10 agosto 2020

a Berlenga





Sugerido pela minha filha, no primeiro dia de Agosto viajámos até Peniche com a intenção de visitar as famosas ilhas das Berlengas. Não conseguindo escapar às lógicas e dinâmicas do turismo local, a única forma de aceder a esse território insular é a bordo numa das embarcações dedicadas a transportar turistas entre a marina de Peniche e a ilha maior - a Berlenga Grande. Depois de quase uma hora de viagem lá chegámos e desembarcámos no chamado aldeamento dos pescadores. Passeamos pelos trilhos da ilha e visitámos o forte de S. João Baptista. Regressámos para perto do porto à espera da hora de regresso ao continente. Nesse entretanto, escrevi:

Estou sentado numa pequena e única esplanada, sobranceira ao porto, no aldeamento dos pescadores. A Andreia e os miúdos foram até uma pequena enseada, encaixada entre as arribas, pois eles queriam meter-se na água, aqui limpa e transparente. Estou sentado de frente para uma íngreme arriba, no cimo da qual vejo o topo vermelho da estrutura metálica do farol da ilha. Pelas conversas que ouço à minha volta, estes negócios de transporte e acomodação de turistas são explorados por pequenas empresas familiares e todos se conhecem. O aldeamento, pelo que percebo, serve apenas de abrigo e suporte às actividades existentes - mergulho, vigilância e conservação da natureza, turismo, etc. Existe um restaurante, mas este ano está fechado e em remodelação. Neste pequeno bar, servem apenas sandes, saladas, pastelaria, gelados e, claro, bebidas. Como é já hora de almoço, chegam-me odores variados de carnes e, principalmente, peixes grelhados.

É um território inóspito e árido, sem qualquer condição para a existência ou permanência de vida humana. É uma reserva natural, santuário para aves marinhas, de beleza agreste e selvagem. Enquanto vou bebendo cerveja, imagino o que seria este lugar sem o movimento turístico e como gostaria de aqui vir passar uma temporada de isolamento ou retiro. Isto dito depois de uma fase de confinamento parece parvo, mas esta ideia de ilhéu, obrigatoriamente isolado, fascina-me. Por fim, e sem excluir algum sentimento de inveja, avisto ao largo, vários iates, veleiros e lanchas ancoradas, que estarão abrigados pelas arribas da ilha, num intervalo das suas possíveis longas viagens.

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