desistiu dos portugueses que aí vivem - "a porta da rua é a serventia da casa" e as populações desta região, se não sabiam já, sabem que podem e devem procurar novos lugares para fazerem suas vidas. É triste que os critérios que justificam esta atitude do Ministério da Saúde sejam a lógica da racionalização dos recursos e meios e a lógica dos raciocínios económicos e financeiros, quando o que deveria acontecer era uma permanente e evidente preocupação com a qualidade e proximidade dos equipamentos e serviços de saúde junto de cada um e de todos os cidadãos de Portugal. Se o governo e o Estado querem rentabilidade que a procurem nos impostos que todos, repito, todos os cidadãos e também os transmontanos equitativamente pagam.
O cenário é desolador e cada vez mais deprimente. Mais deprimente fica quando se percebe a apatia, a indiferença e o silêncio da generalidade dos autarcas da região que de forma alguma se insurgiram perante esta atitude que ostensivamente prejudica as populações desta região. Muito mais deprimente fica quando se percebe que alguns desses mesmos autarcas, eleitos pelas populações, proferem declarações justificativas e desculpabilizadoras, tentanto argumentar acerca da sua (não)posição ou regateando com a tutela medidas compensatórias tais como ambulâncias, macas, lencóis, pensos e adesivos. Ridículo.

"que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar"

01 fevereiro 2011

já estou a Ler

solilóquio

[sms]
Pequenos nadas que me invadem o espírito e te trazem para bem perto e obrigam tua permanente presença. Sinto-te em cada nada e em todos os nadas. Isso faz-me bem.