29 agosto 2008

relato de eloquente manjar

... ou como o meu amigo João "Adeartes" costuma escrever... do sublime...
Porque gostei mesmo muito, porque me surpreendeu os sensores, porque me excitou o palato e porque me senti bem, apresento-vos o restaurante Flor de Sal em Mirandela. Um espaço que se auto-apresenta e define como dedicado ao vagar dos sabores. Repito, vagar dos sabores... é que é mesmo isso. Muitos sabores mas com vagar.
Aconteceu ontem, dia 28 de Agosto e quase por acaso. A caminho dos altos e baixos do Douro vinhateiro, resolvemos parar em Mirandela para jantarmos. Entramos na acolhedora recepção e logo percebemos que seria cedo. Sala de jantar vazia, empregados atarefados em ultimar todo o cenário. O gerente quando nos percebe, dirige-se a nós e, pedindo desculpas pelo atraso da abertura da sala, logo vai perguntando se fizemos reserva de mesa (!?), depois, convida-nos para uma bebida de aperitivo no bar, situado num espaço inferior, junto à esplanada, esta encostada ao rio Tua. Era final de tarde e a chuva teimosa e abundantemente batia nas enormes paredes e portas de vidro, acompanhada por uma vistosa e ruidosa trovoada. Para além do permanente pânico do membro mais novo face a tal envolvência, conseguimos beber um refrescante gin tónico, não sem antes sermos convidados a, assim que quisessemos, subir para a sala de jantar. O que fizemos cerca das 19:45. Apenas duas ou três mesas ocupadas, num ambiente à média luz. Fomos acompanhados até à nossa mesa. Bem perto, a um canto, um piano de meia cauda e num canto do edifício mas visível e acessível directamente da sala de jantar, um espaço para os eventuais viciados intervalos. Presença obrigatória em todas as mesas é uma garrafa de azeite regional, devidamente certificado, que poderá a qualquer momento ser necessária. Entretanto, a sala vai enchendo e sob uma atenção permanente do responsável esgota. Depois de alguma liberdade temporal para escolhermos o que iríamos comer, o gerente vem à nossa mesa para fazermos o pedido. Depois de alguma hesitação, pedimos como entrada uns camarões à óleo e alho e como prato, uma posta de vitela com torrada frita em azeite e alho, acompanhada com duas batatas a murro e dois pés de espargos. Combinação superior. Para a criança, massa à bolonhesa... Tudo isto, acompanhado por uma garrafa de maduro tinto Cistus Reserva 2003 (nada mau). No final, surpresa das surpresas (até porque normalmente o final, para mim, é aqui...) pedimos sobremesas e logo fomos aconselhados a escolher um Soufflé (não sei como se escreve) de Chocolate amargo com gelado de limão. Bem... estivemos mais de meia hora à espera, mas... divinal e, ainda por cima, o Soufflé acabadinho de fazer. Aliás, segundo nos foi dito por um dos empregados de mesa, todas as sobremesas, exceptuando os gelados, são confeccionados na hora e consoante pedido. O último momento desta única experiência (e vão já perceber o adjectivo) foi quando chegou à mesa uma agradável caixinha de madeira com o valor a pagar. Por pudor, recuso-me a dizer quanto pagámos, mas apesar disso, quero aqui e agora afirmar que, sem qualquer dúvida, este é o espaço ideal para qualquer tipo de investimento - pessoal, profissional ou outro. Eu não hesitaria um segundo em lá ir... impressiona mesmo. Foram duas horas e meia de pura fantasia e magia (e não, não estou a exagerar...).
Saímos do restaurante já passava das 22:20, ainda restavam mais de 100 kms para viajar e a vontade era nenhuma, mas lá fomos devagar.

1 comentário:

João Cristiano R. Cunha disse...

Pela "sublime" descrição (de sabor e bom gosto), confesso desejar conhecer e saborear...