22 outubro 2007

O que nos sobrevive?

Sem grandes preocupações mas embalado pela grandiosidade do som da Antena 2, medito sobre esta questão existencial, que os humanos transportam e que perdura no tempo, de geração em geração, como uma verdade absoluta e universal.
Falo, num primeiro momento, da morte, esse derradeiro momento que todos e todas, os vivos, podem encarar como certo. Mais tarde ou mais cedo, através de diferentes processos, mais ou menos dolorosos e penosos, acontece a todos e a cada um. Independentemente da percepção e da atitude perante esse abrupto momento único e intransmissível, pessoalmente, não me assusta ou inquieta a alma. Custa-me antecipar ou antever o sofrimento inerente a tantos e tantos momentos que precedem a morte. O resto, em consciência, não importa... para onde vamos, como vamos, porque vamos?... serão sempre questões menores.
A esta distância, que nunca sabemos se curta ou longa, pergunto-me sobre o que restará de nós!?... Bem sabendo que o mundo e a vida prosseguirão naturalmente o seu percurso e o tempo não parará, tenho para mim que, por muito que vivámos, a nossa existência será sempre pequena e insignificante relativamente ao que há-de vir.
É neste tipo de raciocínio que parto para a segunda parte, motivação deste texto. A questão é aterradoramente simples e, muito provavemente, cada humano, um dia, a colocou... o que irá sobreviver de nós, à nossa morte? Se a pergunta é simples, a resposta de simples nada tem, até porque nunca ninguém o pode afirmar ou confirmar.
O Homem religioso responderia, sem qualquer dúvida, que a mente sobrevive num outro plano e num outro estado. O Homem místico garantíria que haveria algo mais, não precisando, afirmaria outras experiências. O Homem da ciência, tipicamente agnóstico e racional, provaria que tudo não passa de matéria, logo e consequentemente, tudo se transforma em algo.
Para mim, e num esforço eclético, aceito e respeito todas as hipóteses ou possibilidades. No entanto, prefiro a célebre e sábia frase que diz que a missão de cada indivíduo estará completa quando a sua obra contempla: um filho, uma árvore e um livro. Contudo, parece-me que este raciocínio é húmilde e pouco ambicioso, assumindo uma atitude economicista. Acredito que podemos e devemos produzir mais... muito mais somos capazes de atingir e, isso sim, concerteza, perdurará ao nosso tempo.

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