16 junho 2018

reset to USA democracy


Depois de ter visualizado, no youtube, o lançamento/debate deste livro, na feira do livro de Lisboa, em que participaram Daniel Oliveira e Pacheco Pereira, foi com bastante curiosidade que li, nas últimas horas, este pequeno livro, editado em Portugal pela Tinta da China.
Trata-se de um ensaio de um pensador político de esquerda, assumidamente de esquerda, que, através de uma escrita acessível ao comum dos leitores, faz uma crítica acérrima e assertiva (ainda que num ou noutro ponto discutível) à esquerda americana, ou seja, aos liberais e aos democratas. Segundo este autor, a esquerda americana, ao longo das últimas décadas, desde a presidência de Ronald Reagan, concentrou todas as suas energias na adesão ao liberalismo identitário e na defesa de políticas identitárias, entregando-se sem resistência à política dos movimentos sociais assentes na identidade, perdendo qualquer noção daquilo que os cidadãos partilham e daquilo que une a nação. Consequência disto, não são capazes de reflectir sobre o bem comum, não conseguem perspectivar uma ideia de futuro partilhado e, acima de tudo, promovem um narcisismo económico, uma guetização, ou um sectarismo, ou ainda, uma balcanização das minorias entre si, levando ao alheamento e indiferença do seu eleitorado habitual(?).
Ao mesmo tempo, Mark Lilla, entende que a eleição de Donald Trump e a sua presidência propiciaram o momento ideal para a esquerda começar de novo ("reset"): reconstruir a identidade em torno do que une o povo, encorajando o sentido de dever mútuo e inspirando todos na nação e no resto do mundo.

Os movimentos que remodelaram o nosso país ao longo dos últimos 50 anos tiveram um impacto muito positivo, especialmente na forma como mudaram, como se costuma dizer, corações e mentes. O que talvez seja a coisa mais importante que qualquer movimento concretiza, (...) mas durante um período de tempo considerável os movimentos não são capazes só por si de atingir fins políticos concretos. Precisam de políticos e funcionários públicos integrados no sistema, solidários com as metas do movimento, mas dispostos a empenhar-se no trabalho lento e paciente de fazer campanha eleitoral, conceber e negociar a aprovação de legislação, e controlar a burocracia que assegura a sua aplicação. (página 88)

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